Zé
Pereira é uma forma de
diversão carnavalesca caracterizada por um ou vários foliões tocando bumbos e
desfilando em parada.
No Brasil
A
constatação da existência de uma diversão carnavalesca conhecida como Zé
Pereira em Portugal do século XIX parece apontar para a forte influência lusitana
no surgimento da brincadeira no carnaval carioca. Há uma errônea, mas
infelizmente consagrada versão, que atribui a "invenção" do
Zé-Pereira a um português de nome José Nogueira de Azevedo Paredes, comerciante
estabelecido no Rio de Janeiro em meados do século
XIX. Divulgada na maioria dos livros sobre carnaval, essa versão
acabou ocultando toda uma série de influências que contribuíram para o
surgimento dessa curiosa categoria carnavalesca. As raras referências sobre a
tema na literatura carnavalesca são bastante desencontradas. Estas apontam o
"surgimento" do Zé Pereira em 1846 (Moraes, 1987), em 1852 (Edmundo,
1987) ou em 1846, 1848 e 1850 (Araújo, 2000).
A
principal razão dessa discrepância é o fato de que a categoria "Zé
Pereira" só se fixaria anos mais tarde. Na segunda metade do século XIX, o
termo era usado para qualquer tipo de bagunça carnavalesca acompanhada de
zabumbas e tambores, semelhantes ao que chamaríamos hoje de bloco
de sujo. Ferreira (2005) e Cunha (2002) abordaram o tema com
profundidade destacando a multiplicidade de forma e conceitos que podiam
envolver as diversas brincadeiras chamadas genericamente de Zé Pereira.
Um
momento importante na fixação da brincadeira no imaginário da folia carioca
seria a encenação, em 1869,
de uma burleta carnavalesca intitulada O Zé Pereira carnavalesco. O
sucesso da apresentação — uma espécie de adaptação livre da peça Les
pompiers de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre) — deveu-se,
principalmente, à versão para o português da música-tema francesa que se
transformaria num verdadeiro hino carnavalesco, sendo tocado até hoje:
E viva o Zé Pereira.
Pois a ninguém faz mal
E viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval
A
partir daí o conceito da brincadeira do Zé Pereira iria adquirir feições
tipicamente brasileiras (e cariocas) associando-se à alegria característica das
ruas da folia no Rio de Janeiro. O passo
seguinte seria a "oficialização" do Zé Pereira através do
estabelecimento de sua genealogia e de sua morfologia
resumidas na obra de Moraes (1987).
Uma
curiosidade: na cidade de Ouro Preto, no estado de Minas
Gerais, no período do Carnaval, pode-se assistir, ainda hoje, ao
desfile de Zé-Pereiras, em forma muito semelhente à tradição portuguesa.
TERESINA - O maior corso do mundo
O
tradicional Corso do Zé Pereira
reune uma gigantesca carreata pré carnavalesca na cidade de Teresina
(Piauí)
com carros enfeitados e foliões fantasiados e que cresce a cada ano, atraindo
gente de vários estados do Brasil. É a maior manifestação popular da capital
piauiense e o maior corso do mundo - título oficializado em fevereiro de 2012
pelo Guinness
Book.
Com o
título de 2012 e a grande fama, em 2013, o Corso
de Teresina praticamente dobrou, contando com quase 900 carros e
caminhões decorados e mais de 300.000 foliões de vários estados do Brasil e de
outros países.
A
cidade de Teresina
inteira se mobilizou com o evento do corso em 2013, o que rendeu um novo
título, o de maior evento já realizado no estado do Piauí
e se consolidando como o maior corso do planeta. Há quem diga que a prévia
carnavalesca de Teresina
nos próximos anos, chegue a superar o próprio carnaval nas cidades de Recife e
Salvador.
Em Portugal
Os
grupos chamados "Zés-Pereiras" são característicos das festas e
romarias do Norte de Portugal com maior incidência para o Entre Douro e Minho.
Estes grupos desfilam pelas ruas tocando instrumentos de percussão - caixas de
rufo, timbalões e bombos; assim como aerofones melódicos: pífaros e gaitas-de-fole,
por vezes, acompanhandos de gigantones e cabeçudos.
Recentemente a concertina, instrumento de
grande expressão no Minho, tem sido introduzida nestes conjuntos.
Referências
- ARAÚJO, Hiram. Carnaval: seis milênios de história. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.
- CUNHA, Maria Clementina Pereira (org.). Carnavais e outras f(r)estas. Campinas: Editora Unicamp, 2002.
- EDMUNDO, Luiz. O Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro:Xenon, 1987.
- FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
- MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.
FONTE: WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE
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