sábado, 9 de fevereiro de 2013

Frevo: dança e cultura pernambucana



  
 
Dança típica do Pernambuco

Com origens no final do século XIX, o frevo é uma manifestação da cultura corporal tipicamente pernambucana. Não é novidade afirmar que o termo frevo se deve a uma alteração popular da palavra ferver. Segundo informações disponíveis no site do “Galo da Madrugada”, um dos blocos mais tradicionais de carnaval do Recife, como o ritmo era bastante acelerado, “com o passar dos anos, o termo usado pelas pessoas para o ritmo era ‘frervendo’ e assim ficou conhecido como frevo”.

Segundo Edson Carneiro, citado no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, é necessária a distinção entre a música do frevo e a dança do frevo. Ainda que muitos reconheçam a música frevo como folclore, os musicólogos a classificam como uma particularidade da Música Popular Brasileira. No entanto, essa discussão acerca da música é da alçada da Educação Artística. É a cultura corporal, o interesse da Educação Física e, por isso, é especificamente a dança que será abordada nesse texto.

Inicialmente, o termo frevo designava uma folia de rua marcada pela música intensa. Relatos de jornais da época, anteriores ao acontecimento anual, são indicativos para mostrar que essa festa realmente ganhava as ruas da cidade de Recife. Para conter o “frervor” dos foliões, os organizadores passaram a contratar grupos de capoeira que se apresentavam à frente dos blocos, com o intuito de controlar os comportamentos violentos que por vezes surgiam. Além disso, o uso do guarda-chuva – ou sombrinha, dependendo da região – na dança também tem a mesma origem: os grupos de capoeira usavam também esse artefato para controlar a população.

Se observarmos de perto, hoje, os movimentos corporais do frevo, podemos identificar claramente a influência da capoeira na sua composição, especialmente movimentos baixos, que requerem máximas flexões dos joelhos. Atualmente há, em média, 120 passos catalogados para o frevo. Em geral, os passos mais complexos, que incluem habilidades acrobáticas, são realizados apenas por passistas dos blocos, a grande massa de foliões mantém a sua diversão com passos mais simples e populares.

Alguns blocos são tão importantes que ajudam a perpetuar o frevo como patrimônio cultural do Recife, como é o caso do já citado “Galo da Madrugada”, do Recife, e o “Clube de Vassourinhas”, de Olinda. Por isso, vale a pena comentar um pouco sobre eles.

O Clube de Vassourinhas é um elemento simbólico do frevo pernambucano. Desfila há mais de cem anos nas ruas da cidade de Olinda e ganhou lugar na história, dentre outras coisas, pela música-símbolo do frevo: Vassourinhas, composta por Matias da Rocha e Joana Batista em 1907. Tamanha é a popularidade dessa música, que até foi adaptada para um jingle político da candidatura de Jânio Quadros à presidência da República.

O Galo da Madrugada surgiu em 1978 com o único propósito de resgatar o frevo de rua. Sai todos os anos no sábado de carnaval e, em 1984, entrou para o Guiness como o maior bloco de rua do mundo. Seu hino é sempre cantado com muita alegria pela cidade do Recife durante o carnaval, composto por José Mário Chaves, já foi até gravado pelo cantor Alceu Valença:

“Ei pessoal, vem moçada
Carnaval começa no Galo da Madrugada (BIS)
A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios de cristal
E o Galo da madrugada, já está na rua, saldando o Carnaval
Ei pessoal...
As donzelas estão dormindo
As cores recebendo o orvalho matinal
E o Galo da Madrugada
Já está na rua, saldando o Carnaval
Ei pessoal...
O Galo também é de briga, as esporas afiadas
E a crista é coral
E o Galo da Madrugada, já está na rua
Saldando o Carnaval
Ei pessoal...”

Para saber mais:

Galo da madrugada – www.galodamadrugada.org.br
Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira – www.dicionariompb.com.br
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP





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