Nossa Senhora da Conceição Aparecida
História
Aparição
Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo
da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da
Companhia de Jesus, em
Roma:
a história registrada pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João
de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se encontram no Primeiro
Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.
O povo de Guaratinguetá decidiu fazer uma festa em homenagem à
presença de Dom Pedro de Almeida e, apesar de não ser temporada de
pesca, os pescadores lançaram seus barcos no
Rio Paraíba com a intenção de oferecerem peixes ao conde. Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria e pediram a ajuda de Deus. Após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam a desistir da pescaria quando João Alves jogou sua rede novamente, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço. Após terem recuperado as duas partes da imagem, a figura da Virgem
Aparecida teria ficado tão pesada que eles não conseguiam mais movê-la. A partir daquele momento, os três pescadores apanharam tantos peixes
que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que o volume da pesca
ameaçava afundar as embarcações. Este foi o primeiro milagre atribuído à imagem.
Início da devoção
Durante os quinze anos seguintes a imagem permaneceu na residência de
Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para
orar.
A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da santa. A fama de seus supostos poderes foi se espalhando por todas as regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas
orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas
sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores
os que vinham rezar, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A
família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo tornou-se
pequeno para abrigar tantos fiéis.
Assim, por volta de
1734, o vigário de Guaratinguetá construiu uma
capela no alto do morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em
26 de julho de
1745. A capela foi erguida com a ajuda do filho de Filipe Pedroso, que não
aprovava o local escolhido, pois considerava mais cômodo para os fiéis
uma região próxima ao povoado.
Há relatos não confirmados de que no dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então
Príncipe Regente do Brasil,
Dom Pedro I e sua comitiva, visitaram a capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Coroa de ouro e o manto azul
Chegada dos missionários redentoristas
Coroação da imagem
A
8 de setembro de
1904, a imagem foi coroada com a riquíssima coroa doada pela
Princesa Isabel
e portando o manto anil, bordado em ouro e pedrarias, símbolos de sua
realeza e patrono. A celebração solene foi dirigida por D. José Camargo
Barros, com a presença do
núncio apostólico, muitos bispos, o presidente da República
Rodrigues Alves
e numeroso povo. Depois da coroação o Santo Padre concedeu ao santuário
de Aparecida mais outros favores: ofício e missa própria de Nossa
Senhora Aparecida, e
indulgências para os romeiros que vêm em peregrinação ao Santuário.
Instalação da basílica
Emancipação político-administrativa
Em
17 de dezembro de
1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros, emancipou-se politicamente de
Guaratinguetá e se tornou um município, vindo a se chamar
Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora, cuja devoção fora responsável pela criação da cidade.
A rainha e padroeira do Brasil
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi proclamada Rainha do Brasil
e sua Padroeira Principal em 16 de julho de 1930, por decreto do
papa Pio XI. A imagem já havia sido coroada anteriormente, em nome do
papa Pio X, por decreto da Santa Sé, em 1904.
Pela Lei nº 6.802 de 30 de junho de 1.980, foi decretado oficialmente
feriado no dia 12 de outubro, dedicando este dia a devoção. Também
nesta Lei, a República Federativa do Brasil reconhece oficialmente Nossa
Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.
Rosa de Ouro
Em
1967, ao completar-se 250 anos da devoção, o
Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a “
Rosa de Ouro”, gesto repetido pelo
Papa Bento XVI que ofereceu outra Rosa, em
2007, em decorrência da sua Viagem Apostólica ao país nesse mesmo ano, reconhecendo a importância da santa devoção.
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Basílica de Nossa Senhora Aparecida
Houve necessidade de um local maior para os romeiros, e em 1955 teve início a construção da Basílica Nova.
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O arquiteto Benedito Calixto a qual idealizou um edifício em forma de
cruz grega, com 173m de comprimento por 168m de largura; as naves com
40m e a cúpula com 70m de altura.
10
Centenário da coroação
No mês de maio de
2004
o papa João Paulo II concedeu indulgências aos devotos de Nossa Senhora
Aparecida, por ocasião das comemorações do centenário da coroação da
imagem e proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil. Após um
concurso nacional, devotos e autoridades eclesiais elegeram a Coroa do
Centenário, que marcaria as festividades do jubileu de coroação
realizado naquele ano.
Descrição da imagem
A imagem, tal como se encontra no interior da Basílica.
A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717 mede quarenta
centímetros de
altura e é de
terracota, ou seja,
argila que após modelada é cozida num forno apropriado. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a
analisaram ,acredita-se que originalmente apresentaria uma
policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que comprove tal suspeita. A
argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de
Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando recolhida pelos pescadores, estava sem a policromia original,
devido ao longo período em que esteve submersa nas águas do
rio. A cor de
canela que apresenta hoje deve-se à exposição secular à
fuligem produzida pelas chamas das velas,
lamparinas e
candeeiros, acesas por seus devotos.
Através de estudos comparativos, a autoria da imagem foi atribuída ao frei
Agostinho de Jesus, um monge de São Paulo conhecido por sua habilidade artística na confecção de imagens sacras. Tais características incluem a forma sorridente dos lábios, queixo
encravado, flores em relevo no cabelo, broche de três pérolas na testa e
porte empinado para trás. O motivo pelo qual a imagem se encontrava no fundo do rio Paraíba é
que, durante o período colonial, as imagens sacras de terracota eram
jogadas em rios ou enterradas quando quebradas.
Em
1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, a imagem foi encaminhada a
Pietro Maria Bardi, à época diretor do
Museu de Arte de São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com João Marinho, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica
Maria Helena Chartuni.
Primeiros milagres
Em 1748, o padre Francisco da Silveira, estava em missa realizada
onde hoje é o município de Aparecida, quando escreveu uma crônica onde
menciona a imagem de Nossa Senhora como "famosa por muitos milagres
realizados". Na mesma crônica descreve que os peregrinos se locomoviam
grandes distâncias para agradecer as graças alcançadas.
Milagre das velas
Estando a
noite serena, repentinamente as duas
velas
que iluminavam a Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e
Silvana da Rocha, querendo acendê-las novamente, nem conseguiu, pois
elas acenderam por si mesmas.
Este
milagre de Nossa Senhora, ocorrido mais provavelmente em 1733.
Caem as correntes
Em meados de
1850, um
escravo
chamado Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pela igreja
onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, pede ao feitor
permissão para rezar. Recebendo autorização, o escravo se ajoelha diante
de Nossa Senhora Aparecida e reza fervorosamente. Durante a oração as
correntes milagrosamente soltam-se de seus pulsos, deixando Zacarias
livre.
Cavaleiro e a marca da ferradura
Um cavaleiro de
Cuiabá,
passando por Aparecida, ao se dirigir para Minas Gerais, viu a fé dos
romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquela fé era uma bobagem.
Quis provar o que dizia, entrando a
cavalo na
igreja.
Logo na escadaria, a pata de seu cavalo se prendeu na pedra da escada
da igreja (Basílica Velha), vindo a derrubar o cavaleiro de seu cavalo,
após o fato, a marca da ferradura ficou cravada da pedra. O cavaleiro
arrependido, pediu perdão e se tornou devoto.
A menina cega
Mãe e filha caminhavam às margens do Rio Paraíba do Sul (onde
aconteceu a descoberta de Nossa Senhora Aparecida), quando
surpreendentemente a filha, cega de nascença, comenta surpresa com a
mãe: "Mãe como é linda esta igreja". Daquele momento em diante a menina
passa a enxergar.
O menino no rio
O pai e o filho foram pescar. Durante a pescaria, a correnteza estava
muito forte e por um descuido o menino caiu no rio. O menino não sabia
nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e o pai desesperado
pediu a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. De repente o
corpo do menino parou de ser arrastado, enquanto a forte correnteza
continuava, e o pai salvou o menino.
O homem e a onça
Um homem estava voltando para sua casa, quando de repente ele se deparou com uma
onça.
Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacar, então o homem
pediu desesperado a Nossa Senhora Aparecida por sua vida, e a onça foi
embora.
Coroa comemorativa
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, Brasil.
Para celebrar o centenário da Coroação da Imagem da Padroeira do
Brasil, a Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Noroeste Paulista -
AJORESP, com apoio técnico do
Sebrae (São Paulo), promoveu um Concurso Nacional de Design, visando selecionar uma nova Coroa comemorativa do evento.
O Júri Institucional do evento selecionou, por consenso, o projeto da
designer Lena Garrido, em parceria com a designer Débora Camisasca, de
Belo Horizonte (
Minas Gerais). A nova peça foi confeccionada em
ouro e pedras preciosas especialmente para a solenidade do Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida, no dia
8 de setembro de
2004.
Controvérsias
Sérgio von Helde chutando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
A imagem já foi, mais de uma vez, fonte de confrontos religiosos
entre católicos e protestantes. Em 16 de maio de 1978, um evangélico
retirou-a de seu altar na Basílica após a última missa do dia.
Ele foi perseguido pelos guardas e por alguns fiéis e, ao ser apanhado, deixou a imagem cair no chão.
Por ser feita de terracota e ter ficado submersa no rio Paraíba por
muito tempo, sua reconstrução foi difícil, mas um grupo de artistas do
MASP conseguiu colar os pedaços da imagem.
No feriado de Nossa Senhora Aparecida de 1995, ocorreu o incidente conhecido como "
chute na santa". O ex-bispo
televangelista Sérgio von Helde, da
Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), chutou uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida num programa religioso transmitido de madrugada pela
Rede Record, emissora de propriedade da IURD.
Na noite seguinte, o
Jornal Nacional da
Rede Globo denunciou o incidente, causando comoção nacional. O evento foi visto por fiéis católicos como um ato de
intolerância religiosa. Vários templos da IURD foram atacados e von Helde acabou sendo transferido para a África do Sul.
Em 25 de abril de 2012, o evangélico Rafael de Araújo Teixeira deu
duas marretadas na réplica da imagem localizada numa via pública de
Águas Lindas de Goiás.
Um grupo de aproximadamente cem pessoas impediu que ele desse mais marretadas na imagem; algumas delas tentaram linchá-lo e a
Polícia Militar foi enviada ao local.
O rapaz pode responder pelo crime de destruição de patrimônio público,
uma vez que a imagem foi construída com recursos da prefeitura
municipal.
Referências na cultura popular
Referências
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FONTE: WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE