Com críticas ao
"Brasil monstruoso", escola falou de corrupção e intolerância e levou
seu 14º título.
Beija-Flor de Nilópolis é a grande campeã do carnaval 2018 do Rio de
Janeiro.
O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que
aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), diretamente da Marquês de Sapucaí.
A escola fez um
paralelo entre o romance "Frankenstein” e as mazelas
sociais brasileiras. Corrupção, desigualdade, violência e
intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva formaram o cenário
de "Brasil monstruoso".
Comandado por Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo “Monstro é aquele que não
sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os pariu)” foi cantado em coro
pelo público da Sapucaí, que ao final do desfile ocupou a avenida, seguindo a
escola.
“A Sapucaí foi
ovacionada pela alegria e emoção. A Beija-Flor fez as pessoas cantarem o samba
pelo pedido de socorro. As imagens foram muito fortes, aquele teatro todo
retratando o que o nosso país está passando. Foi um grito de socorro dentro de
um samba-enredo“, disse Raíssa, madrinha de bateria da escola, ao G1.
O desfile foi todo de metáforas de terror sobre o Brasil. A escola
levou para a avenida a "ala dos roedores dos cofres públicos" e a dos
"lobos em pele de cordeiro", em referência aos políticos. A corrupção
na Petrobras foi lembrada em fantasias com barris de petróleo na cabeça e em um
carro que retratava o edifício sede da empresa, atrás de um grande rato.
Violência,
poluição, impostos excessivos, sistema de saúde ruim e crianças carentes também
lembraram o "terror brasileiro".
As cantoras Pabllo
Vittar e Jojo Todynho foram destaques do carro "O abandono",
representando a luta contra a intolerância de gênero e a intolerância racial,
respectivamente.
Esta não foi a primeira vez que a Beija-Flor apostou em um samba
crítico. Em 1989, a escola levou para a Sapucaí um enredo sobre o lixo, com um
"Cristo Mendigo" que saía de dentro de uma favela.
Após uma decisão
judicial que proibiu sua exibição, o Cristo foi coberto por um saco preto e
levou uma faixa com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós”. O desfile,
histórico, rendeu à escola de Nilópolis o vice-campeonato daquele ano.
Desfile das campeãs
Voltarão
com a Beija-Flor ao sambódromo para o desfile das campeãs, no próximo sábado
(17), as escolas Paraíso de Tuiuti, Salgueiro, Portela, Mangueira e Mocidade
Independente de Padre Miguel.
Assim como a escola
de Nilópolis, que levou sua crítica social para a avenida, a Paraíso de
Tuiuti, que ficou com o segundo lugar, contou a história da
escravidão no Brasil e condenou a reforma trabalhista aprovada recentemente. O
destaque da Tuiuti ficou no último carro da escola, que levou um vampiro com
uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.
A Mangueira não
ficou atrás no quesito protesto, com um samba-enredo que ironizou a decisão da
Prefeitura do Rio de cortar os recursos destinados às escolas de samba. Um dos
carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO