terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Insetos limpam antenas para manter sentidos afiados, diz estudo



Do Globo Natureza, em São Paulo

 a barata comum, da espécie 'Periplaneta americana', é estudada por pesquisadores da UFRJ (Foto: Divulgação/Palomar Community College)
Barata americana limpa as antenas colocando-as
na boca (Foto:Divulgação/Palomar Community College)

Os insetos gastam um bom tempo do dia limpando suas antenas para manter aguçados os seus sentidos, revela estudo publicado nesta semana pela revista da Academia Americana de Ciências, a "PNAS". A pesquisa revela que essa prática remove dois tipos de sujeiras: os poluentes presentes no ambiente e as substâncias químicas produzidas pelos próprios insetos.

A limpeza faz com que eles mantenham os sentidos olfativos (responsáveis por captar cheiros) agudos. O olfato é responsável por uma série de funções na vida do inseto, incluindo a procura por alimentos, a identificação de uma situação de perigo e até mesmo o ajuda a encontrar um parceiro adequado para a reprodução.

“A evidência é forte: a higiene é necessária manter estas substâncias estranhas e ‘nativas’ em um determinado nível. Deixar as antenas sujas acaba cegando o inseto para o seu ambiente”, diz Coby Schal, principal autor do estudo.

A descoberta também sugere uma explicação sobre os motivos que tornam certos tipos de inseticidas mais eficazes do que os demais.

 Insetos limpam antenas para manter sentidos aguçados, diz estudo (Foto: NC State University)
Imagem microscópica mostra antenas de baratas
limpas e sujas (Foto: NC State University)

Experimentos

Os cientistas criaram um conjunto de experiências para descobrir que tipo materiais os insetos estavam removendo de suas antenas, de onde essas substâncias vinham e as diferenças entre a forma como as hastes limpas e sujas funcionavam.

Para isso os pesquisadores compararam baratas americanas com antenas asseadas e com sujeira, ao impedirem propositalmente que alguns desses insetos realizassem a limpeza desse órgão. As baratas limpam suas antenas utilizando as patas dianteiras para colocar as antenas dentro de suas bocas para, em seguida, limparem metodicamente cada segmento da base à ponta.  Para impedi-las, basta impedir que ela utilizem a boca.

O resultado mostrou que a prática de assear as hastes desobstrui os poros microscópicos que funcionam como canais ligando os estímulos externos aos receptores sensoriais do olfato.

Além disso, os cientistas identificaram nas antenas sujas a acumulação de uma grande quantidade de hidrocarbonetos cuticulares, substâncias secretadas pelas próprias baratas para se proteger da perda de água.

 “É algo intuitivo que os insetos removam partículas estranhas de suas antenas, mas não é necessariamente intuitiva a prática de remover as próprias substâncias que eles produzem”, afirma Schal.

Os pesquisadores descobriram ainda que os insetos com antenas limpas captavam muito mais prontamente o cheiro de um feromônio sexual, bem como outros odores.

Em seguida, formigas, moscas e baratas alemãs foram submetidas aos mesmos testes. Embora a maneira como eles limpem suas antenas seja diferente da barata – as moscas e formigas esfregam as pernas sobre as antenas para remover partículas - os testes mostraram que esses insetos também acumularam mais hidrocarbonetos cuticulares quando impedidos de limpar as antenas.

Inseticidas

A descoberta pode ter implicações para o controle de pragas, acredita o autor. Um exemplo seria aplicar sobre as baratas uma névoa de inseticida com poeira. Ao limpar as antenas com a boca, a barata acabaria ingerindo o veneno de forma muito mais eficaz do que os inseticidas residuais, produzidos para penetrar a espessa cutícula do inseto.

Há ainda outra importante contribuição deixada pela pesquisa, diz Schal. O estudo serve como uma advertência aos pesquisadores que utilizam insetos em experimentos. “Colar a boca de um inseto para impedir a alimentação, por exemplo, também impede que o inseto limpe suas antenas, provocando uma privação sensorial que certamente interfere nos resultados”, sugere o autor.

FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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