Após resultado negativo para síndrome, médicos não sabem o que ele tem.
Ele deverá permanecer na Grande Vitória por 30 dias para novos exames.
O menino Misael, que pesa mais de 70 kg com apenas três anos,
passará por uma nova série de exames para tentar descobrir o que faz
com que ele engorde tanto. Segundo o pai da criança, Manoel Abreu,
depois que o resultado deu negativo para a síndrome de Prader Willi, médicos estão avaliando outras possibilidades. Na noite desta segunda-feira (17), o menino passou pelo exame de polissonografia, que avalia o sono,
mas o resultado sai no dia 2 de dezembro. Uma equipe médica, formada
por oito profissionais, vai acompanhar a saúde da criança por 30 dias.
Nesse tempo, a família, que é de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do
estado, vai ficar na casa de amigos, na Grande Vitória. "Teremos que
recomeçar do zero", comentou o pai.
Misael nasceu com 3,750 kg, peso considerado normal, mas, segundo a
mãe, Josiane de Jesus, ele começou a engordar desde os primeiros meses
de vida. O menino foi atendido por uma endocrinologista e encaminhado
para uma geneticista, que orientou que fosse realizado um exame para
constatar a chamada síndrome de Prader Willi. No entanto, a família da
criança não tinha condições de pagar o exame, que custa mais de R$ 1
mil, que foi feito com a ajuda do governo. Apesar disso, a síndrome não
foi identificada em Misael.
De acordo com Manoel, uma nova bateria de exames será realizada e a
esperança é que o diagnóstico não demore a sair. "Teremos que recomeçar
do zero. Já estamos nos processos de coleta de sangue, controle de
taxas. Ele também está fazendo exercícios na piscina", contou.
Para ajudar a criança, a nutricionista Carla Mancilha mobilizou uma
equipe de oito profissionais que farão uma grande avaliação do menino.
No grupo estarão cardiologista, endocrinologista, psiquiatra,
geneticista, psicólogo, neurologista, ortopedista, além dela, como
nutricionista.
Menino de 3 anos e 70 kg é avaliado por 8 profissionais (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
"São vários fatores que levam a obesidade, e por isso precisamos de uma
equipe multidisciplinar para fazer a avaliação dele. Um
endocrinologista infantil vai verificar toda a parte hormonal, se ele
tem alguma outra síndrome. Um psiquiatra vai avaliar e solicitar laudos
de neurologista para saber se ele tem algum transtorno psíquico. Uma
psicóloga vai fazer o acompanhamento da família e do Misael, de como
lidar com a criança, já que também se trata de um problema
comportamental. Ele também vai precisar de acompanhamento com
ortopedista. A geneticista vai verificar se ele realmente não tem
nenhuma doença genética, e também um cardiologista fará uma avaliação.
Então vamos precisar de todos esses profissionais trabalhando juntos
para chegar a um diagnóstico e a um tratamento", explicou.
Para Carla, o resultado negativo para a síndrome de Prader Willi não é
ruim, já que a doença não tem cura. Ela acredita que a obesidade de
Misael não é provocada por uma única doença, mas é consequência de maus
hábitos alimentares.
"Foi feita uma coleta de hábitos alimentares e o histórico familiar.
Então pode sim que um simples hábito errado tenha levado o Misael a
obesidade. E a gente sabe que esse sobrepeso pode levar a outras
doenças, como problemas no coração, no fígado e nos rins. Não foi
descartado que pode se tratar de uma única doença, mas com certeza o
fator familiar contribui para o obesidade de Misael. O pai e a irmã mais
velha dele têm sobrepeso e a mãe é obesa", disse.
A mãe contou que está disposta a mudar de vida. "Tudo o que eu tiver
que fazer para ajudar meu filho, eu vou fazer. Até mesmo fazer
exercícios físicos", falou Josiane.
Nutricionista acredita que histórico familiar de Misael contribui para a obesidade (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Polissonografia
Quem acompanhou o menino no exame de avaliação do sono foi o pai que
explicou que o filho não dormiu bem, mas que isso já era esperado pela
família. Por conta do excesso de peso, a criança tem dificuldades em
respirar quando está deitado e por isso não consegue ter uma boa noite
de sono.
"Ele já não dorme bem por causa da dificuldade de respiração e os
equipamentos que foram colocados nele para fazer o exame o incomodaram
mais ainda", contou
Misael (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Exercícios na piscina
Enquanto permanecer na Grande Vitória, Misael vai fazer exercícios em
uma piscina de água quente, com orientação do fisioterapeuta Pablo
Pompermayer. "Na piscina vamos conseguir promover atividades com
segurança. Tendo em vista que ele não tem aptidão física para fazer
exercícios em solo, escolhemos a piscina, pois assim ele não sofrerá
impacto e ainda ficará com as articulações protegidas. Ainda assim ele
vai gastar muitas calorias, o que vai resultar em emagrecimento para
ele.
Para o fisioterapeuta, o envolvimento da família em todo o tratamento é
muito importante. "Vamos ajudar a mudar o comportamento da família
toda. Inclusive vamos convidar a mãe dele para participar do plano de
exercícios junto com ele", disse.
Síndrome
No dia 29 de setembro, a criança realizou o exame que detectaria a
síndrome de Prader Willi, possível doença de Misael segundo os médicos.
Mas, o resultado deu negativo.
"A reação nossa foi de tristeza, porque agora estamos mais preocupados
ainda. Estávamos tranquilos, porque se fosse a síndrome, já ia entrar em
tratamento. Agora voltamos à estaca zero, vamos ter que fazer exames de
novo, começar tudo de novo. Não sabemos que médico procurar. E ele está
em uma situação muito difícil, já engordou mais, está muito agitado e a
respiração está ruim”, disse o pai do menino no dia que soube o
resultado.
Misael passará por mais um série de exames para descobrir a causa da obesidade (Foto: Wallace Hool/ GZ)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO