Na terra do Festival de Parintins, Super Mario vira "Bumbalotelli" e faz festa na Arena Amazônia na estreia positiva da Azzurra diante do English Team
Uma Copa do Mundo é capaz de mudar carreiras, reescrever histórias,
transformar jogadores em gênios. Mario Balotelli, talvez, nunca seja um
fora de série, nem conquiste o título de melhor jogador do mundo, mas
respondeu aos críticos neste sábado. Amado e odiado, idolatrado e
questionado, o polêmico centroavante fez o gol da vitória por 2 a 1
sobre a Inglaterra e colocou a Itália em uma boa situação no Grupo D, o
da morte em 2014.
No estado do Festival Folclórico de Parintins, o lado azul, do Boi
Caprichoso, começa melhor o Mundial com a festa de "Bumbalotelli" e mais
chances de avançar às oitavas de final. O Garantido, vermelho de
origem, que hoje vestiu branco, precisa reagir imediatamente para sonhar
com uma vaga nas oitavas. A Costa Rica, que bateu o Uruguai
surpreendentemente, lidera a chave pelo saldo de gols e com os mesmos
três pontos da Azzurra.
Balotelli festeja o gol decisivo de cabeça diante da Inglaterra neste sábado (Foto: Agência Getty Images)
Depois de uma temporada apenas razoável no Milan, Balotelli passou a
semana pressionado. Enquanto voltava às manchetes com o anúncio do
casamento com a modelo belga Fanny Neguesha, Immobile, seu reserva
natural, deitou e rolou no amistoso contra o Fluminense e ameaçou a
soberania dele no ataque. Nada, porém, que mudasse a confiança que o
técnico Cesare Prandelli deposita no seu camisa 9.
Se deixou o campo festejando, o Super Mario poderia sair como um
candidato a craque. No primeiro tempo, quase fez um gol antológico por
cobertura. Antes, Marchisio colocou a Azzurra em vantagem. Os ingleses,
melhores na etapa inicial, empataram com Sturridge.
A Inglaterra volta a jogar na quinta-feira, contra o Uruguai, às 16h (de Brasília), na Arena Corinthians, em São Paulo. Na sexta, a Itália pega a Costa Rica, às 13h, na Arena Pernambuco, em Recife.
Domínio inicial inglês e colaboração genial de Pirlo para Itália sair na frente
A Inglaterra rasgou o manual do futebol moderno para começar melhor o
jogo. Se o “Guardiolês” prega segurar a bola incansavelmente até que
qualquer espaço apareça, o English Team fez o contrário. Deixou que a
Itália acreditasse ter o controle da partida para, no momento certo,
surpreender. Poderia ter funcionado melhor se o chute de Marchisio não
saísse certeiro. A tempo de Sturridge empatar pouco depois.
Roy Hodgson montou o time quase todo no campo de defesa. Até Rooney,
pela esquerda, ajudou a marcar e a travar qualquer tentativa azul. Pirlo
cansou de ter a bola e não encontrar Balotelli, preso entre os
zagueiros. As respostas eram quase mortais. A ausência de Buffon,
lesionado, encorajou os rivais a chutar. Sterling e Welbeck levaram
perigo de longe. Sirigu salvou uma bomba de Henderson.
Sem conseguir chegar à área tocando, a Itália usou o mesmo recurso,
talvez também não confiando em Hart. O gol saiu aos 34, em um lance que
teve a colaboração genial de Pirlo. O meia percebeu a chegada de
Marchisio na intermediária e deixou a bola passar, fazendo um corta-luz
como se estivesse passeando pelo gramado. O armador do Juventus teve
tempo para dominar, olhar para o canto direito do goleiro e abrir o
placar.
Parecia injusto por tudo o que a Inglaterra havia feito até então. O
empate não demorou e veio dois minutos depois da forma menos esperada
pelos italianos: em um contra-ataque. A zaga, tão criticada na fase de
preparação, voltou a falhar. Rooney recebeu do novato Sterling pela
esquerda e cruzou. Paletta dormiu, e Sturridge apareceu nas costas dele
para apenas desviar. Na comemoração, um membro da comissão técnica
inglesa torceu o pé e precisou ser tirado de campo de maca.
Sturridge empata o jogo ainda no primeiro tempo depois de a Azzurra sair na frente (Foto: Reuters)
Apesar do desgaste físico por causa do forte calor, a Azzurra ainda
pressionou no fim. Tudo o que não conseguiu criar no primeiro tempo a
Itália fez em dois minutos nos acréscimos. Balotelli quase marcou um
golaço ao escapar de Hart e bater por cobertura. Jagielka salvou de
cabeça sobre a linha. No último lance, Candreva carimbou a trave.
Calor ignorado até certo ponto e a consagração de Balotelli
Ingleses e italianos voltaram para o segundo tempo como se jogassem em
Londres ou Roma. O “forno” manauara foi ignorado para que ambos se
arriscassem mais no ataque. Sturridge parou em bela defesa de Sirigu.
Logo depois, aos cinco minutos, a Azzurra ficou em vantagem novamente.
Candreva cruzou com precisão da direita. Cahill demorou a perceber a
movimentação por trás, e Balotelli surgiu para cabecear.
Atrás novamente, os ingleses se lançaram. Exageraram nas tentativas de
cavar pênaltis, com Welbeck e Gerrard, durante a pressão. Quando
jogaram, levaram enorme perigo ao atrapalhado setor defensivo
adversário. Rooney, em um dia mais tático que decisivo, perdeu uma
grande oportunidade. A bola passou rente a trave.
Joe Hart vencido no clássico no AM (Foto: Reuters)
Prandelli decidiu reforçar a marcação italiana com a entrada do volante
brasileiro Thiago Motta na vaga de Verratti. Hodgson respondeu com o
meia Barkley no lugar de Welbeck. O cansaço, enfim, começou a aparecer. A
Inglaterra lutou contra tudo isso para tentar encurralar o rival.
Johnson, em chute cruzado, assustou.
Os minutos finais foram arrastados, com os dois times exibindo enorme
desgaste físico. Ainda houve tempo para uma cobrança de falta cheia de
efeito de Pirlo, que enganou Hart e bateu no travessão. A torcida
italiana, apoiada pelos brasileiros presentes na Arena Amazônia, chegou a
ensaiar um “olé”. Não era para tanto, mas a vitória sobre um rival
direto deixa a Azzurra muito bem na chave.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO