quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pais deixam emprego para cuidar de jovem atingida por bomba, em Goiás



Carolina Simiema Do G1 GO
 
 Casal é atingido por bomba casira em Anápolis, GO (Foto: Reprodução/ Facebook)
Thays e o namorado, Guilherme
(Foto: Reprodução/ Facebook)

Os pais da jovem que se queimou ao ser atingida por uma bomba, em Anápolis, a 55 km de Goiânia, tiveram de deixar os empregos para se dedicarem ao tratamento da filha. A jovem de 19 anos estava acompanhada do namorado, Guilherme Almeida, de 20 anos, quando os dois foram atingidos por uma bomba caseira jogada dentro do carro onde estavam em uma avenida da cidade.

O caso aconteceu há um mês e, desde então, o operador de máquinas José Bento Mendes e a esposa dele, Luciana Mendes, que trabalhava como auxiliar de costura, largaram seus serviços. Sem a renda familiar de cerca de R$ 1,5 mil, casal está sobrevivendo com ajuda da família e de pessoas que se solidarizaram com o caso.

Em entrevista ao G1, José Bento diz que pensa em arrumar outro serviço quando a filha deixar o hospital, o que pode acontecer no início da próxima semana, mas a prioridade será cuidar deThays, que precisará de apoio dos pais, mesmo fora da unidade de saúde. O cirurgião plástico responsável pelo tratamento, Leonardo da Cunha, explicou que mesmo em casa, ela necessitará de cuidados especiais.

Decisão imediata

José Bento conta que, ao saber da situação de Thays, a decisão de deixar o emprego foi imediata. Apesar da dificuldade, ele garantiu que não teve medo das consequências: “Sabíamos que não ia ser fácil, mas naquela hora não pensei em outra coisa, só em cuidar da minha filha. Além disso, eu não teria mais cabeça para trabalhar”, alega.

O pai de Thays Mendes conta que o salário que ele e a esposa ganhavam antes do acidente com a filha era pouco, mas supria a necessidade da família sem grandes regalias. Com renda mensal de cerca de R$ 900 dele e um salário mínimo da esposa, eles pagavam as contas e “tocavam a vida”. “Nunca nos faltou nada, mas ainda bem que nossa casa não é alugada, ou não íamos conseguir pagar. Agora, continuamos tendo contas a pagar, mas, felizmente, as pessoas estão nos ajudando. É pouco, mas já faz uma grande diferença”.

A situação agora, segundo ele, é bastante complicada, mas ainda não chegou a faltar comida em casa. O tratamento de Thays, de acordo com José Bento, requer atenção especial todos os dias e a cada momento novos gastos são feitos.

“Todo dia precisamos comprar uma coisa, o último item foi um protetor solar especial para ela usar e, quando ela sair do hospital, vai ter de usar também uma roupa especial, que vai custar cerca de R$ 400. Então, é tudo caro”, diz. O pai da jovem diz não temer a situação porque, além de ter fé em Deus, sabe que há pessoas dispostas a ajudar a família.

Quem quiser ajudar o pai de Thays Mendes pode entrar em contato com ele. "A única maneira que posso retribuir a todos que estão me ajudando é agradecendo de coração. Tudo que vier será bem-vindo", afirma.

 Thays Mendes de 19 anos foi atingida por bomba caseira, em Anápolis, Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
Thays Mendes, de 19 anos, foi atingida por bomba
caseira (Foto: Reprodução/Facebook)

Cirurgias

Thays e Guilherme tiveram, respectivamente, 42% e 32% do corpo queimado, no dia 5 de janeiro. O diretor técnico do Hospital de Queimaduras de Anápolis, Leonardo Rodrigues da Cunha, afirma que o casal terá de enfrentar comprometimentos estéticos.

"Infelizmente, eles apresentarão algum grau de sequela", afirmou ao G1 o médico, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Entretanto, ainda não é possível determinar a gravidade dessas sequelas, reintera o cirurgião. Leonardo Rodrigues diz que ainda não é possível afirmar se eles terão comprometimento nas funções dos membros superiores, devido ao grau de queimaduras no braço, antebraço e mãos.

Investigação

A polícia dá como certa a identificação do autor do atentado. Para o delegado Eder Ferreira Martins, responsável pelo caso, o homem de 31 anos preso em Goiânia ao detonar bomba em um ônibus do transporte coletivo é o mesmo que aparece em imagens jogando o artefato explosivo dentro do carro do casal, em Anápolis.

No início da investigação, a polícia chegou a apontar como suspeito um ex-namorado de Thays. Outro rapaz foi ouvido após postar no Facebook a frase: "Quero ver o circo pegar fogo e os palhaços morrerem queimados". Na época, eles prestaram depoimento e negaram participação no ataque. Essas hipóteses já está praticamente descartadas.

“Há vários indícios que apontam para ele [o homem preso em Goiânia]. A perícia confirmou que a bicicleta dele é a mesma usada pelo autor do atentado. Também encontramos com ele roupas idênticas às que aparecem no vídeo”, explicou o delegado. No entanto, o delegado disse não saber a motivação do ato.

O suspeito nega envolvimento no crime. Preso em Goiânia, ele deve ser transferido para Anápolis nesta semana. “Vamos colher um novo depoimento dele e fazer uma reconstituição para concluir o inquérito”, informou Eder. Ele preferiu não dar uma data para reconstituição.

FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO














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