Carmen Miranda
.
.
.
.
Carmen Miranda
|
|
Carmen Miranda no filme Entre a Loura e a Morena, 1943
|
|
Nome
completo
|
Maria do
Carmo Miranda da Cunha
|
Apelido(s)
|
Pequena
Notável
Brazilian Bombshell Ditadora Risonha do Samba |
Nascimento
|
|
Morte
|
5 de agosto de 1955 (46 anos)
Beverly Hills, Estados Unidos |
Ocupação
|
|
Atividade
|
Maria
do Carmo Miranda da Cunha GOIH (Nasceu em Marco de Canaveses, 9
de fevereiro de 1909 — Faleceu em Los
Angeles, no dia 5 de agosto de 1955), mais
conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira.[nota
1] Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados
Unidos entre as décadas de 1930
e 1950. Trabalhou no rádio, no
teatro de revista, no cinema e na televisão[1].
Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados
Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo,
movimento cultural brasileiro
surgido no final da década de 1960.
Infância
Carmen
Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha na igreja da
freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada,
concelho de Marco de Canaveses.[2]
Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha (Marco de Canaveses,
Várzea da Ovelha e Aliviada, 17 de Fevereiro de 1887 - 21 de Junho de 1938) e
de sua mulher (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 28 de Setembro
de 1905) Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada,
10 de Março de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de Novembro
de 1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai
tinha por óperas.
Pouco
depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou
para o Brasil,[3]
onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua
mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e
de Carmen, que tinha menos de um ano de idade.[3]
Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara municipal
de Marco de Canaveses desse seu
nome ao museu municipal.
No Rio de Janeiro, seu pai abriu
um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um
conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde
mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
No
Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora
(1915 - 2005) e
Oscar (1916).[3]
Carmen
estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o
seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas,
e depois numa chapelaria.
Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy
Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha,
Olinda, e que assim atraía clientes[4].
Nesta
época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa
do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose,
voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para
complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão
doméstica que servia refeições para empregados de comércio.
Em 1926,
Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia
na sessão de cinema
do jornalista
Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi
apresentada ao compositor Josué
de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em
editoras e teatros.
No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba Não
Vá Sim'bora e o choro
Se O Samba é Moda. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaya
(grafia original) e Dona Balbina ou "Buenas Tardes muchachos".[4]
O início da carreira artística
Carmen Miranda em
1930.
O
grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar
de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do
fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como "a maior
cantora brasileira".[1]
Em 1933 ajudou
a lançar a irmã Aurora na carreira artística.
No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para
ganhar dois contos de réis por mês.. Foi a primeira cantora de rádio a merecer
contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido
de "Cantora do It".[nota
2] Em 30 de outubro realizou sua primeira
turnê internacional, apresentando-se em Buenos
Aires[4].
Voltou à Argentina
no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
Em
dezembro de 1936,
Carmen deixou a Mayrink Veiga e assinou com a Tupi, ganhando cinco contos de
réis.
Carreira cinematográfica no Brasil
Em 20
de janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com a
famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras
do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do
Cassino
da Urca de propriedade de Joaquim
Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do
cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.[1]
Depois
de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone
Power em 1938,
aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados
Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis
mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.
Em 1939, o
empresário estadunidense Lee Shubert
e a atriz Sonja
Henie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois
de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen assinou contrato
com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia
questão de levar o grupo musical Bando
da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado
em Carmen[1].
Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da
Lua. Carmen partiu no navio Uruguai em 4
de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Em 29
de maio de 1939
Carmen estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com
êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais
tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5
de março de 1940,
fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante
um banquete na Casa Branca.
Em 10
de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme
ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca
com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos
que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia
muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados
Unidos[4].
Dois
meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma
plateia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde
respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se
"americanizado". Em 3
de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus
sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los
Angeles.
Carmen Miranda no filme Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here,
1943), de Busby Berkeley.
Entre 1942 e 1953 atuou
em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão,
casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança,
implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial,
incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos
Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda
sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto[1].
Vida amorosa e casamento
Em 1946, Carmen
era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais
pagava imposto de renda nos EUA. Em 17
de março de 1947
casou-se com o americano David Alfred Sebastian, nascido em Detroit
a 23
de novembro de 1908. Antes, Carmen namorou vários astros de
Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira,
integrante do Bando da Lua.[4]
Antes
de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen namorou o
jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma
tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve caso com os
atores John
Wayne e Dana Andrews.
O
casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como
o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David, antes um simples
empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen
Miranda e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode
ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo
se tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por
conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas Carmen
Miranda não aceitava o desquite pois era uma católica
convicta. Engravidou em 1948,
mas sofreu um aborto espontâneo depois de
uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises
depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.
Dependência de barbitúricos
Desde
o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos
para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas
médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas
preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente
de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do
uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas
característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que
foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.
“Foi numa tarde em 1942. A
Igreja estava vazia, a não ser uma moça que rezava contritamente diante do
altar de Nossa Senhora das Graças. Uma senhora
havia me trazido uma criança para batizar, mas, por morar muito longe daqui,
e não poder pagar as passagens para alguém vir, não trouxera madrinha para o
filho. Aproximei-me, então, da moça que orava e perguntei-lhe se me faria
aquele favor, de repetir, pela criança, as palavras do batismo. Ela concordou
imediatamente, serviu como madrinha do bebê. Depois. mandou o seu carro
branco buscar o resto da família da pobre senhora para uma festa de batizado
na sua casa. Eu soube, então, que a moça era a estrela Carmen Miranda e sua
simplicidade deixou-me uma profunda impressão, solidificada, depois, pelas
suas constantes vindas à Igreja que se lhe tomou um segundo lar, dando-nos
ela um altar novo para Nossa Senhora.”
|
— Palavras do padre Joseph na missa
do funeral de Carmen Miranda, agosto de 1955
|
Em 3
de dezembro de 1954, Carmen retornou ao Brasil após uma ausência de
14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos EUA. Ela
continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólatra e violento.
Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la.
Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana
Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente
remédios. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência
cardíaca.
A morte nos EUA
Ligeiramente
recuperada, retornou para os Estados
Unidos em 4 de abril de 1955.
Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las
Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos,
além de fumar e beber mais do que antes.
No
início de agosto, Carmen gravou uma participação especial no programa
televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um
número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por
Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em
sua residência em Beverly Hills, à Bedford
Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções
para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um
cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com
um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre
o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi
encontrado pela mãe no dia seguinte, às 10h30 da manhã. Tinha 46 anos.
Funeral e sucesso no Brasil
Aurora
Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do
marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda se
desesperou por completo e passou então a notícia para as emissoras de rádio e
jornais. Heron Domingues, da Rádio
Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro
a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter
Esso.
Em 12
de agosto de 1955, seu corpo embalsamado
desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao
seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O
cortejo fúnebre até o Cemitério São João
Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que
cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores
sucessos.
No ano
seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima
assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual
somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
A 18
de Julho de 1995 foi agraciada a título póstumo com o grau de Grande-Oficial da
Ordem do Infante D. Henrique.
FONTE: WIKIPÉDIA, A
ENCICLOPÉDIA LIVRE
Nenhum comentário:
Postar um comentário