Dona Canô
é enterrada em Santo Amaro, na Bahia
Lílian
Marques Do G1
BA, em Santo Amaro da Purificação
Caetano acompanha sepultamento da
mãe em Santo Amaro da Purificação (Foto: Lílian Marques/G1)
Foi enterrado por volta das 11h (horário da Bahia),
em Santo Amaro da Purificação, o corpo de Dona Canô, que morreu aos 105 anos na manhã de terça-feira (25).
Os amigos e familiares se despediram da matriarca, mãe de Caetano e Bethânia,
nesta quarta-feira (26), no cemitério da cidade. O corpo de Dona Canô chegou em
cortejo que saiu da Igreja da Matriz após missa de corpo presente.
Maria Bethânia seguiu ajudando a carregar o caixão
da mãe, que foi coberto por uma bandeira de Santo Amaro. Além da família, estiveram presentes
a cantora Margareth Menezes, acompanhada do marido; o presidente da Rede Bahia,
ACM Junior; e o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM).
A missa foi celebrada por Dom Giovani, bispo
auxiliar de Salvador, e por monsenhor Valter Pinto, pároco da
Igreja da Matriz. O Coral Miguel Lima, do qual Dona Canô já fez parte em Santo
Amaro, apresentou-se durante a cerimônia.
Bisneto de Dona Canô se despede
dela em Santo Amaro da Purificação (Foto: Lílian Marques/G1)
Despedida dos filhos a Dona Canô
durante a missa (Foto: Lílian Marques/G1)
Maria Bethânia se despede da mãe
(Foto: Lílian Marques/G1)
Cortejo chega à Igreja da Matriz
após velório no Memorial Caetano Veloso (Foto: Lílian Marques/G1)
Maria Bethânia ajuda a carregar o
caixão da mãe até a Igreja da Matriz (Foto: Lílian Marques/G1)
A matriarca, de 105 anos, morreu na manhã de
terça-feira, em casa, na companhia dos filhos após passar a noite de Natal com
eles. Caetano e Bethânia acompanharam o velório da mãe, que começou na residência da família com acesso
restrito aos mais próximos. Depois, outros amigos e admiradores tiveram acesso
à cerimônia realizada no Memorial Caetano Veloso, na Praça da Purificação, no
centro da cidade, onde o velório se estendeu até a manhã desta quarta-feira.
O corpo de Dona Canô saiu da casa da família no final
da tarde de terça-feira em um cortejo até o Memorial marcado pela emoção e
muitos aplausos. Caetano de Bethânia não falaram com a imprensa sobre a morte
da mãe.
Caetano Veloso no velório da mãe,
em Santo Amaro da Purificação (Foto: Reprodução/TV Bahia)
De branco, Maria Bethânia vela
corpo da mãe no memorial que leva o nome do irmão, Caetano Veloso (Foto: Lílian
Marques/G1)
Isquemia cerebral
Dona Canô esteve internada por seis dias. Ela recebeu alta do Hospital São Rafael, em Salvador, na sexta-feira (21). Ela sofreu um ataque isquêmico cerebral, o que gerou redução do fluxo de sangue nas artérias do cérebro, segundo boletim médico.
De acordo com informações de Edson Nascimento,
amigo da família, Dona Canô pediu um vestido novo e branco para deixar o
hospital. Foi com ele que ela foi vestida para a casa, acompanhada da filha
Mabel. Maria Bethânia acompanhou a transferência da mãe em outro carro.
A matriarca teve oito filhos. Em outubro de 2011,
Dona Canô perdeu a filha adotiva Eunice Veloso, aos 83 anos, que morreu com insuficiência
respiratória. O filho famoso, o compositor Caetano, completou 70 anos em agosto
deste ano. Em dezembro, a matriarca da família assistiu ao show da nova turnê
da filha Maria Bethânia, no Teatro Castro Alves.
No dia 16 de setembro de 2012, Dona Canô completou
105 anos e, como tradicionalmente fazia, reuniu amigos e a família em missa e
comemoração em casa, na cidade de Santo Amaro. Estiveram na festa os filhos
Caetano Veloso e Maria Bethânia e a amiga Regina Casé. Quem celebrou a missa
foi o padre Reginaldo Manzotti.
Biografia
Nascida em 16 de setembro de 1907, Claudionor Viana Teles Veloso construiu sua história no Recôncavo Baiano, no município de Santo Amaro da Purificação. Os filhos biológicos são Clara, Roberto, Caetano, Bethânia, Rodrigo e Mabel. Dona Canô adotou as filhas Irene e Nicinha. Era viúva de “Seu Zeca”, que morreu em 1983, com 82 anos.
Conhecida por sua personalidade forte e
receptividade, Dona Canô participava sempre da tradicional Festa de Reis em
Santo Amaro, que reúne milhares de pessoas em toda região. A celebração de seus
aniversários também se tornou um marco, atraindo muitas pessoas para a festa.
Dona Canô em 2008, quando completou 101 anos
(Foto: Edgar de Souza/G1)
(Foto: Edgar de Souza/G1)
Dona Canô sempre aparecia vestida toda de branco em
seus aniversários. Quando completou o centenário, a missa foi celebrada pelo
então arcebispo primaz do Brasil, cardeal Dom Geraldo Majella. De Dom Geraldo,
Dona Canô recebeu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.
Depois das comemorações em Santo Amaro, Dona Canô
foi para um hotel festejar os 100 anos. Ela foi recebida pela família e pelos
amigos mais próximos. O então ministro da Cultura, Gilberto Gil, entregou à
Dona Canô uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em julho de
2011, Lula visitou pessoalmente Dona Canô em Santo Amaro.
Atrás da aparência frágil, com um corpo miúdo e
fala mansa, Dona Canô escondia a longevidade de poucos e a saúde considerada
“de ferro”. Ela repetiu em diversas oportunidades que era dona de uma fama que
sempre disse não entender o motivo, referindo-se ao intenso interesse da
imprensa sobre ela e sua vida em Santo Amaro da Purificação.
Autêntica e mãe de dois grandes nomes da Música
Popular Brasileira, Dona Canô se tornou um símbolo não só de Santo Amaro, como
do Recôncavo Baiano. Sempre lutou para melhorar a cidade e acolheu os moradores
como uma mãe.
Fachada da casa de Dona Canô em
Santo Amaro
(Foto: Egi Santana/G1)
(Foto: Egi Santana/G1)
O sobrado de número 179, no centro de Santo Amaro,
se tornou um dos pontos turísticos do município. A casa onde residiu Dona Canô
e a família Veloso sempre esteve com as portas abertas para baianos e turistas.
No casarão antigo, as paredes são cobertas de
fotografias e histórias dela e de toda família. Fotografias com o ex-presidente
da república Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-senador Antônio Carlos Magalhães
ganham destaque na parede da sala.
Nas entrevistas que dava para a imprensa, Dona Canô
costumava destacar a felicidade que sentia ao poder ter vivido o suficiente
para acompanhar o crescimento dos filhos e netos, tendo até conhecido os
bisnetos. Sua lucidez a acompanhou até os últimos dias de vida.
Ativa, era sempre Dona Canô quem cuidava das contas
de casa e decidia o cardápio na cozinha. Também sempre foi muito conhecida pela
vaidade. Foi uma mulher marcada pela religiosidade. Em casa, guardava há anos
várias imagens religiosas. A maioria foi dada por amigos e até por
desconhecidos. Foi com a ajuda da matriarca que a festa de Nossa Senhora da
Purificação transformou-se em um evento famoso na Bahia.
Uma das principais comemorações de aniversário
foram os 100 anos de Dona Canô em 2007. O dia foi de flores, presentes e
visitas de amigos e dos filhos. Na igreja de Nossa Senhora da Purificação, foi
realizada uma missa em homenagem à matriarca. A imagem peregrina de Nossa Senhora
Aparecida foi levada de São Paulo especialmente para a ocasião. A matriarca dos
Veloso ficou pouco tempo na igreja, porque se emocionou bastante. Maria
Bethânia cantou "Romaria" em homenagem à mãe e assim que terminou a
música, abraçou Dona Canô.
Sobre a história construída nos 105 anos de vida em
Santo Amaro, Dona Canô disse em entrevista este ano que não conseguia esquecer
de quando passeava com os amigos nas usinas de açúcar da cidade. “A cidade
cresceu, as coisas ficaram longe, os bondes eram importantes”, contou ao G1
no mês de setembro.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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