Tahiane Stochero Do G1, em
Santa Maria
Polícia Civil começa a entregar pertences de
vítimas da tragédia de Santa Maria (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Familiares das vítimas do incêndio na boate Kiss
começaram a retirar na 1ª Delegacia de Polícia de Santa
Maria nesta quarta-feira (29) os pertences deixados na casa noturna na
noite da tragédia que matou 235 pessoas no último domingo (27). Pela manhã,
policiais catalogaram o material, que foi identificado por nomes.
Segundo o delegado Sandro Meinerz, que participa da investigação, somente será entregue o que estava dentro de bolsas e o que pode ser identificado pelos policiais. Celulares que ficaram jogados no local não serão entregues. A Polícia Civil solicitou perícia da Polícia Federal nos aparelhos, já que os aparelhos podem reunir fotos ou vídeos do show da banda Gurizada Fandangueira que ajudariam a polícia a esclarecer como a boate pegou fogo.
Segundo o delegado Sandro Meinerz, que participa da investigação, somente será entregue o que estava dentro de bolsas e o que pode ser identificado pelos policiais. Celulares que ficaram jogados no local não serão entregues. A Polícia Civil solicitou perícia da Polícia Federal nos aparelhos, já que os aparelhos podem reunir fotos ou vídeos do show da banda Gurizada Fandangueira que ajudariam a polícia a esclarecer como a boate pegou fogo.
Adherbal Alves Ferreira, pai
de vítima do incêndio
em Santa Maria (Foto: Tahiane Stochero/G1)
em Santa Maria (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Um dos que procuraram a câmera fotográfica da
filha foi o empresário Adherbal Alves Ferreira, que perdeu Jennifer, de 22
anos. Ele veio acompanhado do filho, Jonhatan, que não estava na boate na noite
e reconheceu o corpo da irmã. Ele estava sob efeito de medicação, mas mesmo
assim, chorava e se emocionava ao lembrar da filha.
"Ela era apaixonada por animais. Uma menina doce, meiga, com um futuro pela frente. Inteligente, me ajudava na empresa. Ela que mandava em todos nós", diz ao G1 Ferreira. Jennefer estudava psicologia.
"Ela era apaixonada por animais. Uma menina doce, meiga, com um futuro pela frente. Inteligente, me ajudava na empresa. Ela que mandava em todos nós", diz ao G1 Ferreira. Jennefer estudava psicologia.
O celular da vítima foi encontrado pelos
familiares ainda na madrugada da tragédia. No aparelho, havia uma mensagem da
jovem para uma amiga por volta da 1h50 da manhã, avisando que ela estava em uma
parte da boate e que precisava encontrar a amiga. O pai acredita que a mensagem
tenha sido enviada momentos antes do incêndio.
Ferreira saiu do local sem a câmera, que será periciada pela PF antes de ser entregue aos familiares. O pai de uma garota, emocionado, chegou a gritar na delegacia, alegando que precisava ao menos ver o celular da filha e de etiquetar. Os delegados negaram acesso ao material, pois estava solto.
Ferreira saiu do local sem a câmera, que será periciada pela PF antes de ser entregue aos familiares. O pai de uma garota, emocionado, chegou a gritar na delegacia, alegando que precisava ao menos ver o celular da filha e de etiquetar. Os delegados negaram acesso ao material, pois estava solto.
Itens foram catalogados pela
polícia
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
"Eu entendo a sua dor, mas o senhor quer que
o caso seja esclarecido? Precisamos da máquina, tenha certeza de que tudo será
devolvido aos familiares, garantimos isso", afirmou ao pai o delegado
regional Marcelo Arigony, ao ver o pai desesperado. Em alguns casos, a polícia
irá reter o material e só entregar na próxima semana, informaram policiais
civis.
Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).
O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de
elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na
iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de
extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que
estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser
falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser
falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um
equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento
acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo
estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a
tragédia: o
dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois
integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico
que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro
Meinerz, responsável pelo caso.
Em
depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de
funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro
Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da
Kiss".
Na manhã de segunda, outros dois integrantes da
banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar",
disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se
pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma
Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul,
tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da
boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Também na tarde desta terça, outras informações
importantes sobre o caso foram divulgadas:
1- Segundo a polícia, a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, impróprio para ambientes fechados;
2- há diversos indicativos de que a boate não deveria estar funcionando;
3- a Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio;
4- o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, recebeu uma ligação do governo do Estado e disse que foi "orientado a não falar com a imprensa".
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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