Iara Lemos Do G1, em Santa
Maria
São 143 pessoas em atendimento em hospitais
do RS (Foto: Camila Domingues/Reuters)
do RS (Foto: Camila Domingues/Reuters)
O número de feridos na tragédia em Santa
Maria que precisaram de internação aumentou nas últimas horas, segundo a
Força Nacional do SUS. Na manhã desta quarta-feira (30), 143 pessoas estão
internadas em hospitais de Santa Maria e de Porto Alegre. Na terça-feira, o
número era de 121 internados. O incêndio que atingiu a boate Kiss na madrugada
de domingo (27) matou 235 pessoas.
De acordo com Neio Pereira, diretor técnico do
Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o aumento do número de internações se dá
principalmente pelos sintomas da pneumonite química, que atingiu os jovens que
entraram em contato com a fumaça tóxica do incêndio.
"É algo comum de acontecer alguns dias
depois do incêndio. As pessoas começam a sentir falta de ar, dificuldade para
respirar. Muitos que chegam em busca de atendimento precisam ficar internados",
disse Pereira , que falou em nome da Força Nacional do SUS.
Pereira e a coordenadora regional de Saúde, Ilse
Mello, afirmam que o total de pessoas internadas estado de saúde considerado
grave segue em 75. Dos 81 pacientes internados em Santa Maria, 33 estão
respirando com a ajuda de ventilação mecânica. Dos 62 internados em Porto
Alegre, 57 estão em ventilação mecânica.
O diretor técnico do GHC ainda destacou que
algumas pessoas ainda podem apresentar o chamado estresse traumático. Uma
equipe de profissionais de saúde do SUS e de voluntários esta sendo destinada
apenas para auxiliar nestes casos, prestando apoio psicológico para as vitimas
e familiares. "O estresse causado pelo trauma demorar até 72 horas para
aparecer. As pessoas começam a entrar em depressão pelo luto, o que é
normal", disse.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ainda
está em Santa Maria, onde logo no começo desta quarta teve uma série de
reuniões com a coordenação da Forca Nacional do SUS. Ainda nesta quarta, o
ministro deve ir a Porto Alegre, onde fará uma visita no hospitais onde estão
internadas as vitimas.
A ultima vitima fatal foi registrada na noite de
terça-feira (29). O jovem Gustavo Marques Gonçalves, que estava internado no
Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, não resistiu aos ferimentos e teve
morte e encefálica confirmada.
Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 235 mortos na madrugada de domingo (27).
O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de
elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na
iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de
extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que
estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser
falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser
falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um
equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento
acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo
estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a
tragédia: o
dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois
integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico
que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro
Meinerz, responsável pelo caso.
Em
depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de
funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro
Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da
Kiss".
Na manhã de segunda, outros dois integrantes da
banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar",
disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se
pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma
Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul,
tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da
boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Também na tarde de terça, outras informações
importantes sobre o caso foram divulgadas:
1- Segundo a polícia, a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, impróprio para ambientes fechados;
2- há diversos indicativos de que a boate não deveria estar funcionando;
3- a Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio;
4- o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, recebeu uma ligação do governo do Estado e disse que foi "orientado a não falar com a imprensa".
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS
DA GLOBO
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