Para Aristóteles o homem deveria ser correto virtuoso e ético
A palavra ética é de origem grega derivada de ethos,
que diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Teria sido traduzida em
latim por mos ou mores (no plural), sendo essa a origem da
palavra moral. Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma parte
da filosofia (e também pertinente às ciências sociais) que lida com a
compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade
social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre
o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito
individual.
O exercício de um pensamento crítico e reflexivo
quanto aos valores e costumes vigentes tem início, na cultura ocidental, na
Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos, a exemplo de Sócrates,
Platão e Aristóteles. Questionadores que eram, propunham uma espécie de
“estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a
todos os homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de
fundo ou o contexto histórico nos qual estavam inseridos tais filósofos era o
de uma Grécia voltada para a preocupação com a pólis, com a política.
A ética seria uma reflexão acerca da influência
que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de
como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral
ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto nós damos o
efetivo valor a tais valores.
Segundo alguns filósofos, nossas vontades e
nossos desejos poderiam ser vistos como um barco à deriva, o qual flutuaria
perdido no mar, o que sugere um caráter de inconstância. Essa mesma
inconstância tornaria a vida social impossível se nós não tivéssemos alguns
valores que permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um verdadeiro
caos. Logo, é necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação
(formação) racional, para que dessa forma possamos escolher de forma acertada
entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado.
Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá
pela educação da vontade. Segundo Marilena Chauí em seu livro Convite à
Filosofia (2008), a filosofia moral ou a disciplina denominada ética nasce
quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes.
Isto é, nasce quando também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto
é, o senso moral e consciência moral individuais. Segundo Chauí, podemos dizer
que o Senso Moral é a maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros
segundo ideias como a de justiça, injustiça, bom e mau. Trata-se dos
sentimentos morais. Já com relação à Consciência Moral, Chauí afirma que esta,
por sua vez, não se trata apenas dos sentimentos morais, mas se refere também a
avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em
conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. Isso significa
ser responsável pelas consequências de nossos atos.
Assim, tanto o senso moral como a consciência
moral vão ajudar no processo de educação de nossa vontade. O senso moral e a
consciência moral tem como pressuposto fundamental a ideia de um agente moral,
o qual é assumido por cada um de nós. Enquanto agente moral, o indivíduo
colocará em prática seu senso e consciência, pois são importantes para a vida
em grupo entre vários outros agentes morais.
Logo, o agente moral deve colocar em prática sua
autonomia enquanto indivíduo, pois aquele que possui uma postura de passividade
apenas aceita influências de qualquer natureza. Assim, consciência e
responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética ou moralmente
correta.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
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