Taiti
1
x
6
Nigéria
Gols:
Jonathan Tehau
Gols:
Oduamadi
(3)
,
Echiejile
(2)
,
Jonathan Tehau(contra)
PRIMEIRA FASE - 1ª RODADA
Nigéria passeia, mas Taiti faz gol histórico e empolga torcida
Africanos vencem com facilidade por 6 a
1 e lideram o grupo no saldo de gols, à frente da Espanha. Já os
taitianos saem aplaudidos do Mineirão
A CRÔNICA
por
Juliano Costa
Atleticanos e cruzeirenses se uniram pelo vermelho de uma seleção da
Polinésia Francesa numa segunda-feira que entrou para a história do
futebol mundial. Com caminhoneiro, contador, entregador e alpinista
entre seus 23 convocados, o Taiti fez um gol na Nigéria. E daí que os
africanos fizeram seis e venceram o jogo? Todos os 20.187 presentes no
Mineirão sabiam que o grande feito era taitiano. O volante Jonathan
Tehau, que, assim como 22 de seus 23 companheiros, nunca havia jogado
fora da Oceania, foi o responsável por unir torcedores rivais num grito
de gol no Mineirão. Foi a primeira partida oficial da amadora equipe do
Taiti numa competição oficial, a Copa das Confederações.
A diferença técnica entre os campeões da Oceania e da África era
gigantesca. Mas o incrível desleixo dos nigerianos e o ímpeto dos
taitianos fizeram com que o jogo não terminasse numa goleada muito
maior. Era exatamente isso o que o Taiti queria – sair do Mineirão de
cabeça erguida, com honra, sob aplausos de torcedores que souberam
reconhecer seu esforço e dedicação. Para a Nigéria, o 6 a 1 acabou sendo
pouco. Uruguai e Espanha, as outras equipes do Grupo B, devem fazer
muito mais gols no Taiti. E o saldo é o primeiro critério de desempate
para a classificação.
Vaias, aplausos e muitos gols
Vaiando até o Hino da Nigéria, numa atitude pouco vista até em casos de países em guerra, a torcida mineira tentou mostrar que estaria com os taitianos do começo ao fim. Qualquer troca de passes rendia aplausos. Esse calor da arquibancada – que esteve longe de ficar lotada – fez com que os taitianos se enchessem de confiança. O grito de “Ih, ih, ih, seleção do Taiti” era o equivalente ao “si se puede” dos campos da América do Sul para a pequena nação da Polinésia Francesa.
Vaias, aplausos e muitos gols
Vaiando até o Hino da Nigéria, numa atitude pouco vista até em casos de países em guerra, a torcida mineira tentou mostrar que estaria com os taitianos do começo ao fim. Qualquer troca de passes rendia aplausos. Esse calor da arquibancada – que esteve longe de ficar lotada – fez com que os taitianos se enchessem de confiança. O grito de “Ih, ih, ih, seleção do Taiti” era o equivalente ao “si se puede” dos campos da América do Sul para a pequena nação da Polinésia Francesa.
Jogadores da Nigéria comemoram mais um gol na goleada de 6 a 1 sobre o Taiti (Foto: AP)
Pena que a empolgação taitiana foi abalada por um incrível lance de
azar logo aos 5 minutos de jogo. Num cruzamento despretensioso, o
capitão Nicolar Vallar afastou de cabeça, mas viu a bola bater no
árbitro salvadorenho Joel Aguilar e cair limpa para o lateral Uwa
Echiejile, que resolveu arriscar de longe. O chute desviou no próprio
Vallar e morreu dentro da rede do Taiti. Um duro golpe para o zagueiro
taitiano, cujos pais, Claude e Mirella, estavam no Mineirão.
O gol tratou de reestabelecer a ordem futebolística em campo. A Nigéria passou a mandar no jogo, deixando claro ali quem era adulto e quem era moleque. O Taiti se abalou. Cada passe errado era lamentado como pênalti perdido em final de Copa. Os nigerianos pareciam até assustados diante de tamanha inocência. Profissionais que são, faziam seu dever. Tocavam a bola em ritmo de treino, esperando a hora certa de entrar na fraquíssima defesa adversária. O segundo gol saiu aos 10 minutos, com Oduamadi passando pelos zagueiros como se fossem cones. Aos 16, Musa passou por três, pelo goleiro e, na hora da finalização, enrolou-se com a bola e entrou para o Inacreditável Futebol Clube.
O gol tratou de reestabelecer a ordem futebolística em campo. A Nigéria passou a mandar no jogo, deixando claro ali quem era adulto e quem era moleque. O Taiti se abalou. Cada passe errado era lamentado como pênalti perdido em final de Copa. Os nigerianos pareciam até assustados diante de tamanha inocência. Profissionais que são, faziam seu dever. Tocavam a bola em ritmo de treino, esperando a hora certa de entrar na fraquíssima defesa adversária. O segundo gol saiu aos 10 minutos, com Oduamadi passando pelos zagueiros como se fossem cones. Aos 16, Musa passou por três, pelo goleiro e, na hora da finalização, enrolou-se com a bola e entrou para o Inacreditável Futebol Clube.
Torcida no Mineirão esteve ao lado do Taiti durante todo o jogo(Foto: Valeska Silva)
Mas o abismo na qualidade dos dois times não fez o torcedor mineiro
desistir de apoiar o Taiti. Pelo contrário. Um desarme sobre a estrela
Obi Mikel, do Chelsea, foi apreciado como uma aparição do cometa Halley.
Pais-corujas não seriam mais carinhosos com seus filhos num jogo de
campeonato escolar. Até quando erravam de forma grotesca, os taitianos
recebiam gracejos. No terceiro gol nigeriano, o goleiro Samin soltou a
bola no pé de Oduamadi. O replay do lance no telão arrancou gargalhadas,
algo que se vê num torneio escolar, não numa competição da Fifa.
O Taiti chegou duas vezes à área nigeriana nos primeiros 45 minutos, ambas com Chong-Hue. Ficou no quase. Na segunda, caído, ele dava tapas no gramado, desesperado. Deu dó.
As estatísticas do primeiro tempo mostraram uma Nigéria com 69% da posse de bola, mas o número de finalizações não foi tão maior que o do Taiti: nove contra seis. Prova de que os taitianos não tinham medo algum de arriscar. E de que os nigerianos tentavam ir tocando até a linha do gol, como se tivessem estabelecido para si mesmos a regra de que “gol fora da pequena área não vale”. Puro preciosismo, que, claro, rendeu vaias da torcida mineira.
Milagres acontecem
O Taiti chegou duas vezes à área nigeriana nos primeiros 45 minutos, ambas com Chong-Hue. Ficou no quase. Na segunda, caído, ele dava tapas no gramado, desesperado. Deu dó.
As estatísticas do primeiro tempo mostraram uma Nigéria com 69% da posse de bola, mas o número de finalizações não foi tão maior que o do Taiti: nove contra seis. Prova de que os taitianos não tinham medo algum de arriscar. E de que os nigerianos tentavam ir tocando até a linha do gol, como se tivessem estabelecido para si mesmos a regra de que “gol fora da pequena área não vale”. Puro preciosismo, que, claro, rendeu vaias da torcida mineira.
Milagres acontecem
A Nigéria começou o segundo tempo com uma preguiça irritante. Os
nigerianos tocavam a bola com desleixo, algo que os deuses do futebol
não costumam tolerar. Chegava a ser cômico: o nigeriano pintava sozinho
na cara do gol, driblava o goleiro e tropeçava no gramado – ou na
própria soberba. Aconteceu cinco vezes. Cinco! A torcida mineira riu
como se estivesse num circo.
Oduamadi celebra o seu segundo gol na partida (Foto: Marcos Ribolli)
A alegria maior, porém, ainda estava por vir. Aos 9, Vahirua cobrou
escanteio, e Jonathan Tehau subiu com estilo para fazer o primeiro gol
da história do Taiti numa competição oficial fora da Oceania. Os
mineiros foram ao delírio. Gol de Cruzeiro ou Atlético não renderiam
comemoração maior – até porque o Taiti conseguira juntar as duas
torcidas rivais numa só força. No campo, os taitianos vibraram simulando
o movimento de uma canoa. No banco, membros da comissão técnica
pareciam só faltar chorar. Linda festa taitiana.
Quinze minutos depois, naquelas grandes ironias que só o futebol é capaz de fazer, a Nigéria chegou ao quarto gol num lance em que a bola bateu em Vahirua e Jonathan Tehau, justamente os responsáveis pelo gol taitiano, antes de entrar.
Quinze minutos depois, naquelas grandes ironias que só o futebol é capaz de fazer, a Nigéria chegou ao quarto gol num lance em que a bola bateu em Vahirua e Jonathan Tehau, justamente os responsáveis pelo gol taitiano, antes de entrar.
Jogadores do Taiti comemoram o primeiro gol internacional (Foto: Marcos Ribolli)
Cabia mais. Oduamadi fez seu terceiro gol, quinto da Nigéria,
despontando na artilharia da competição, ao completar cruzamento de
Ideye. O lateral Uwa Echiejile fez o sexto aos 35.
Com 6 a 1 no placar, os cruzeirenses começaram a tirar sarro dos atleticanos, lembrando da goleada registrada na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, que livrou a Raposa do rebaixamento. “A – E – I – o Galo é Taiti”, gritava a metade azul do Mineirão. Tudo era motivo para festa.
Com 6 a 1 no placar, os cruzeirenses começaram a tirar sarro dos atleticanos, lembrando da goleada registrada na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, que livrou a Raposa do rebaixamento. “A – E – I – o Galo é Taiti”, gritava a metade azul do Mineirão. Tudo era motivo para festa.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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