A CRÔNICA
por
Carlos Augusto Ferrari
Eles não são ídolos por acaso. Por onde passam pelo Rio de Janeiro, os
gritos de “Pirlo” e “Balotelli” ecoam como se fossem gênios do futebol
local. Neste domingo, os jogadores mostraram os motivos por serem tão
amados por italianos e agora brasileiros. Com uma cobrança de falta
magnífica - com pequena ajuda do goleiro Corona -, do meia, inspirado em
Juninho Pernambucano, e um gol do centroavante já perto do fim, a
Azzurra venceu o México por 2 a 1, no Maracanã, na estreia na Copa das
Confederações. Chicharito também marcou, mas não evitou a derrota
mexicana.
A Itália foi melhor durante todo o jogo. Balotelli começou como um
trator, ganhando divididas, driblando e assustando em chutes de longe
que Corona pegou. Pirlo apareceu bem menos, mas teve a eficiência dos
gênios. Enquanto ouvia os torcedores gritarem o nome dele, acertou um
chute perfeito no ângulo direito e coroou o centésimo jogo com a camisa
azul.
Autor do gol da vitória, Balotelli é abraçado pelos companheiros (Foto: Alexandre Durão)
Chicharito até empatou após pênalti de Barzagli em Giovani dos Santos,
mas o dia era italiano. O Balotelli "bonzinho" do início sumiu. Irritado
com algumas divididas no segundo tempo e até xingado de “v...” por
atirar uma chuteira para longe, o atacante decidiu com sua maior
característica: a força. Deixou três marcadores para trás e deu o
primeiro triunfo à Azzurra.
As duas seleções voltam a jogar na quarta-feira. O México enfrenta o
Brasil, às 16h (de Brasília), no Castelão, em Fortaleza. A Itália vai
até a Arena Pernambuco, em Recife, para a partida contra o Japão, às
19h.
Pirlo faz golaço, e Chicharito empata
A força de Balotelli aliada à maestria de Pirlo confirmaram no placar a
superioridade da Itália sobre o México em um primeiro tempo muito
disputado. A pressão foi grande no início. A Azzurra marcou a saída de
bola e conseguiu controlar o jogo com tranquilidade, fazendo o
adversário errar a cada tentativa de sair tocando. Dos quatro primeiros
chutes, três saíram dos pés do Super Mario. Tudo em apenas oito minutos.
Corona salvou duas vezes.
O México só conseguiu reagir quando passou a se movimentar mais pelo
campo. Giovani dos Santos foi quem ganhou destaque em velocidade pelo
lado esquerdo. Por lá, construiu uma grande chance ao roubar a bola de
Abate e cruzar para trás. Guardado encheu o pé e acertou o travessão de
Buffon.
Nas arquibancadas, mexicanos e italianos duelavam em gritos com os
brasileiros. Em meio às manifestações dos estrangeiros surgiam as
provocações de “Mengo” e “Vasco”. O coro só acabou quando o nome de
Pirlo passou a ser exaltado. A resposta do camisa 21 foi imediata, aos
26. Após falta sofrida por Balotelli, o volante acertou o ângulo direito
de Corona - que desistiu de esticar os braços ao pular para defender.
Um golaço!
Italianos comemoram o golaço de Pirlo (Foto: André Durão)
A tranquilidade da Itália durou pouco. Exatos sete minutos. A equipe
famosa por ter um sistema defensivo forte cometeu um erro fatal. Giovani
dos Santos roubou a bola de Barzagli e acabou derrubado pelo adversário
na área. Chicharito Hernández, até então muito discreto, empatou de
pênalti.
Chicharito: autor do gol de empate mexicano (Foto: André Durão)
Balotelli resolve na etapa final
O México mudou de postura no segundo tempo e passou a se arriscar mais
no ataque. A estratégia diferente, porém, fez o time se abrir em
demasia, principalmente no meio de campo, setor bastante povoado pelos
italianos. O segundo gol da Azzurra quase surgiu em um lance semelhante
ao primeiro. Pirlo bateu falta, a bola desviou na barreira e Montolivo,
quase na pequena área, desviou nas mãos de Corona.
A Itália continuou melhor com a ajuda dos adversários. Os mexicanos
abusaram da sorte com faltas próximas da área. A cada marcação do
árbitro, ecoavam os gritos de “Pirlo” pelo Maracanã. Em uma das
oportunidades, o meio-campista quase acertou o canto direito alto de
Corona.
A etapa final exibiu também um Balotelli diferente. A tranquilidade do
primeiro tempo acabou. O centroavante chegou a encarar o zagueiro
Torrado após dividida na lateral. Em seguida, esbravejou contra a
arbitragem, que não marcou a falta que ele queria quando partia em
velocidade com o zagueiro Moreno. Irritado, atirou um dos pés da
chuteira para longe e recebeu vaias e xingamentos dos torcedores.
Balotelli precisou de pouco para responder. A Itália mostrou cansaço,
diminuiu o ritmo e pouco criou para assustar. Mas, na única chance que
teve no segundo tempo, o atacante garantiu a vitória. Aos 32 minutos, em
passe de Giaccherini, ele brigou com a zaga e tocou de pé direito na
saída de Corona: 2 a 1, causando gritos de “Balotelli” por todo o
Maracanã. O atacante - que não fugiu da polêmica ao tirar a camisa na
comemoração e levar o cartão amarelo - também foi ovacionado ao ser
substituído no fim do jogo, ouvindo gritos de "Ah, é Balotelli!".
Balotelli: reclamação, xingamento e aplausos do público (Foto: André Durão)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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