Em jogo inesquecível, Fúria atropela Taiti e faz maior goleada da Copa das Confederações. Público adota pequena seleção da Oceania
Sejamos compreensivos: o Taiti venceu o jogo nesta quinta-feira ao 
levar 10 a 0 da Espanha no Maracanã. Claro que a frieza da tabela 
deixará para a posteridade a marca de mais uma derrota para a pequenina 
seleção da Oceania, formada por atletas amadores - amadores: aqueles que
 fazem por amor. Azar da tabela. O que os jogadores superados pela Fúria
 realmente lembrarão é que um estádio lendário fez com que eles se 
sentissem em casa, torceu por eles, cantou por eles, gritou por eles. A 
campeã do mundo enfrentou uma das piores equipes do planeta. Sob vaias, 
goleou. Mas goleou um adversário que não perdeu.
É o placar mais elástico da história da Copa das Confederações  - acima
 de Brasil 8 x 2 Arábia Saudita, em 1999. A Espanha, com time reserva, 
marcou com jogadores que poderiam muito bem ser titulares: Fernando 
Torres (quatro vezes), David Villa (três), David Silva (duas) e Mata. 
Assim, alcançou sua segunda vitória no torneio – batera o Uruguai por 2 a
 1 na estreia. Já o Taiti contabiliza a segunda goleada sofrida. Antes, 
levara 6 a 1 da Nigéria.
O jogo foi excepcional dentro de campo. E fora. Em idos do segundo 
tempo, a torcida cantou, a quem interessasse ouvir: “O povo unido jamais
 será vencido”. Logo depois, entoou o Hino Nacional. De arrepiar.
Villa e Silva se cumprimentam: Davids aproveitaram chance como titulares (Foto: Alexandre Durão)
O Taiti é aqui
Eram quatro minutos do primeiro tempo. Enquanto os jogadores da Espanha
 trocavam cumprimentos tímidos logo depois do (inevitável) primeiro gol 
da (inevitável) goleada, a torcida no Maracanã saía do conforto de seus 
assentos e, em uníssono, cantava:
- Ôoooooo, vamo virá, Taiti! Vamo virá, Taiti!
É difícil imaginar o que esta quinta-feira, 20 de junho do ano da graça
 de 2013, significou para aqueles atletas de branco. Eles não 
esquecerão. E a torcida presente no estádio, tampouco. O público foi 
para brincar, para se divertir. Não existiam esquemas táticos, diagramas
 ou formas geométricas que desenhassem a partida. Era um jogo de emoção,
 não de matemática.
Taiti vai ao ataque: equipe da Oceania mostrou coragem contra a Fúria (Foto: Alexandre Durão)
O Taiti foi digno. Fechou o primeiro tempo com 37% de posse de bola – 
mais do que o Uruguai contra a mesma Espanha, porém com titulares, no 
jogo anterior. Trocou passes. Triangulou. Esforçou-se ao máximo para 
abafar as saídas do adversário para o ataque. E até chutou a gol! Tudo 
sob aplausos eufóricos da torcida. “Oooooolé”, gritavam os torcedores 
quando os taitianos passavam a bola um para o outro. Uma festa.
Os quatro gols da Espanha no primeiro tempo eram pedra cantada. Eles 
foram fruto do talento da Fúria, claro, mas também, e muito, da 
ingenuidade defensiva do Taiti. Nos primeiros 30 minutos, a equipe da 
Oceania até suportou o peso da desigualdade. Mas aí a casa caiu com três
 gols quase sequenciais.
Foi Fernando Torres quem abriu o placar, lá com quatro minutos, 
invadindo a área pela esquerda. Aos 31, David Villa fez bonita jogada e 
encontrou o xará Silva livre: 2 a 0. Um minuto depois, Torres recebeu 
completamente livre, passou pelo goleiro e completou: 3 a 0. Na 
sequência, aos 38, Silva devolveu o presente para Villa: 4 a 0.
Fernando Torres cumprimenta Roche: atacante marcou quatro gols na partida (Foto: Getty Images)
A voz da torcida
Veio o segundo tempo, e a dúvida era saber quantos gols a Espanha ainda
 faria. A Fúria poderia ser piedosa, diminuir o ritmo. Ou poderia manter
 seu profissionalismo supremo. Optou pela segunda alternativa. Assim, 
marcou mais seis vezes.
Villa logo retomou a contagem, aproveitando cruzamento de Monreal. 
Depois, Navas avançou pela direita e cruzou para Fernando Torres anotar 
mais um. Na sequência, em falha do goleiro Mickaël Roche, Villa fez o 
sétimo. Mata bateu forte e assinalou mais um: 8 a 0. Fernando Torres, 
livre, marcou o nono. E Silva, quase no final, fechou a conta.
Detalhe: El Niño ainda perdeu um pênalti. Mandou no travessão. E o 
Maracanã celebrou como se fosse festa de título, enquanto o goleiro 
Mickaël Roche, de braços erguidos, recebia os aplausos.
Mas o que marcou mesmo no segundo tempo foi a reação do público. Em 
meio a uma onda de protestos país afora, o povo presente no Maracanã 
resolveu avisar que jamais será vencido. Logo depois, cantou o Hino 
Nacional.
Que dia.
Jogadores do Taiti agradecem apoio da torcida (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário