Camisa 10 faz gol decisivo em sua centésima partida pela seleção e deixa campeões sul-americanos em situação confortável na classificação
Era apenas o primeiro jogo entre Nigéria e Uruguai na história do
futebol. Jamais as seleções haviam se enfrentado, seja em amistosos ou
competições oficiais. Um paradoxo se comparado à carreira de Diego
Forlán na tradicional equipe celeste. O camisa 10 entrava em campo pela
100ª vez defendendo as cores de seu país, recorde na Celeste Olímpica. E
foi justamente ele o herói da vitória dos uruguaios por 2 a 1, na Arena
Fonte Nova, na noite desta quinta-feira, pela segunda rodada do Grupo B
da Copa das Confederações.
Forlán foi protagonista de um filme praticamente repetido no torneio,
só que de outra nacionalidade. Na primeira rodada, o veterano Pirlo
também atingiu cem partidas pela sua seleção, fez gol e saiu como melhor
em campo. E o que se viu em campo na Arena Fonte Nova foi de uma
semelhança que poderiam dizer ter sido roteiro plagiado. Contra o
México, a Itália saiu na frente, viu os rivais empatarem e venceu a
partida por 2 a 1. A diferença é que o uruguaio garantiu a vitória,
enquanto o volante da Azzurra abriu o placar - em Salvador, quem marcou
primeiro foi Lugano, e Obi Mikel empatou para a Nigéria ainda no
primeiro tempo.
O uruguaio entrou em cena com um gol bonito também. Não foi de falta,
como Pirlo. Mas o chute foi igualmente preciso, de canhota.
Forlán comemora o gol da vitória do Uruguai sobre a Nigéria, na Arena Fonte Nova (Foto: Reuters)
Com três pontos, assim como a Nigéria, o Uruguai tem de fazer a sua
parte e torcer para dar a lógica na terceira e última rodada do grupo,
no próximo domingo, às 16h. Afinal, basta que vença os amadores do
Taiti, seleção goleada pela Espanha por 10 a 0 nesta quinta-feira e por 6
a 1 pelos africanos na estreia, na Arena Pernambuco, no Recife, e a
Fúria confirme seu favoritismo diante dos Águias, na Arena Castelão, em
Fortaleza. A classificação para a semifinal da Copa das Confederações
está bem próxima.
Lugano, de heroi a vilão
Lugano completa para o gol e abre o placar para o Uruguai contra a Nigéria (Foto: Getty Images)
Como tem acontecido nos jogos que não envolvem o Brasil na Copa das
Confederações, a torcida da Fonte Nova, em Salvador, elegeu a seleção
menos tradicional - no caso, a Nigéria - para apoiar. Os uruguaios, no
entanto, pareceram não ligar para isso, as vaias a Forlán antes do jogo e
partiram para o ataque logo no início. Em menos de cinco minutos, já
tinha criado duas oportunidades de gol e impedia os nigerianos de sequer
passarem do meio de campo.
Sem conseguir o gol precoce, a pressão uruguaia foi se enfraquecendo, e
a Nigéria passou a comandar as ações do jogo. O goleiro Muslera se
mostrou um tanto inseguro e quase engoliu um frangaço após cobrança de
falta de Ideye. O arqueiro tentou encaixar a bola e a deixou passar, mas
teve tempo de se recuperar e buscá-la antes que ultrapassasse a linha
do gol. O lance animou os nigerianos, que passaram a chegar com muito
perigo.
E, justamente quando a Nigéria era melhor, o Uruguai marcou o primeiro.
Forlán cobrou escanteio, a defesa afastou, e a bola voltou para seus
pés. O jogador do Internacional, então, cruzou rasteiro. Cavani tentou
completar de letra, mas furou. Por sorte, o lance serviu de corta-luz
para Lugano. O zagueiro tocou de canela, meio sem jeito, e mandou a bola
para o fundo da rede.
Após passar por Lugano, Obi Mikel manda a bola no ângulo de Muslera e marca para a Nigéria (Foto: EFE)
Lugano, no entanto, estava longe de ser "craque" na noite desta
quinta-feira. Atabalhoado, o zagueiro cometeu muitas faltas bobas e, em
certos momentos, foi violento. Justamente em cima dele, surgiu o gol de
empate da Nigéria. Após ótima troca de passes rasteiros no ataque, Obi
Mikel recebeu dentro da área e pedalou. Por pouco, o uruguaio não caiu
para trás. O camisa 10 da Nigéria passou batido e chutou colocado, no
ângulo. Justiça no placar do primeiro tempo.
A exemplo de Pirlo, Forlán vira herói no centésimo jogo
A Nigéria começou melhor no segundo tempo, ensaiou um sufoco, mas, aos
seis minutos, o Uruguai ficou em vantagem novamente. Suárez roubou bola
no meio de campo e logo entregou para Cavani, que, de primeira, achou
Forlán entrando na área pelo lado esquerdo. O camisa 10 da Celeste não
quis saber. Só arrumou o corpo e chegou soltando a canhota. A bola saiu
certeira, no ângulo do goleiro Enyeama, que nada pôde fazer. No 100º
jogo com a camisa de sua seleção, o craque fez o 34º gol pelo Uruguai.
Forlán acerta belo chute de canhota e marca o gol decisivo para o Uruguai na partida (Foto: Reuters)
O jogo passou a ficar feio. A Nigéria sentiu o golpe ao sofrer o
segundo gol e passou a atacar desordenadamente. Bem postado na defesa, o
Uruguai estava atento para decidir o confronto nos contra-ataques.
Lembrava bem o estilo de jogo que ficou marcado na Copa do Mundo de 2010
e na Copa América de 2012, sempre com muita marcação e um ataque
fulminante.
Um dos astros da companhia de frente, porém, estava com o pé
descalibrado. Suárez era pura correria. Forlán dava o toque de classe. E
Cavani, desta vez, desafinou. Foram ao menos duas chances claras
desperdiçadas no segundo tempo, ambas saídas dos pés do autor do segundo
gol. Na primeira, recebeu lançamento preciso e partiu sozinho, mas
bateu torto e mandou a bola longe. Depois, já aos 30 minutos, o camisa
10 cobrou falta ensaiada na cabeça do centroavante, que finalizou muito
mal e mandou para fora.
De olho no relógio, o Uruguai passou a impedir o ímpeto nigeriano com
faltas. Lugano, inclusive, recebeu cartão amarelo, o que o suspende do
confronto diante do Taiti, na próxima rodada. Arévalo também estava
empenhado em parar as jogadas do rival. Para reforçar a defesa, Tabárez
tirou Suárez e colocou o zagueiro Coates. A substituição gerou vaias dos
torcedores, que não gostaram da postura defensiva do treinador.
Aos 35, Coates cometeu falta dura em Musa, próximo à area do Uruguai.
Mas o cruzamento não levou perigo. Até o fim do jogo, a Nigéria rondou a
área uruguaia, mas a defesa celeste se mostrou sólida, intransponível. O
ataque desperdiçou mais algumas chances. Mas nada que impedisse a
vitória que deixa os campeões sul-americanos bem perto das semifinais.
Basta que o mais provável aconteça na última rodada.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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