Jesus Cristo no Domingo de Ramos
Entrada triunfal em Jerusalém. 1320. Afresco
por Pietro Lorenzetti na Basílica de São Francisco
em Assis, na Itália.
Domingo
de Ramos é uma festa
móvel cristã celebrada no domingo antes da Páscoa.
A festa comemora a entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém, um evento da vida
de Jesus mencionado nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1,
Mateus 21:1-11,
Lucas 19:28-44
e João 12:12-19).
Em
muitas denominações cristãs, o
Domingo de Ramos é conhecido pela distribuição de folhas de palmeiras
para os fiéis reunidos na igreja. Em lugares onde é difícil consegui-las por
causa do clima, ramos de diversas árvores são utilizados.
Nos
relatos evangélicos, a entrada triunfal de Jesus ocorre por volta de uma semana
antes de sua ressurreição[1][2][3][4].
De
acordo com eles, Jesus chegou montado em um jumento
em Jerusalém e o povo, festivo, lançou seus mantos à sua frente, assim como
pequenos ramos de árvores. A multidão cantou parte de um salmo
(Salmos 118:25-26)
- "Salva-nos agora, te pedimos, ó Javé;
Ó Javé, envia-nos agora a prosperidade. Bendito seja aquele que vem em nome de
Javé, Da casa de Javé vos abençoamos."[5][1][2][3].
O simbolismo
do jumento pode ser uma referência à tradição oriental de que este é um animal
da paz, ao contrário do cavalo, que seria um animal de guerra[6].
Segundo esta tradição, um rei chegava montado num cavalo quando queria a guerra
e num jumento quando procurava a paz. Portanto, a entrada de Jesus em Jerusalém
simbolizaria sua entrada como um "príncipe da paz" e não um rei
guerreiro[6][5].
Em
muitos lugares no Oriente Próximo antigo, era
costumeiro cobrir de alguma forma o caminho à frente de alguém que merecesse
grandes honras. A Bíblia
hebraica (II Reis 9:13)
relatam que Jeú,
filho de Josafá,
recebeu este tratamento. Tanto nos evangelhos sinóticos quanto o Evangelho de João reportam que
a multidão conferiu a Jesus esta honraria. Porém, nos sinóticos, o povo aparece
lançando suas vestes e juncos cortados na rua, enquanto que em João, mais
especificamente, menciona ramos de palmeira. Estes era símbolos de triunfo e
vitória na tradição judaica e aparecem em outros lugares da Bíblia (Levítico 23:40
e Apocalipse 7:9,
por ex.). Por causa disto, a a cena do povo recebendo Jesus com as palmas e
cobrindo seu caminho com elas e com suas vestes se torna simbólica e
importante.
Liturgia
Ocidente
A
celebração do Domingo de Ramos começa em uma capela ou igreja afastada de onde
será rezada a Missa. Os ramos que os fiéis levam consigo são abençoados pelo
sacerdote. Então, este proclama o Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém, e
inicia-se a procissão com algumas orações próprias da festa, rumo à igreja
principal ou matriz.
Em
algumas cidades históricas como Ouro
Preto, Pirenópolis, Resende
Costa e São João Del Rei, esta
procissão é acompanhada de banda de música. Ao chegar onde será celebrada a missa
solene, a festa muda de caráter, passando a celebrar a Paixão de Cristo. É narrado o
Evangelho da Paixão, e segue a Liturgia Eucarística como de
costume.
Bispo entrando na igreja para celebrar a missa pontifical solene de Domingo
de Ramos, na forma tradicional do rito romano.
O
sentido da festa do Domingo de Ramos tratar tanto da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém,
e depois recordar sua Paixão, é que essas duas datas estão intrinsicamente
unidas. A Igreja recorda que o mesmo Cristo que foi aclamado como rei pela
multidão no domingo, é crucifidado sob o pedido da
mesma multidão na sexta. Assim, o Domingo de Ramos é um resumo dos
acontecimentos da Semana Santa e também sua
solene abertura.
Em
muitas igrejas, as folhas de palmeira são guardadas para serem queimadas na Quarta-feira de Cinzas do ano
seguinte. A Igreja Católica considera que
as folhas abençoadas como sagradas.
Oriente
Na Igreja
Ortodoxa, o Domingo de Ramos é geralmente chamado de "Entrada
do Senhor em Jerusalém" e é uma das Doze Grandes Festas
do ano litúrgico, além de marcar
o início da Semana Santa. O dia anterior é
conhecido como Sábado de Lázaro
e comemora a ressurreição de Lázaro. Ao
contrário do ocidente, o Domingo de Ramos não é considerado como parte da Quaresma,
com a chamada Grande Quaresma
ortodoxa terminando na sexta anterior. O Sábado de Lázaro, Domingo de Ramos e a
Semana Santa são considerados como um período separado de jejuns. No
sábado, os fiéis geralmente preparam as folhas de palmeira trançando-as na
forma de cruzes antes da procissão no domingo. A
decoração das igrejas e as vestimentas dos sacerdotes são alteradas para uma
cor festiva - dourado na tradição grega e verde nas eslavas.
O Troparion da
festa indica que a ressurreição de Lázaro é uma versão anterior da ressurreição
do próprio Jesus.
Não há
nenhum requisito canônico sobre que tipo de
ramo deve ser usado e, por isso, alguns ortodoxos se utilizam de oliveiras
ou ramos de salgueiros.
Seja qual for o tipo, estes ramos são abençoados e distribuídos com velas seja
durante a Vigília da Noite
Inteira na véspera da festa (sábado à noite) ou antes da Divina
Liturgia no domingo de manhã. A grande abertura da Divina Liturgia
comemora a "Entrada do Senhor em Jerusalém" e, assim, a significância
do momento é sublinhada no Domingo de Ramos pela multidão de pé, segurando os
ramos e as velas acesas. Os fiéis levam depois os ramos e velas para casa após
o serviço religioso e os preservam como "bençãos" (evloghia).
Na Rússia,
procissões eram realizadas em diversas cidades, principalmente em Novgorod
e, entre 1558 e 1693, em Moscou. Ela aparecia de forma proeminente no relato
de testemunhas e era mencionada nos mapas ocidentais contemporâneos. O patriarca de Moscou,
representando Cristo,
montava num "jumento" (um cavalo vestido com panos brancos na
realidade); o Czar da Rússia humildemente
liderava a procissão à pé. Originalmente, as procissões em Moscou começavam
dentro do Kremlin
e terminavam na Igreja da Trindade, atualmente conhecida como Catedral de São Basílio, mas,
em 1658, o patriarca Nikon
inverteu a ordem da procissão. Pedro I, como parte da
[[Reforma da Igreja de Pedro I|nacionalização da igreja, acabou com o costume,
com tentativas de recriação aparecendo novamente no século XXI.
Nas Igrejas não calcedonianas, as
folhas de palmeira são distribuídas na frente da igreja, nas escadarias e os
santuários são todos decorados com flores. A congregação então realiza a
procissão através da igreja e fora dela.
FONTE: WIKIPÉDIA – A ENCICLOPÉDIA LIVRE
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