segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Rafael Correa é reeleito presidente do Equador no 1º turno



Do G1, em São Paulo

 

O presidente do Equador, Rafael Correa venceu as eleições presidenciais realizadas no país neste domingo (17), confirmando as pesquisas de intenção de voto e boca de urna, que davam a vitória a Correa com mais de metade dos votos válidos.

Segundo resultados parciais, Correa recebeu 57% dos votos, o que lhe garantiu a vitória já no primeiro turno. Reeleito, o presidente, que está no poder desde 2007, ficará no poder pelos próximos quatro anos.

"Esta revolução ninguém para, estamos fazendo história. Estamos construindo a pátria pequena e a pátria grande. Obrigado por esta confiança, nunca lhes faltaremos, esta vitória é de vocês", disse Correa aos simpatizantes na Praça Grande.

Pelas leis eleitorais do país, para garantir uma vitória no primeiro turno é necessário obter 50% do total de votos, ou 40% mais uma margem de 10 pontos sobre o segundo colocado.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirmou os resultados da boca urna e deu a vitória a Correa, após apurar cerca de 40% dos votos. "A possibilidade de aumento ou diminuição significativa do candidato à reeleição é impossível" assegurou o presidente do CNE, Domingo Paredes em uma entrevsta á uma emissora estatal equatoriana, segundo a agência EFE.

Mesmo antes dos resultados oficiais serem divulgados, o presidente reeleito já comemorou ao saber que, pela boca de urna, tinha cerca de 61% da intenção de votos, muito à frente do adversário mais próximo, Guillermo Lasso, que obteve 21% dos votos.

 Correa e o vice-presidente Jorge Glass (à esquerda) comemoram vitória obtida já no primeiro turno (Foto: Martin Jaramillo/AP)
Correa e o vice-presidente Jorge Glass (à esquerda) comemoram vitória obtida já no primeiro turno (Foto: Martin Jaramillo/AP)

Correa "triunfou, conseguiu a reeleição e isto merece nosso respeito e reconhecimento, vamos felicitá-lo e a sua organização por terem conseguido isto", disse Lasso em um discurso em Guayaquil (sudoeste), no qual admitiu a derrota.

A eleição, que se desenrolou sem maiores inconvenientes no país andino, é vista como um referendo sobre a popularidade do único presidente que completou um mandato presidencial no Equador nos últimos 20 anos, em um país repetidamente golpeado por crises econômicas e políticas.

Para o presidente eleito, também é importante ganhar a maioria na Assembleia Nacional com 137 assentos, que perdeu após antigos aliados passarem para a oposição. Isso lhe permitiria aprovar com facilidade novas reformas para consolidar sua agenda socialista.

O banqueiro adversário direitista Guillermo Lasso reconheceu a vitória do presidente eleito, que ficará à frente do poder pelos próximos quatro anos. “É das pessoas decentes como são são vocês, como minha família e meus colaboradores, conhecer o triunfo dos outros, e esta noite quero reconhecer a vitória do presidente Rafael Corre”, disse Lasso em um discurso na cidade de Guayaquil.

Vitória dedicada a Chávez

Uma vitória de Correa ajudaria a fortalecer a liderança de chefes de Estado socialistas na região, como o boliviano Evo Morales e o uruguaio José Mujica, ante a ausência do venezuelano Hugo Chávez, o habitual ícone da esquerda latino-americana que está hospitalizado em Cuba há mais de dois meses lutando contra o câncer.

 Rafael Correa sorri ao depositar voto; boca de urna aponta para reeleição do presidente com 61% dos votos (Foto: Guillermo Granja/Reuters)
CCorrea  votou logo cedo e confirmou favoritismo ao conquistar o terceiro mandato (Foto: Guillermo Granja/Reuters)

Correa dedicou a vitória ao colega e aliado venezuelano que se recupera em Cuba de uma cirurgia contra um câncer.

"Aproveito a oportunidade para dedicar esta vitória a esse grande líder latino-americano que mudou a Venezuela, comandante Hugo Chávez Frías", exclamou Correa durante uma entrevista coletiva no palácio presidencial de Carondelet, no centro colonial de Quito.

O presidente socialista desejou a Chávez "uma pronta recuperação e o melhor dos futuros para sua queridíssima Venezuela. Eu o admiro muito."

Correa considerou um exagero de um setor da imprensa privada que Chávez seja apresentado como líder da esquerda latino-americana, e negou ter interesse em herdar esta influência diante de uma ausência do governante venezuelano.

"Estamos construindo isso juntos. É a imprensa, são certos grupos, que colocam Hugo como líder, o caudilho, e que todos estamos atrás, quando nós que o conhecemos sabemos que ele é a pessoa mais simples do mundo", afirmou.

Falando em nome de Chávez e de seus colegas de Argentina, Bolívia e Nicarágua, e dos líderes cubanos - Raúl e Fidel Castro-, Correa afirmou que "não buscamos nada para nós, e sim estaremos onde formos mais úteis para nossas pátrias pequenas e para a pátria grande", referindo-se aos respectivos países e à América Latina.

Sobre o caso do fundador do portal WikiLeaks, o australiano Julian Assange, asilado na embaixada do Equador em Londres, Correa disse que o caso deve ser solucionado com rapidez, e que isso depende da Europa. "O que existe é uma situação diplomática que tem que ser solucionada o mais rapidamente possível, e tudo está nas mãos da Europa."

'O Equador fez o que deveria fazer no exercício de sua soberania', insistiu Correa, defendendo a decisão de proteger Assange, a quem a Grã-Bretanha não concedeu um salvo-conduto para que deixe Londres.

O presidente equatoriano assinalou que "é um caso que foi analisado profundamente, e ficou evidente que, sim, havia um risco à sua vida. Por esse asilo, não entendemos por que pode existir um problema entre a Grã-Bretanha e o Equador."

"Não pode existir um problema por causa de um asilo, isto é neocolonialismo", afirmou Correa.

Trajetória

Economista formado nos Estados Unidos, Correa, de 49 anos, focou seu governo na redução da pobreza e da exclusão social, junto com uma retórica de repúdio ao passado recente do Equador, marcado por recorrentes crises econômicas e institucionais.

Seus opositores, no entanto, o criticam por ter aumentado o controle estatal sobre setores estratégicos, em prejuízo dos investimentos, e de ter se indisposto com os mercados financeiros ao declarar uma moratória da dívida nacional, logo no início do seu primeiro governo. Eles dizem que seu governo teve "sorte" por coincidir com uma fase de alta nos preços do petróleo.

Associado originalmente ao líder venezuelano Hugo Chávez, Correa levantou muitos dos postulados socialistas partilhados -com matizes- por outros países latino-americanos, como Bolívia ou Nicarágua.

Após um governo marcado por duros confrontos com a imprensa, a fragmentada oposição não conseguiu difundir para a população o discurso que qualifica o presidente como radical e autoritário.

Correa busca que seu projeto socialista se torne "irreversível" e promete uma reforma agrária, maior acesso a saúde e educação, ampliação da rede viária e diversificação da economia, para diminuir a dependência em relação ao petróleo.



FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO





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