Foram dois meses lutando para achar o caminho de
casa, sozinha. "Encontramos ela bem no quintal. Mal conseguia ficar em pé.
Estava tão fraca e faminta", lembra Barbara Mazzola, que mora a um
quilômetro e meio da casa da gata Holly.
Ela perdeu mais da metade do peso e enfrentou
perigos que ninguém nunca vai saber ao certo quais foram. "Quem sabe o que
ela passou? Nós estamos falando da Flórida, onde há cobras e jacarés", diz
Barbara.
Holly se perdeu dos donos em Daytona Beach. Saiu
do trailer estacionado na parte interna da pista de corrida da cidade. Pode ter
se assustado com os fogos de artifício da festa e ido para uma área mais
tranquila.
Jacob e Bonnie procuraram a gata durante três
dias. Distribuíram panfletos. Continuaram as buscas de casa. Jacob chegou a
perdeu a esperança. "Você sabe como são os gatos. ela poderia ter
encontrado outro lar", aponta.
Gata Holly passou dois meses
andando até encontrar o caminho de casa (Foto: Fantástico)
A gata teve a perseverança de uma sobrevivente.
Percorreu 320 quilômetros em menos de dois meses até chegar a West Palm Beach.
"As patas dela estavam desgastadas, cheias de sangue", conta Sara
Beg, a veterinária que examinou Holly.
Perguntada se ela realmente acredita que Holly
caminhou tanto no asfalto sem a ajuda de ninguém, Sara responde sem hesitar:
"Sim, eu acredito. Com base no estado em que ela chegou, desidratada, com
as patas daquele jeito, ela definitivamente percorreu essa distância
sozinha".
A façanha de Holly provocou debate na imprensa
americana. Especialistas foram ouvidos, mas ninguém chegou a uma conclusão.
"Eles não conseguem mesmo explicar. Alguns
dizem que os gatos podem se guiar pelo campo magnético da Terra; outros, que
eles podem sentir o cheiro do oceano, que vira um ponto de referência. Assim,
Holly saberia que o oceano estaria à esquerda e a rodovia, à direita. Mas o
fato é que ninguém tem certeza", diz Bonnie.
Microchip foi fundamental
Todo o esforço de Holly teria ido por água abaixo
se não fosse um microchip com as informações sobre os donos dela. Sara destaca
a importância de ter o microchip: "É essencial. Por trás de uma história
feliz, da recuperação de animais perdidos, tinha um microchip", argumenta.
O microchip é implantado sob a pele do animal. O
implante não causa dor e leva dois segundos. Nos Estados Unidos, ele custa o
equivalente a R$ 30. Cada chip tem um número de registro nacional, que aparece
quando se passa um escaner. As informações do animal e os contatos do dono
ficam armazenados em um banco de dados.
"Nós amamos o microchip. Deveria ser
obrigatório para todo animal”, defende Eve Van Engle, dono da clínica que
atendeu Holly.
A descoberta do microchip tirou de Barbara o
sonho de adotar Holly, que já chamava de Cosette, em homenagem a uma das
principais personagens do romance ‘Os miseráveis’, de Victor Hugo, uma menina
frágil, adotada, que consegue dar a volta por cima. "Quando disseram que
ela tinha um microchip, eu e milha filha começamos a chorar", lembra.
Barbara se consola com uma promessa: "Eles
disseram que eu posso ser a baby-sitter da Holly quando viajarem de novo para
Daytona".
Bonnie lembra que foi Holly quem escolheu viver
ali. Ela era uma gata de rua. Apareceu pela primeira vez no Natal de 2009 e
superou todos os obstáculos para reaparecer na véspera do Ano Novo. "Para
mim, foi uma milagre", diz.
Eve, que trata de 80 a 100 animais carentes por
dia, tem outra resposta: carinho. "É verdade que gatos abandonam as casas
em que moram, mas eles nunca deixam lares em que são realmente bem
tratados", destaca.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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