Paula Ramón Especial para o G1 em Caracas
As eleições presidenciais na Venezuela
serão realizadas no dia 14 de abril, decidiu neste sábado (9) o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.
Após uma extensa reunião, o conselho aprovou o
cronograma que regirá a campanha eleitoral após a morte do chefe de Estado,
Hugo Chávez, na passada terça-feira (5).
Os candidatos poderão formalizar a sua
candidatura até a próxima segunda-feira (11).
Pelo cronograma eleitoral aprovado, a campanha
eleitoral começará no dia 2 de abril e será permitida até o dia 12.
A presidente do CNE, Tibisay Lucena, informou que
os prazos foram reduzidos, mas que todos os passos para garantir um processo
transparente foram tomados em conta.
Tibisay pediu às Forças Armadas lembrar da sua
responsabilidade no processo e obrigação de fazer cumprir a constituição
nacional.
Nicolás Maduro compareceu
mais uma vez no velório de Chávez neste sábado (9) (Foto: Reuters)
O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro,
que deverá o candidato do governo, assumiu
a presidência interina da Venezuela na noite desta sexta-feira (8). A
interinidade foi questionada pelas forças opositoras, que consideram que o
Maduro não pode ser presidente interino e candidato eleitoral de forma
simultânea.
O líder opositor Henrique Capriles Radonski é o
mais provável rival de Maduro, depois de ter perdido para Chávez as eleições de
outubro de 2012. Apesar da derrota, Capriles obteve um recorde de votos para a oposição.
Capriles, que no dia 16 de dezembro foi reeleito
governador do estado de Miranda (norte), qualificou o ato de Maduro de
"inconstitucional" e afirmou que ele constitui "um abuso de
poder". O político da oposição advertiu que, se não vir mudanças no
cenário político venezuelano, poderá anunciar novas decisões.
Enquanto isso, a capital do país continua em
calma. Neste sábado, alguns locais abriram as portas, e o transporte público
ainda funciona gratuitamente. A lei seca e a proibição do porte de armas
estarão vigentes até a próxima terça-feira (12).
Quarto dia de velório
Nas longas filas para despedir-se dos restos mortais de Hugo Chávez, morto na terça-feira (5), o tema de conversação neste sábado (9), quarto dia do velório do chefe de Estado, não era só a morte do líder. Agora, os seguidores da Revolução Bolivariana de Chávez começam a debater a sucessão e o futuro do projeto político tão defendido por eles.
O grito de "Chávez vive" se mistura com
o novo slogan eleitoral do chavismo: "Com Chávez e Maduro, o povo está
seguro". Maduro era o vice-presidente nomeado por Chávez e assumiu, na
sexta-feira (8), o cargo de presidente interino do país. Ele deve ser o
candidato do movimento chavista na eleição presidencial que, pela constituição,
deverá ser realizada em abril (o prazo é de 30 dias após a morte do presidente
eleito, caso ele tenha morrido sem tomar posse).
Clima eleitoral toma conta dos chavistas
O comerciante José Pérez chegou na Academia Militar de Caracas às 7h da manhã deste sábado (8h30 em Brasília). Durante as mais de quatro horas na espera, Pérez discutia com seus vizinhos no lugar acerca da importância de manter a disciplina e garantir a eleição de Maduro com mais de 10 milhões de votos, a meta eleitoral que Chávez tentou em vão romper em várias ocasiões.
"É um presente que devemos dar para o nosso
comandante, devemos fazer isso para demostrar que ele ainda vive",
comentou Pérez, depois de confessar que ele tivesse preferido outros nomes para
o sucessor, como o atual chanceler, Elías Jaua. "Mas a decisão de Chávez
foi o Maduro e nós respeitamos a última vontade do nosso presidente",
acrescentou.
A campanha eleitoral que desponta de forma tácita
na Academia Militar tem foco em Chávez. O rostro do defunto presidente aparece
até sobre guloseimas, enquanto o nome do Maduro é gritado sempre fazendo menção
ao seu "pai político".
A professora Sonia Pereira, de 54 anos, assistiu
ao funeral para expressar a sua gratidão ao criador do processo revolucionário.
Para ela, teria sido sido melhor nomear o presidente da Assembleia Nacional,
Diosdado Cabello, como sucessor de Chávez na presidência. "Ele era militar
e era bom porque o Chávez também era militar, e com ele estávamos mais
organizados, mas, se a sua escolha foi Maduro, será por alguma razão",
diz.
A professora Sonia acha que a votação pode
superar a recolhida nas urnas em outubro do ano passado, e que a meta dos dez
milhões de votos não é impossível.
Alguns soldados do Exército venezuelano
encarregados da segurança, controle e entrega de alimentos no parque Los
Próceres afirmaram que não se importam com a possibilidade de ter de novo um
presidente civil. Consultados pela reportagem, eles dizem não temer mudanças no
seu status nem nas suas condições de vida.
O motorista Genaro Basulto, 39 anos, diz que em
seu bairro ainda não começaram os trabalhos de organização dos novos comícios
para eleger o próximo presidente da Venezuela. Mas opinou que o tempo restante,
mesmo que pouco, é suficiente para esquentar a mobilização vermelha.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA
GLOBO
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