Corpo do líder, morto terça, será velado até sexta na Academia Militar.
Chanceler anunciou eleições e disse que vice assume interinamente.
Paula Ramón Especial para
o G1, em Caracas*
Hugo Chávez
O cortejo fúnebre do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que morreu de
câncer na terça, aos 58 anos, tomou as ruas da capital do país, Caracas, nesta
quarta-feira (6).
O caixão com o corpo do presidente morto pelo
câncer, coberto com a bandeira venezuelana, desfilou durante cerca de 7 horas
pelas ruas de Caracas, rodeado de parentes, autoridades do governo e milhares
de seguidores emocionados.
O cortejo, em um trajeto de cerca de 8
quilômetros, foi do hospital militar em que Chávez passou os ultimos dias até a
Academia Militar, em cujo saguão o corpo será velado até sexta. O presidente
formou-se na Academia Militar em 1975, onde desenvolveu interesse pelo legado
de Simón Bolívar.
A mãe do controverso líder, Elena Frías, chorava
apoiada ao caixão. Às 18h locais (19h30 do horário de Brasília), efetivos da
Guarda de Honra Presidencial homenagearam o presidente. As filhas, familiares e
os dirigentes permanecerem junto ao caixão nas primeiras horas do velório.
Após
uma breve oração, o caixão foi colocado em um carro fúnebre e iniciou a lenta
marcha pelas ruas de Caracas, protegido por membros da Guarda de Honra.
O vice-presidente Nicolás Maduro,
vestido com um casaco esportivo com as cores venezuelanas, avançava na frente
do carro, junto ao presidente boliviano, Evo Morales.
Milhares de partidários, muitos vestidos com
camisas vermelhas, a cor do chavismo, acompanhavam o cortejo, decorado com
vários ramos de flores brancas e amarelas, enquanto outros o observavam a
partir das varandas dos edifícios.
O hino venezuelano voltou a tocar novamente, desta vez com a voz de Chávez gravada e entoada por todos os presentes. Em transmissão conjunta de radio e televisão, foram difundidos trechos de uma entrevista do chefe de Estado onde lembrava a sua trajetória e em que ele confessava que "não gostaria morrer, gostaria de seguir vivendo".
O hino venezuelano voltou a tocar novamente, desta vez com a voz de Chávez gravada e entoada por todos os presentes. Em transmissão conjunta de radio e televisão, foram difundidos trechos de uma entrevista do chefe de Estado onde lembrava a sua trajetória e em que ele confessava que "não gostaria morrer, gostaria de seguir vivendo".
Nenhuma alta autoridade do governo chavista se
pronunciou durante o cortejo.
Multidão acompanha o cortejo
levando o caixão de Chávez por Caracas (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
O governo determinou sete dias de luto oficial.
Os meios de transporte não vão cobrar passagem até sábado, segundo a TV
estatal.
Os primeiros presidentes da América Latina
começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira às
10h (11h30 de Brasília).
Pelo menos 7 países latino-americanos decretaram
luto nacional, entre eles Brasil, Argentina, Chile e Cuba.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e
seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar, às 5h (6h30 de
Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, deve
chegar na manhã de quinta.
O ministro da Defensa, Diego Molero, garantiu que
a Força Armada está com o governo, e informou que as portas da Academia Militar
ficaram abertas até a sexta para receber aos seguidores de Chávez. A cerimónia
fúnebre está programada para sexta-feira (8), às 10h locais (11h30 do horário
de Brasília).
A capital permanece tranquila. Escolas e a maior
parte das instituições públicas fecharam as suas portas durante o dia de hoje.
O banco estatal ordenou que seus funcionários vestissem roupas pretas.
Eleições em 30 dias
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, disse que o país vai convocar eleições dentro de 30 dias.
O vice-presidente, Nicolás Maduro, vai permanecer
interinamente no poder, segundo ele.
"Agora se produziu uma falta absoluta [do
presidente], assume o vice-presidente o poder como presidente, e eleições vão
ser convocadas nos próximos 30 dias", disse Jaua na TV Telesur.
"Essa é a ordem que nos deu o comandante
presidente Hugo Chávez."
Ele não deixou claro se isso significava que
seria realizada dentro de 30 dias ou apenas se ela seria convocada nesse
período.
A Constituição da Venezuela prevê que, no caso de
morte (falta absoluta) do presidente, o governo seja assumido pelo presidente
da Assembleia, o também governista Diosdado Cabello, mas
há outras interpretações.
Aguarda-se que o Tribunal Supremo de Justiça,
principal corte venezuelana, se pronuncie sobre o tema.
Cenário eleitoral
O cenário mais provável da eleição é que Nicolás Maduro seja o candidato do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela, chavista) e que Henrique Capriles seja o candidato das oposições.
Pesquisas recentes e analistas mostram Maduro com
ampla liderança sobre Capriles, em parte porque ele recebeu a
"bênção" de Chávez como seu "herdeiro político".
É provável ainda que ele se beneficie da comoção
nacional provocada pela agonia e pela morte do presidente.
Maduro tem sido um aliado próximo de Chávez há
anos, e provavelmente não fará grandes mudanças se for eleito.
Alguns têm sugerido que ele poderia tentar
aliviar as tensões com investidores e o governo dos EUA, embora, horas antes da
morte de Chávez, Maduro tenha afirmado que os "imperialistas"
inimigos tinha infectado o presidente com o câncer como parte de uma série de
conspirações com os adversários internos.
Dois adidos militares americanos foram expulsos
pelo governo acusados de "conspiração".
Já uma vitória de Capriles traria profundas
mudanças à Venezuela e seria bem recebida por grupos empresariais e
investidores estrangeiros, embora seja provável que ele agisse de forma
cautelosa para reduzir o risco de violência e de instabilidade política.
Capriles, em sua primeira manifestação após a
morte de Chávez, manteve um tom conciliador. Maduro também falou em
"união pelo futuro da pátria".
Medo
O anúncio da morte do presidente gerou incertezas no país. Algumas pessoas foram aos mercados para comprar e estocar alimentos, enquanto outras fizeram filas nos pontos de combustíveis para comprar gasolina.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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