André Resende Do G1 PB
Darling é a única mulher no
setor de mecânica da Cosibra na Paraíba (Foto: André Resende/G1)
“O preconceito só pode ser quebrado quando mais
mulheres perceberem que são capazes de fazer o que quiserem, independente do
que for”. Darling dos Santos Silva é a prova deste ensinamento que ela faz
questão de pregar. A paraibana de 24 anos trabalha há 4 anos como mecânica
industrial na Cosibra, empresa de produção de cisal situada em Santa Rita, na
Região Metropolitana de João Pessoa. A mecânica trabalha em um setor
predominantemente masculino e ocupa a função de soldadora, fato inédito no
setor industrial da Paraíba.
Tive que aprender a me impor
como uma profissional e como mulher"
Darling dos Santos,
mecânica industrial
mecânica industrial
Darling dos Santos explica que precisou superar o
preconceito, a desconfiança e as próprias limitações para conseguir alcançar o
objetivo que ela mesma traçou para si. “Não diria que fui vítima de
discriminação. Fui bem recebida pelos meus colegas de trabalho, mas é óbvio que
você nota uma certa desconfiança. Precisei me impor, como profissional, com
respeito e dedicação tive tempo para mostrar meu trabalho”, comentou.
Casos como o Darling dos Santos são uma pequena amostra do aumento do número de mulheres no mercado de trabalho de todo o Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE). Conforme dados do Censo 2010 divulgados em dezembro de 2012, o número de mulheres ocupadas cresceu cerca de 24% em 10 anos.
Casos como o Darling dos Santos são uma pequena amostra do aumento do número de mulheres no mercado de trabalho de todo o Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE). Conforme dados do Censo 2010 divulgados em dezembro de 2012, o número de mulheres ocupadas cresceu cerca de 24% em 10 anos.
Darling trabalha como
soldadora, ocupação predominantemente masculina (Foto: André Resende/G1)
Ainda conforme os dados do IBGE, as mulheres
também têm o maior percentual com nível superior entre a população ocupada,
cerca de 19,2%, em comparação com os homens, que é de 11,5%. Mesmo assim, o
percentual de mulheres no mercado de trabalho brasileiro ainda é menor que o de
homens. De acordo com o último Censo, cerca de 63% da população ocupada no país
ainda é de homens.
Superando preconceitos e temores
Antes de vencer qualquer preconceito que eventualmente existisse entre os colegas, Darling dos Santos relata que precisou primeiro superar o temor da própria mãe. Segundo ela, a mãe temia que pudesse existir algum tipo de assédio por conta do ambiente predominantemente masculino.
“Minha mãe tinha receio, achava que eu fosse
sofrer com o preconceito, que fosse passar por algum tipo de situação
complicada ou constrangedora. Mas só tenho a elogiar meus colegas, sempre tive
a ajuda de todos quando precisei e nunca passei por nenhum situação mais
constrangedora. Tive que aprender, por recomendação da empresa e por alertas da
minha mãe, a me impor como uma profissional e como mulher”, relata.
De acordo com Roberta Viana, coordenadora do
setor de Recursos Humanos da Cosibra, empresa que emprega Darling, foi preciso
uma reunião com os colegas de trabalho antes de contratar a primeira mulher
para o setor de mecânica. “Tivemos que orientar os funcionários sobre a
presença de Darling. Ela sempre se mostrou uma profissional dedicada e
qualificada, era do nosso interesse fazer com que Darling fosse efetivada, mas
para evitar qualquer problema, tivemos que ter um cuidado redobrado na
admissão”, contou Roberta Viana.
Mecânica precisou superar
desconfiança dos colegas até mostrar seu
potencial (Foto: André Resende/G1)
Paixão pela mecânica
Segundo Darling, a princípio não havia nenhum interesse em superar preconceitos. Ela conta que estava cansada de trabalhar com vendas e tinha interesse em fazer um curso profissionalizante. Então decidiu procurar o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e por uma influência indireta da família, tendo em vista a ocupação de mecânico automotivo do pai e do irmão, escolheu o curso de mecânica industrial.
“Eu já conhecia a mecânica por conta do meu pai.
Então escolhi mecânica industrial, porque já tinha certa intimidade, vendo meu
pai trabalhar. Nem levei em consideração que esta sempre foi uma área com muito
mais homens que mulheres. Logo depois comecei a estagiar na Cosibra, e em
seguida fui efetivada como a primeira mulher da área da mecânica na empresa.
Acabei serviço de exemplo, de incentivo para muitas pessoas”, completou.
Segundo a mecânica, com o passar dos anos o
interesse pelo tema foi aumentando, tanto que logo após término do curso de
Mecânica Industrial no Senai, ela concluiu os cursos de especialização em solda
e ingressou no curso técnico de Mecânica no Instituto de Tecnologia da Paraíba
(IFPB).
Para superar os desafios, Darling dos Santos afirma que é preciso primeiramente
não desistir nunca de seus objetivos.
“É preciso ter coragem, dedicação e superar as
perspectivas que as pessoas tem das mulheres. Não existe mais função exclusiva
para homens ou para mulheres. A mulher moderna sabe que pode chegar onde ela
quiser, basta acreditar”, concluiu.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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