Após perder grandes chances, holandês dá assistência para Mandzukic
abrir o placar e define vitória sobre Borussia Dortmund em Wembley: 2 a 1
Arjen Robben
teve uma, duas, três enormes chances de abrir o placar em Wembley. Era
inevitável não relacioná-las ao pênalti perdido diante do Chelsea, há um
ano, na prorrogação, que acabou sendo decisivo para a perda do título
na Allianz Arena. O craque holandês, que começou esta Liga dos Campeões
na reserva, aproveitou-se da lesão do titular Toni Kroos para brilhar e,
enfim, poder dizer que é um herói. Um super-herói, com o perdão do
trocadilho que o seu nome sugere. Com um lindo gol do camisa 10 aos 44
minutos do segundo tempo, o Bayern de Munique confirmou o seu
favoritismo ao derrotar o Borussia Dortmund, por 2 a 1, neste sábado, e
dar um fim à sina de vice-campeões após duas finais perdidas em três
anos.
Eleito pela Uefa o melhor em campo, Robben ainda teve grande parcela de
responsabilidade no primeiro gol do jogo, marcado pelo croata
Mandzukic. Foi do holandês o passe açucarado para o centroavante apenas
completar para as redes, aos 15 minutos do segundo tempo, após driblar o
goleiro Weidenfeller. Pouco depois, aos 23, o Borussia Dortmund viria a
empatar a partida, em pênalti cometido por Dante e cobrado com
categoria por Gündogan. Mas foi pouco para o conto de fadas aurinegro se
tornar realidade.
Robben beija a taça: craque holandês enfim conquista a Liga dos Campeões com o Bayern (Foto: Reuters)
Esta é a quinta vez que os bávaros erguem a "orelhuda". As três
primeiras vieram de forma consecutiva, em 1974, 75 e 76, com o grande
time liderado por Franz Beckenbauer. Em 2001, uma conquista nos pênaltis
sobre o Valencia devolveu ao clube a "áurea" de um campeão. Agora, com a
conquista em Londres, o Bayern se torna o terceiro maior vencedor da
competição, atrás apenas de Milan (sete) e Real Madrid (nove) títulos,
igualando-se ao Liverpool e descolando-se de um grupo que tinha
Barcelona e Ajax.
Campeão alemão com seis rodadas de antecedência, o Bayern agora
persegue a chamada "Tríplice Coroa". Ela poderá vir no próximo sábado,
data da decisão da Copa da Alemanha, contra o Stuttgart, em Berlim. A
dúvida fica por conta da participação dos brasileiros Dante e Luiz
Gustavo, já que os dois terão de se apresentar à seleção de Felipão na
próxima terça-feira - além deles, o lateral-direito Rafinha foi outro
brasuca a colocar uma medalha no peito. Esta será ainda a despedida do
técnico Jupp Heynckes, a ser substituído pelo espanhol Pep Guardiola a
partir de julho.
O Borussia Dortmund, dono de campanha louvável ao eliminar Manchester
City, Ajax, Shakhtar, Málaga e o Real Madrid, segue apenas com um
título, conquistado em 1997. A jovem equipe comandada pelo irreverente
técnico Jürgen Klopp terá outra oportunidade de se sagrar campeã
europeia na próxima temporada, já que garantiu classificação diretamente
à fase de grupos por ter sido a segunda colocada na Bundesliga. Mas sem
Mario Götze, maior revelação alemã dos últimos anos, que trocará o
Borussia justamente pelo Bayern na abertura da próxima janela.
Mario Götze torceu para o Borussia, mas viu o futuro clube Bayern levar o título (Foto: Reuters)
Neuer e Weidenfeller garantem o zero
Foi uma ironia daquelas. Com nove confrontos desde a temporada
2010/2011 - muitos deles decisivos -, Borussia e Bayern passaram os
primeiros dez minutos estudando um ao outro em Wembley. Os toques de
lado, temendo serem surpreendidos por uma roubada de bola na
intermediária, deram o tom no início da primeira final alemã da Liga dos
Campeões. A postura da dupla durou pouco tempo, é bem verdade, mas deu a
impressão de que os 90 minutos seriam longos. Pelo bem do futebol, não
passou de ledo engano.
Franco-atirador da decisão, o Dortmund tomou a liberdade de atacar em
suas primeiras iniciativas. Muitas, no caso. Com o "gegenpressing" em
prática - tática que explica a transição veloz dos aurinegros -, a
equipe do técnico Jürgen Klopp empurrou os bávaros e conseguiu criar
inúmeras oportunidades para abrir o placar. A vantagem poderia até ter
sido razoável ao fim do primeiro tempo se o Bayern não contasse com uma
estrela também debaixo das traves.
Aos dez, Kuba deu o primeiro aviso. Contra-ataque, bola recebida na
grande área e um chute sem muito perigo, por cima da meta de Manuel
Neuer. O goleiro viria a trabalhar aos 13, quando Lewandowski,
centroavante que trata a bola com carinho, arriscou de longe. No minuto
seguinte, Gündogan lançou Reus, que cruzou para Kuba pegar bonito. O
alemão salvou com os pés.
Neuer salva com os pés gol certo de Kuba: Borussia foi superior na primeira metade da etapa inicial (AFP)
Neuer espalmaria ainda mais duas bolas. Aos 18, num chute de canhota de
Reus. Aos 21, numa conclusão à meia-altura de Bender. Com uma defesa
recordista na temporada e dona de números impressionantes no Campeonato
Alemão - 18 gols sofridos em 34 jogos -, ele provavelmente não se
lembraria de um jogo em que foi tão protagonista nos últimos tempos.
Bayern cresce e iguala jogo
O Bayern tampouco. Se não estava irreconhecível, aparentava uma
fraqueza não vista nos últimos meses. Por isso tratou de reagir logo e
conseguiu equilibrar o panorama do jogo na segunda metade. As primeiras
oportunidades nasceram aos 26 minutos, pelo alto: uma cabeçada de
Mandzukic forçou Weidenfeller a desviar brilhantemente no seu contrapé.
Depois, Javi Martínez jogou boa chance para fora.
Do banco de reservas, Jupp Heynckes, em seu penúltimo jogo pelo Bayern,
ainda teria outros motivos para se lamentar. Aos 30, Robben foi
acionado por Müller, entrou com liberdade, mas concluiu em cima de
Weidenfeller. O holandês perderia gol claro aos 42, quando aproveitou-se
de falha de Hummels para ficar cara a cara com o goleiro alemão. Mas a
finalização carimbou o rosto do camisa 1.
Pouco antes, o outro destaque da noite colocou na conta mais uma grande
defesa. Aos 34, Lewandowski girou sobre a marcação de Boateng e invadiu
a área em ótima chances. Uma saída praticamente perfeita impediu que o
polonês abrisse o placar. Os 45 minutos iniciais terminaram com 0 a 0 no
placar, mas cheios de emoção.
Weidenfeler defende chute de Robben com o rosto: holandês perdeu gols, mas viria a ser o herói (Reuters)
Robben, ele mesmo, decisivo
O segundo tempo começou num ritmo mais lento que o primeiro. Desta vez
com o Bayern um pouco melhor, produzindo e, principalmente, não deixando
ser surpreendido. Aos 14, após pequeno hiato sem emoção, os vermelhos
chegaram perto do primeiro. Bola cruzada na pequena área e Mandzukic
falhou. Não teve problema. Um minuto depois e lá estava ele para
completar para o fundo das redes.
Ribéry achou Robben com lindo passe
por dentro da defesa, o holandês driblou Weidenfeller e cruzou para o
centroavante croata escorar: 1 a 0.
O Borussia claramente sentiu o golpe. Nervoso, esteve perto de se
complicar em algumas saídas de bola. Precisava de um lance isolado, e
ele surgiu aos 22. Reus recebeu lançamento na grande área e acabou
derrubado por Dante, que já tinha cartão amarelo. O árbitro Nicola
Rizzoli assinalou o pênalti, mas economizou ao punir o zagueiro
brasileiro com uma advertência. Gündogan deslocou Neuer para empatar.
O Bayern, no entanto, seguia melhor. Não apenas tecnicamente, diga-se.
Parecia sobrar em campo. Multiplicou-se na proporção dos vermelhos que
ocupavam metade das arquibancadas de Wembley. Por muito pouco não
respondeu de imediato, aos 27, quando Müller limpou Weidenfeller e
cruzou rasteiro. Robben estava preparado para marcar, mas faltou aquela
entrega extra. O sérvio Subotic, então, apareceu com um carrinho para
salvar.
Gündogan cobrou pênalti no lugar de Lewandowski e empatou o jogo (Foto: Reuters)
Os bávaros seguiam pressionando. Aos 30, Alaba arriscou de fora da área
e obrigou o goleiro a jogar para escanteio. Logo em seguida, Müller
reclamou de um puxão de Subotic na entrada da área. Ele conseguiu tocar
para Mandzukic, que não aproveitou. Aos 42, Schweinsteiger, até certo
ponto sumido na partida, também soltou a sua bomba. O camisa 1 do
Borussia afastou de soco.
De tanto insistir, o Bayern chegou à vitória com aquele que seria o
mais criticado em caso de outra decepção. Aos 44, Ribéry deixou de
calcanhar de forma fantástica para Robben, que tirou Hummels e Subotic
com um só toque antes de concluir lentamente para o fundo das redes.
Depois de dois vice-campeonatos, chegou a hora de comemorar.
Ficha técnica:
Borussia Dortmund: Weidenfeller, Piszczek, Subotic,
Hummels e Schmelzer; Bender (Sahin) e Gündogan; Kuba (Schieber), Reus e
Grosskreutz; Lewandowski. Técnico: Jürgen Klopp.
Bayern de Munique: Neuer, Lahm, Boateng, Dante e
Alaba; Javi Martínez e Schweinsteiger; Ribéry (Luiz Gustavo), Robben e
Müller; Mandzukic (Mario Gómez). Técnico: Jupp Heynckes.
Gols: Mandzukic, aos 15, Gündogan, aos 23, e Robben, aos 44 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Dante e Ribéry (Bayern); Grosskreutz (Borussia).
Estádio: Wembley. Data: 25/05/2013. Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália).
Robben e Thomas Müller explodem de felicidade com o gol do holandês no finzinho (Foto: Reuters)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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