A criança precisa compreender o motivo do "erro" com explicações objetivas e uso do afeto, diz especialista; além do diálogo, técnicas que induzem à autorreflexão também funcionam
Por Rita Cássia, Especial para o Yahoo! | Yahoo! Brasil – seg, 20 de mai de 2013 08:03 BRT
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Yahoo! Brasil - Segundo especialistas, o ideal é conversar com os filhos sobre as consequências de seu comportamento.
Autocontrole
e autoridade, se fosse tão fácil mantê-los na hora em que seu filho
resolve entender o “não” como “sim”, a tarefa de educá-lo seria mais
simples. Encontrar a maneira ideal de corrigir as crianças parece "bicho
de sete cabeças", mas há uma fórmula básica para manter a disciplina
dentro de casa. O amor incondicional dos pais é premissa, mas deve estar
sempre acompanhado de uma dose de limite.
Uma equação difícil de ser resolvida pela técnica de enfermagem Camilla Campos, 39 anos. Mãe de dois meninos – Felipe, 15, e Anderson, 5 –, ela enfrentou com o caçula tudo o que não passou com o mais velho. “Não compreendia porque o comportamento dos dois é tão diferente se são tratados de maneira igual. Sofria muito com isso.”
Foi tão complicado achar a forma correta para educar o menor, que a mãe buscou a ajuda de uma psicóloga infantil e seguiu a orientação: “use a autoridade, sem ser autoritária”. Camilla passou a aplicar duas técnicas para evitar birras e peraltices do caçula. “A primeira etapa foi mais difícil, tive colocá-lo no ‘cantinho da reflexão’. Se a conversa não dá jeito, ele fica sentado por cinco minutos, pensando no seu comportamento.”
Outra dica que costuma usar é a chamada técnica do 1,2,3. “Simples, quando não tenho mais como argumentar e percebo que ele está querendo inverter a situação, começo a contar até três. E esta regra serve para os dois, que já sabem o momento de parar com a queda de braço”, conta, ao admitir que a técnica funciona melhor quando aplicada pelo marido, o engenheiro Ricardo Henrique Aguiar, 43 anos. “Ele não discute. É mais respeitado.”
A mãe do ‘pimentinha’ não encara os métodos como um castigo. “É uma maneira de ele (o mais novo) se acalmar e tentar entender que errou. Não foi fácil no começo, mas aprendi a não me sentir culpada. Entendi que impor regras faz parte do jogo para manter um bom relacionamento.” A imposição é fundamental, desde que seja coerente e clara, sem deixar de lado o carinho e afeto pela criança.
Amar X impor limites
Segundo a pesquisadora do Laboratório de Psicologia Ambiental e Desenvolvimento Humano da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Maria Aznar-Farias, é necessário manter o equilíbrio entre amor e imposição de limites quando se trata da forma mais benéfica ao estabelecer o que ela chama de “disciplina parental”.
Para a regra funcionar, os pais precisam estar no controle, sem perder a cabeça ou demonstrar irritação com a situação. “O amor não deve impedir a colocação de limites. Da mesma forma, esses limites devem estar baseados em necessidades que respeitem a criança dentro do contexto e não que sejam dependentes do estado de espírito dos pais.”
Impor regras coerentes e constantes é inevitável para garantir que este limite seja respeitado, passo que a professora considera “saudável” no processo de socialização de uma criança, “além de ser um ato de amor”, alega.
Diálogo é a melhor opção
A especialista em comportamento humano defende que castigar não é o melhor caminho para corrigir o comportamento dos filhos. Segundo ela, a prática coercitiva – que estimula a ameaça, punição física ou verbal e retirada de privilégios – significa um modelo agressivo de solucionar problemas. Neste sentido, o diálogo ainda é a melhor saída.
“A punição só pode ocorrer em casos realmente difíceis, quando todas as alternativas de explicação e uso de afeto não obtém resultados”, reforça. Mesmo se existir algum perigo físico, social ou psicológico, usar a força para punir uma criança não é adequado. “Volto a insistir que os pais devem ter em mente que são modelos e que se usam a agressão para resolver problemas, estarão dando para os filhos essa ideia de atuação.”
O ideal, defendem especialistas, é utilizar técnicas indutivas na educação dos filhos, ou seja, conversar com eles sobre as consequências de seu comportamento. Foi assim que Camilla Campos, a mãe de Anderson, conseguiu controlar, em parte, a conduta impulsiva do caçula. “Ele sabe exatamente as consequências de cada ato. Conversamos muito e nunca há ameaças. Agora, quando eu falo, cumpro.”
Mas, segundo Maria Aznar-Farias, há um segredo básico para aplicar o método com crianças pré-escolares. “As explicações devem ser breves, claras e concretas, seguidas de uma consequência objetiva relacionada aos comportamentos inadequados. Isso evita que a criança fique confusa sobre o que fazer”, alerta a profissional, que leciona a disciplina ciências aplicadas à pediatria na universidade.
De tanto buscar alternativas para acalmar os ânimos do filho, Camilla já fala no tema com propriedade e sugere dicas complementares para ajudar na hora de educar uma criança. “Primeiramente, crie regras e dê o exemplo cumprindo com seus compromissos. Mostre ao seu filho a importância dele para a família, deixando claro que ele tem um papel. Cobre-o, dê tarefas a ele e elogie. Descobri que fiz tudo isso com o mais velho, mesmo sem saber. E funcionou.”
A mãe admite, o tempo que levou para ter o segundo filho – são 10 anos de diferença entre os dois – mudou sua forma de atuar na educação de cada um, mas avalia que a maturidade ajudou-a a compreender o instinto de “menino maluquinho” do mais novo.
Apesar de lembrar que sua criação foi diferente, a técnica de enfermagem, que tem pais extremamente severos, resolveu levar adiante os conselhos da psicóloga. “Tenho preocupação com os dois, mas são experiências diferentes. De qualquer forma, fico feliz em saber que acerto quando sou afetiva e dedico meu tempo livre conversando e brincando com eles. Hoje, sei dizer não sem ter medo de perder o amor dos meus filhos.”
Uma equação difícil de ser resolvida pela técnica de enfermagem Camilla Campos, 39 anos. Mãe de dois meninos – Felipe, 15, e Anderson, 5 –, ela enfrentou com o caçula tudo o que não passou com o mais velho. “Não compreendia porque o comportamento dos dois é tão diferente se são tratados de maneira igual. Sofria muito com isso.”
Foi tão complicado achar a forma correta para educar o menor, que a mãe buscou a ajuda de uma psicóloga infantil e seguiu a orientação: “use a autoridade, sem ser autoritária”. Camilla passou a aplicar duas técnicas para evitar birras e peraltices do caçula. “A primeira etapa foi mais difícil, tive colocá-lo no ‘cantinho da reflexão’. Se a conversa não dá jeito, ele fica sentado por cinco minutos, pensando no seu comportamento.”
Outra dica que costuma usar é a chamada técnica do 1,2,3. “Simples, quando não tenho mais como argumentar e percebo que ele está querendo inverter a situação, começo a contar até três. E esta regra serve para os dois, que já sabem o momento de parar com a queda de braço”, conta, ao admitir que a técnica funciona melhor quando aplicada pelo marido, o engenheiro Ricardo Henrique Aguiar, 43 anos. “Ele não discute. É mais respeitado.”
A mãe do ‘pimentinha’ não encara os métodos como um castigo. “É uma maneira de ele (o mais novo) se acalmar e tentar entender que errou. Não foi fácil no começo, mas aprendi a não me sentir culpada. Entendi que impor regras faz parte do jogo para manter um bom relacionamento.” A imposição é fundamental, desde que seja coerente e clara, sem deixar de lado o carinho e afeto pela criança.
Amar X impor limites
Segundo a pesquisadora do Laboratório de Psicologia Ambiental e Desenvolvimento Humano da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Maria Aznar-Farias, é necessário manter o equilíbrio entre amor e imposição de limites quando se trata da forma mais benéfica ao estabelecer o que ela chama de “disciplina parental”.
Para a regra funcionar, os pais precisam estar no controle, sem perder a cabeça ou demonstrar irritação com a situação. “O amor não deve impedir a colocação de limites. Da mesma forma, esses limites devem estar baseados em necessidades que respeitem a criança dentro do contexto e não que sejam dependentes do estado de espírito dos pais.”
Impor regras coerentes e constantes é inevitável para garantir que este limite seja respeitado, passo que a professora considera “saudável” no processo de socialização de uma criança, “além de ser um ato de amor”, alega.
Diálogo é a melhor opção
A especialista em comportamento humano defende que castigar não é o melhor caminho para corrigir o comportamento dos filhos. Segundo ela, a prática coercitiva – que estimula a ameaça, punição física ou verbal e retirada de privilégios – significa um modelo agressivo de solucionar problemas. Neste sentido, o diálogo ainda é a melhor saída.
“A punição só pode ocorrer em casos realmente difíceis, quando todas as alternativas de explicação e uso de afeto não obtém resultados”, reforça. Mesmo se existir algum perigo físico, social ou psicológico, usar a força para punir uma criança não é adequado. “Volto a insistir que os pais devem ter em mente que são modelos e que se usam a agressão para resolver problemas, estarão dando para os filhos essa ideia de atuação.”
O ideal, defendem especialistas, é utilizar técnicas indutivas na educação dos filhos, ou seja, conversar com eles sobre as consequências de seu comportamento. Foi assim que Camilla Campos, a mãe de Anderson, conseguiu controlar, em parte, a conduta impulsiva do caçula. “Ele sabe exatamente as consequências de cada ato. Conversamos muito e nunca há ameaças. Agora, quando eu falo, cumpro.”
Mas, segundo Maria Aznar-Farias, há um segredo básico para aplicar o método com crianças pré-escolares. “As explicações devem ser breves, claras e concretas, seguidas de uma consequência objetiva relacionada aos comportamentos inadequados. Isso evita que a criança fique confusa sobre o que fazer”, alerta a profissional, que leciona a disciplina ciências aplicadas à pediatria na universidade.
De tanto buscar alternativas para acalmar os ânimos do filho, Camilla já fala no tema com propriedade e sugere dicas complementares para ajudar na hora de educar uma criança. “Primeiramente, crie regras e dê o exemplo cumprindo com seus compromissos. Mostre ao seu filho a importância dele para a família, deixando claro que ele tem um papel. Cobre-o, dê tarefas a ele e elogie. Descobri que fiz tudo isso com o mais velho, mesmo sem saber. E funcionou.”
A mãe admite, o tempo que levou para ter o segundo filho – são 10 anos de diferença entre os dois – mudou sua forma de atuar na educação de cada um, mas avalia que a maturidade ajudou-a a compreender o instinto de “menino maluquinho” do mais novo.
Apesar de lembrar que sua criação foi diferente, a técnica de enfermagem, que tem pais extremamente severos, resolveu levar adiante os conselhos da psicóloga. “Tenho preocupação com os dois, mas são experiências diferentes. De qualquer forma, fico feliz em saber que acerto quando sou afetiva e dedico meu tempo livre conversando e brincando com eles. Hoje, sei dizer não sem ter medo de perder o amor dos meus filhos.”
FONTE: YAHOO! BRASIL
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