Promulgação da emenda constitucional completa um mês nesta quinta.
Desde então, se iniciaram processos de ao menos dez novos sindicatos.
Creuza Maria Oliveira, presidente da Federação
Nacional das Trabalhadoras Domésticas, durante a votação da PEC das Domésticas no Senado (Foto: Pedro França/ Agência Senado)
Nacional das Trabalhadoras Domésticas, durante a votação da PEC das Domésticas no Senado (Foto: Pedro França/ Agência Senado)
Um mês depois da promulgação
da emenda das domésticas, pelo menos dez editais de convocação para a
criação de sindicatos do setor (sete de empregadores e três de
empregados) foram publicados no “Diário Oficial da União”, apontou
levantamento do G1. Seis convocações ocorreram em municípios de São Paulo, três no Rio de Janeiro, e uma em Minas Gerais.
Por meio do edital de convocação, manifesta-se a intenção de se criar
um sindicato, como é o caso de pedido feito por grupo da região do ABC,
em São Paulo, no dia 4 de abril, um dia depois da promulgação da emenda
das domésticas.
“A Comissão Organizadora do Sindicato dos Empregadores Domésticos do
ABCD convoca os empregadores domésticos dos municípios de Santo André,
São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema, para a Assembleia
Geral a ser realizada no dia 29 de abril de 2013, às 20:00 (vinte)
horas, em convocação única, na Rua Doutor Fláquer, 421, Centro, neste
município de São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, a fim de
deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia: 1.) Fundação do Sindicato dos
Empregadores Domésticos do ABCD; 2.) Aprovação do Estatuto e do
Regulamento Eleitoral; 3.) Eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal.
São Bernardo do Campo, 4 de abril de 2013.”
O Ministério do Trabalho e Emprego informou que, desde a promulgação da
emenda, dois sindicatos já pediram registro formal: o Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Domésticas do Estado de Sergipe
(Sindomesticos) e o Sindicato Patronal das Empregadas Domésticas do
Estado de Minas Gerais (Sinped MG).
Com a emenda, a jornada de trabalho das empregadas foi regulamentada em
oito horas diárias e 44 horas semanais. O pagamento de horas extras, a
garantia de salário nunca inferior ao mínimo (hoje em R$ 678) e o
reconhecimento de convenções ou acordos coletivos também estão em vigor.
Antes da promulgação da emenda, o ministério havia concedido registro a
45 sindicatos de empregados domésticos e a quatro patronais.
Entre as exigências para a abertura de um sindicato, está a publicação
no “Diário Oficial” e em um jornal de grande circulação do edital de
convocação dos membros da categoria para a assembleia geral de fundação
da entidade. O edital deve ser encaminhado ao Ministério do Trabalho
após o envio eletrônico de dados para o registro sindical.
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Manoel
Messias Melo, diz acreditar que o número de pedidos tende a aumentar.
“Tive informações de que têm sido publicados muito editais convocando
assembleias para criar sindicatos, nos diários oficiais e em jornais de
grande circulação [...]. É natural que, com a ampliação dos direitos,
aumentem o número de entidades para procurar valer direitos”, disse
Melo.
De acordo com o secretário, os sindicatos devem passar por rigoroso
processo de registro para evitar organizações que atuam de forma
irregular ou ilegítima. “Vamos verificar o registro, como é feito em
todas as categorias. Nós temos a obrigação de aumentar o nosso controle
para evitar a atuação de sindicatos ilegítimos”, disse.
Em março deste ano, foi publicada portaria com as novas regras para a
abertura de sindicatos. As normas estabelecem verificação maior da
identificação e qualificação dos dirigentes e representantes, para
evitar que pessoas alheias à categoria criem ou alterem sindicatos.
Outra regra exige que atas e estatutos terão de ser registrados em
cartório. Atualmente, existem mais de 14 mil sindicatos no Brasil.
Para Francisco Marques de Lima, coordenador nacional de Promoção da
Liberdade Sindical do Ministério Público do Trabalho, entre os pedidos
de criação de sindicatos, há quem tenha posição “combativa” e há os que
querem apenas "receber os benefícios".
“No momento em que a categoria passou a ter direitos dos demais
trabalhadores, inclusive a contribuição, as pessoas querem organizar os
sindicatos. Não descarto a possibilidade de haver pedidos para a criação
de sindicatos combativos e outros que só querem receber os benefícios.
Em todos os ramos têm sido”, disse.
Os sindicatos se beneficiam com a contribuição sindical paga pelo
trabalhador uma vez por ano, correspondente à remuneração de um dia
normal de trabalho, sem inclusão de horas extras.
Sindicatos patronais
O secretário do Ministério do Trabalho afirmou ser contrário à criação dos sindicatos patronais. De acordo com Melo, as entidades desse tipo registradas anteriormente à emenda foram oficializadas graças a decisões judiciais.
O secretário do Ministério do Trabalho afirmou ser contrário à criação dos sindicatos patronais. De acordo com Melo, as entidades desse tipo registradas anteriormente à emenda foram oficializadas graças a decisões judiciais.
“A posição do ministério até o momento é o entendimento que empregador
doméstico não é uma organização econômica e, portanto, não teria
obrigação sindical. Os que existem foram consolidados pela Justiça. A
família [o empregador] não é uma empresa”, afirmou.
Já a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas,
Creuza Maria Oliveira, defende que existam entidades com representação
exclusiva de patrões para haver acordos.
“Fala-se muito nos novos direitos trabalhistas, mas acordos coletivos,
por exemplo, não vão poder ser feitos se não existir sindicato
patronal”, disse Creuza Oliveira.
“Somos muito procurados por patrões que querem saber o que fazer quando
têm problemas com a empregada. É importante ter sindicato patronal para
ter acordo patronal e resolver várias coisas que dizem respeito a
eles”, afirmou.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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