A
partir de agora, ele é Papa Emérito, e conclave escolherá seu sucessor.
'Sou um simples peregrino', disse ele na despedida em Castel Gandolfo.
Do G1, em São Paulo
Membro da Guarda Suíça fecha as portas da
residência papal de verão, em Castel Gandolfo, para marcar o fim do pontificado
de Bento XVI, nesta quinta-feira (28) (Foto: AP)
Papa Bento XVI
A renúncia do Papa Bento XVI começou a
valer oficialmente às 20h desta quinta-feira (28) no Vaticano, 16h de Brasília.
Começa assim o período da Sé Vacante, em que a
Igreja Católica fica provisoriamente sem líder -geralmente por conta da morte
de um Papa e, neste caso excepcional da renúncia.
A guarnição da Guarda Suíça que acompanhou
Bento XVI à residência papal de Castel Gandolfo se retirou do local, e a
bandeira papal branca e amarela foi abaixada.
A partir desse momento, a segurança de Bento XVI
está garantida pela Gendarmaria Vaticana.
Os aposentos
papais no Vaticano também foram trancados, e só voltarão a ser ocupados
pelo próximo pontífice.
O site do Vaticano também
registrou a situação de Sé Vacante.
Durante a Sé Vacante, os assuntos da igreja ficam
sob a responsabilidade do Camerlengo. O atual Camerlengo é o secretário de
Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone.
Papa Emérito
Bento XVI deixou o Vaticano cerca de três horas antes rumo à residência, onde deve ficar cerca de dois meses.
Depois desse período, o agora Papa Emérito, que
vai continuar usando o nome de Bento XVI, vai se estabelecer em um mosteiro
no Monte do Vaticano, que está sendo reformado para recebê-lo.
Conclave
Agora, os cardeais se organizam para escolher o sucessor, após os oito anos de pontificado de Bento XVI, marcados por controvérsias e escândalos.
O decano do Colégio Cardinalício, Angelo Sodano,
deve convocar formalmente nesta sexta-feira, o conclave. A primeira reunião
preparatória para definir a data de início deve ocorrer na próxima
segunda, 4 de março, disse informalmente o cardeal de Nápoles, Crescenzio Sepe.
O Papa Bento XVI acena para
os fiéis da sacada da residência de Castel Gandolfo, pouco após deixar o
Vaticano nesta quinta-feira (28) (Foto: Reuters)
'Peregrino'
Ao chegar à pequena vila de Castel Gandolfo, a 30 quilômetros de Roma, Bento XVI disse aos fiéis que o esperavam que agora não é mais pontífice, "mas um simples peregrino encerrando seu caminho nesta terra".
"Obrigado por sua amizade e seu afeto. Como
vocês sabem, hoje é um dia diferente dos anteriores. Eu só serei o Sumo
Pontífice da Igreja Católica até as 20h. Depois disso, serei simplesmente um
peregrino que está começando a fase final de seu caminho nesta terra",
disse o alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos, da sacada, antes de se recolher ao
edifício.
Bento XVI tinha deixado o Vaticano, em um
helicóptero da Força Aérea Italiana, às 17h07 locais (13h07 de Brasília).
Antes de embarcar, o pontífice recebeu adeus no
Pátio de São Damásio de um grupo da Guarda Suíça e de seus colaboradores da
Secretária de Estado. Ele estava de carro, acompanhado de seu secretário, Georg
Gänswein.
Os sinos do Vaticano e de todas as basílicas de
Roma soaram durante a decolagem do helicóptero, sob aplausos de cardeais,
outros religiosos e fiéis.
Renúncia surpreendente
O pontífice alemão havia anunciado em 11 de fevereiro que, no dia 28, renunciaria ao cargo. O anúncio, inédito na história recente da Igreja Católica, foi considerado surpreendente.
Bento XVI argumentou que, por conta da idade
avançada, não tinha mais forças para liderar a Igreja Católica, após 8 anos de
um mandato que, segundo ele próprio, teve "águas agitadas", como o
escândalo do VatiLeaks e as investigaçõeso de casos de pedofilia envolvendo o
clero em vários países.
Cardeais
Na manhã desta quinta, Bento XVI prometeu "incondicional reverência e obediência" ao seu sucessor no Trono de Pedro, ao falar brevemente no seu encontro de despedida com os cardeais.
"Continuarei próximo a vocês em oração,
especialmente nos próximos dias, em que elegem o novo Papa, ao qual hoje
declaro incondicionais reverência e obediência", disse.
Bento XVI também apelou para que a Igreja
Católica permaneça unida, reiterando um apelo que fez várias vezes ao longo de
suas aparições públicas desde o dia 11.
O Papa destacou a proximidade, a solidariedade e
os conselhos que recebeu dos cardeais em seus oito anos de governo.
"Nestes anos, vivemos com fé momentos
belíssimos de luz radiante no caminho da Igreja, ao lado de momentos nos quais
as nuvens se condensavam no céu. Tentamos servir a Cristo e a sua Igreja com
amor profundo e total, que é a alma de nosso Ministério", disse.
Bento XVI afirmou ainda que o Colégio Cardinalício
deve ser "como uma orquestra, na qual a diversidade possa levar a uma
harmonia de concórdia".
"Permaneçamos unidos, queridos irmãos, nas
preces e especialmente na eucaristia. Assim servimos à Igreja e a toda à
humanidade. Esta é nossa alegria, que ninguém nos pode tirar", disse.
Bento XVI disse ainda que a Igreja não é uma
"instituição inventada por alguém, construída sobre uma mesa, mas uma
realidade viva, que vive se transformando, embora sua natureza continua sendo
sempre a mesma, já que sua natureza é Cristo".
'Gratidão'
Os cardeais, representados pelo decano do Colégio Cardinalício, Angelo Sodano, expressaram sua "gratidão" a Bento XVI por seus anos de pontificado. Sodano disse que Bento XVI foi um "exemplo".
Cerca de 144 cardeais participam do encontro, na
Sala Clementina, no Vaticano, segundo Federido Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Eles receberam Bento XVI com um aplauso de
despedida. Depois, os cardeais se despediram separadamente do pontífice,
beijando sua mão.
Alguns cardeais deram presentes ao Papa, segundo
o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Ele não detalhou quais foram os
presentes.
FONTE: G1 – O PORTAL DE
NOTÍCIAS DA GLOBO
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