Fabiano Costa Do G1, em Brasília
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (27), em votação simbólica, o
projeto que determina o fim dos 14º e 15º salários pagos todos os anos a
senadores e deputados federais.
A proposta, de autoria da senadora licenciada
Gleisi Hoffman (PT-PR), atual ministra-chefe da Casa Civil, será encaminhada
para promulgação pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros
(PMDB-AL).
"É o cumprimento cívico do dever desta Casa.
Foi um momento que passou. Essa Casa, por unanimidade, portanto, encerrou esse
episódio e virou essa página", comentou o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), ao final da votação que extinguiu a ajuda de custo.
O vencimento mensal dos congressistas, sem contar
benefícios como plano de saúde, passagens áreas e cota para gastos de gabinete
(que cobre telefone, correspondências, transporte e outros itens), é de R$
26.723,13. Somados, os dois subsídios adicionais acresciam R$ 53.446,26 aos
contracheques dos parlamentares.
A medida deve gerar uma economia anual de, pelo
menos, R$ 30,1 milhões para o parlamento, considerando-se o que foi gasto pelas
duas casas com esses benefícios em 2012. No último ano, a Câmara destinou R$
26.215.390,53 para custear os 14º e 15º salários dos deputados, enquanto que o
Senado desembolsou R$ 3.901.576,98.
No primeiro pagamento de 2012, realizado em
fevereiro, a despesa da Câmara somou R$ 13.602.073,17. Apenas quatro dos 513
parlamentares da Casa não quiseram embolsar o auxílio.
Já em dezembro, quando ocorreu a quitação da
ajuda de custo final de 2012, 41 deputados deixaram de receber,
voluntariamente, o benefício. O 15º salário do ano passado custou R$
12.613.317,36 aos cofres da Câmara.
Por fim, no início deste mês, a Casa pagou R$
12.960.718,05 para bancar o 14º salário de deputados.
Desta vez, 485
parlamentares tiveram os contracheques engrossados com o auxílio.
Com as novas regras, os 513 deputados federais e
81 senadores passarão a receber contribuições financeiras equivalentes ao valor
do vencimento mensal somente no início e no fim do mandato. As duas casas
legislativas continuarão a pagar duas ajudas de custo para auxiliar nas despesas
de transferência dos parlamentares: uma quando eles se mudam para a capital
federal e outra no momento em que retornam para suas bases eleitorais.
‘Urgência urgentíssima’
O acordo que permitiu a votação da matéria em caráter de “urgência urgentíssima” foi costurado nesta terça (26) pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em reunião com os líderes da Casa.
Todos os partidos subscreveram o pedido que
garantiu agilidade na votação do texto. Com esse carimbo, o projeto ficou dispensado
de tramitar na Comissão de Finanças e Tributação e na de Constituição e Justiça
(CCJ).
A proposta que determina o fim do salário extra
pago a deputados e senadores com a justificativa de ajudar nas despesas de
transferência para Brasília estava parada na Comissão de Finanças da Câmara
desde que o Senado a aprovou, em maio do ano passado.
O presidente da Câmara afirmou nesta terça (26)
que não está em discussão no Legislativo nenhuma medida para compensar
financeiramente a extinção da ajuda de custo aos congressistas.
“Não [há chance de a Câmara criar compensações
para o fim do 14º e do 15º]. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra
coisa”, respondeu Henrique Alves ao ser indagado sobre o tema.
Longas negociações
O texto que extinguiu a ajuda de custo dos parlamentares já havia recebido parecer favorável pela aprovação por parte do relator da Comissão de Finanças, deputado Afonso Florence (PT-BA), porém, ainda não havia sido votado na comissão.
Se tivesse de seguir o trâmite normal do
Legislativo, após o relatório de Florence ser apreciado pelos integrantes da
comissão, o projeto ainda teria de ser submetido à análise da CCJ. O rito não
tinha prazo para ser concluído.
No entanto, o aval dos líderes à necessidade de
urgência representou um atalho, levando a matéria diretamente para votação em
plenário.
Como foi aprovado pelos deputados sem sofrer
alterações, o projeto segue direto para promulgação pelo presidente do
Congresso. Não há previsão de quando o ato será concluído pelo senador Renan
Calheiros (PMDB-AL).
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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