Um pouco da
história de Elis Regina:
Elis
Regina Carvalho Costa (Porto
Alegre, 17 de março de 1945 – São Paulo, 19 de
janeiro de 1982)
foi uma intérprete brasileira.
Conhecida por sua presença de palco histriônica,[1] sua
voz e sua personalidade, Elis Regina é considerada por muitos críticos,
comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos.[2][3][4][5][6] Com
os sucessos de Falso Brilhante e Transversal do Tempo, ela inovou os
espetáculos musicais no país e era capaz de demonstrar emoções tão contrárias,
como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.
Como
muitos outros artistas do Brasil, Elis surgiu dos festivais de música na década
de 1960 e mostrava interesse em desenvolver seu talento através de
apresentações dramáticas. Seu estilo era altamente influenciado pelos cantores
do rádio, especialmente Ângela Maria,[7]
e a fez ser a grande revelação do festival da TV
Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal
feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na
era da TV.[7]
Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria
Bethânia haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência
aos rádios e televisões.[8] Seus
primeiros discos, iniciando com Viva a Brotolândia (1961), refletem o
momento em que transferiu-se do Rio
Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e
mídia. Transferindo-se para São Paulo
em 1964, onde ficaria até sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do Fino da Bossa e encontrou uma
cidade efervescente onde conseguiria realizar seus planos artísticos. Em 1967,
casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do Fino da Bossa, e ambos
tiveram João Marcelo Bôscoli.
Elis
Regina aventurou-se por muitos gêneros; da MPB, passando pela bossa nova,
o samba, o rock ao jazz. Interpretando
canções como "Madalena", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e a Equilibrista",
"Querelas do Brasil", que ainda continuam
famosas e memoráveis, registrou momentos de felicidade, amor, tristeza,
patriotismo e ditadura militar no país. Ao longo de toda sua
carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton
Nascimento, Ivan Lins, Renato
Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar
suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras
parcerias, é célebre os duetos que teve com Jair
Rodrigues, Tom Jobim, Simonal, Rita Lee, Chico
Buarque—que quase foi lançado por ela não fosse Nara Leão
ter o gravado antes—e, por fim, seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os
filhos Pedro Mariano e Maria Rita.
Mariano também ajudou-a a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens
a elas, como com "É Com Esse Que Eu Vou".
Sua
presença artística mais memorável talvez esteja registrada nos álbuns Em
Pleno Verão (1970), Elis
& Tom (1974), Falso
Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Saudade
do Brasil (1980) e Elis (1980). Ela foi a primeira pessoa a
inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil.[9] Elis
Regina morreu precocemente em 1982, com apenas 36 anos, deixando uma vasta obra
na música popular brasileira. Embora haja
controvérsias e contestações, os exames comprovaram que havia morrido por conta
de altas doses de cocaína e bebidas alcoólicas, e o fato chocou profundamente o
país na época.[10]
Biografia
Inícios
Edifício onde Elis Regina passou a infância, na Vila do IAPI em Porto Alegre.
Filha
de Romeu Costa e de Ercy Carvalho[11],
Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa de
Porto Alegre[12], na
capital do Rio Grande do Sul.[13]
Tinha um irmão, Rogério (n. 1949). Começou a carreira como cantora aos onze
anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado O Clube do Guri,
na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego. Em
Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do
IAPI, no bairro Passo d'Areia, na Zona Norte da cidade.[14]
Revelando enorme precocidade, aos dezesseis anos lançou o primeiro LP da
carreira. Sobre o começo da carreira de Elis e a disputa entre quem de fato a
lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha
de S. Paulo:[15]
Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um
vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu
cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental
que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa,
fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você
vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado.
|
— O produtor Walter Silva declarando
como a cantora foi descoberta[15]
|
Década de 1960, surge uma estrela
Em 1960 foi contratada
pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro
disco, Viva a Brotolândia. Lançou ainda mais três discos enquanto morava
no Rio Grande do Sul.[16]
Em 1964, um ano com a
agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para
participar do programa Noites de Gala; é levada por Dom
Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle
e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria
diversas parcerias, e um casamento com Bôscoli em 1967.[16]
Acompanhada agora pelo grupo Copa trio, de Dom Um, canta no Beco das
Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova,
e conhece o coreógrafo americano Lennie Dale,
que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha
com os braços.[16]
Participa
do espetáculo Fino da Bossa organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também
como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro
Paramount, atual Teatro Abril (São Paulo). Ao final do mesmo ano
(1964) conhece o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais
de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar
o programa O Fino da Bossa, ao lado de Jair
Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por
Walter Silva, ficou no ar até 1967 (TV Record,
Canal 7, SP) e originou três discos de grande sucesso: um deles, Dois na
Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias.
Seria dela agora o maior cachê do show business.[17]
Estilo musical
O
estilo musical interpretado ao longo da carreira percorria assim o "fino
da bossa nova", firmando-se como uma das maiores referências vocais deste
gênero. Aos poucos, o estilo MPB, pautado por um hibridismo ainda mais urbano e 'popularesco'
que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano,
seria mais um estilo explorado. Já no samba consagrou Tiro
ao Álvaro e Iracema (Adoniran
Barbosa), entre outros. Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia
técnica e uma afinação a toda prova. O registro vocal pode ser definido como de
uma mezzo-soprano
característico com um fundo levemente metálico e vagamente rouco.
Desde
a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival
de Música Popular Brasileira (TV Record),
até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada
pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos,
registravam índices recordes de audiência. No Festival conheceu Chico
Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a
timidez do compositor.
Elis participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses momentos
marcantes da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais
cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de
então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável
preponderância das vozes femininas, com Maria
Bethânia, Fafá de Belém, Zezé
Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis
Regina, Gal
Costa e as participações especiais das atrizes Regina
Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
A
antológica interpretação de Arrastão (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), no Festival,
escreveu um novo capítulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB e
apresentando uma Elis ousada. Uma interpretação inesquecível, encenada pouco
depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio
Berimbau de Ouro. O Troféu Roquette Pinto veio na sequência,
elegendo-a a Melhor cantora do ano.
Fã
incondicional de Angela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis
impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do
primeiro LP individual, Samba
eu canto assim (CBD, selo Philips).
Pioneira, em 1966
lançou o selo Artistas, registrando o primeiro disco independente
produzido no Brasil, intitulado Viva o Festival da Música Popular
Brasileira, gravado durante o festival. Mais uma vitoriosa participação no
III Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), a canção O
cantador (Dori Caymmi e Nelson
Motta), classificando-se para a finalíssima e reconhecida com o prêmio de Melhor
Intérprete.
Elis durante uma
gravação para a TV Educativa
Em 1968, uma viagem à Europa a lança no
eixo musical internacional, conquistando grande sucesso, principalmente no Olympia de Paris, onde se tornou
a primeira artista a se apresentar duas vezes num mesmo ano, naquela que é a
mais antiga sala de espetáculos musicais de Paris.[carece de
fontes]
Foi
Elis quem também lançou boa parte dos compositores até então desconhecidos,
como Milton Nascimento, Renato
Teixeira, Tim
Maia, Gilberto Gil, João Bosco e Aldir Blanc,
Sueli
Costa, entre outros. Um dos grandes admiradores, Milton Nascimento, a elegeu
musa inspiradora e a ela dedicou inúmeras composições.[16]
Anos de glória
Durante
os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e
domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade técnica parte do
melhor da sua geração de músicos.
Patrocinado
pela Philips na mostra Phono 73, com vários outros artistas,
deparou-se com uma plateia fria e indiferente, distância quebrada com a
calorosa apresentação de Caetano Veloso: Respeitem a maior cantora desta
terra. Em julho lançou Elis.
Em 1975, com o espetáculo Falso
Brilhante, que mais tarde originou um disco homônimo, atinge enorme
sucesso, ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações.
Lendário, tornou-se um dos mais bem sucedidos espetáculos da história da música
nacional e um marco definitivo da carreira. Ainda teve grande êxito com o
espetáculo Transversal do Tempo, em 1978, de um clima
extremamente político e tenso; o Essa Mulher em 1979, direção de Oswaldo
Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no
lançamento do disco homônimo; o Saudades do Brasil, em 1980, sucesso de
crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com
dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali
(Ballet Stagium); e finalmente o último espetáculo, Trem Azul, em 1981, direção de
Fernando Faro.
Anos de chumbo
Elis durante uma entrevista com Klaudio Kleiman (Revista Expreso
Imaginario). Buenos Aires, dezembro de 1979.
Elis
Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis Anos
de chumbo, quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica
tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava. Em
entrevista, no ano de 1969,
teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas[18] (há
ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios
militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas
sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada
pelas autoridades a cantar o Hino
Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da
esquerda brasileira.
Sempre
engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação
política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela Anistia de
exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com
excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por
interpretações consagradas de O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc),
a qual vibrava como o hino
da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a
partir de 1979. Um
deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho,
importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de
Elis Regina ter se filiado ao PT, em 1981.
Outra
questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que
Elis encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília.
Além disso, foi presidente da Assim, Associação de Intérpretes e de
Músicos.
Últimos momentos
Causando
grande comoção nacional, faleceu aos 36 anos de idade em 19 de
janeiro de 1982,[19] devido
a complicações decorrentes de uma overdose de
cocaína,
e bebida alcoólica. O laudo médico foi elaborado por
José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do IML Harry
Shibata, médico conhecido por seu envolvimento no caso do jornalista Vladimir
Herzog. Elis encontra-se sepultada no Cemitério do Morumbi em São Paulo.
Vida pessoal
Elis
Regina é mãe de João Marcelo Bôscoli (n.
1970), filho do seu primeiro casamento com o músico Ronaldo
Bôscoli (1928-1994), e de Pedro Camargo Mariano (n. 1975) e Maria Rita
(n. 1977), filhos de seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano (1943-).[13]
Acervo Elis Regina
Acervo Elis Regina
Em 22 de
setembro de 2005,
inaugurou-se na Casa de Cultura Mario Quintana, em
Porto Alegre, um espaço memorial para abrigar o Acervo Elis Regina. Trata-se de
uma coleção de fotografias, artigos, objetos, discos e outros tipos de
materiais relacionados com a vida e a obra da cantora, tendo sido doado por
fãs, jornalistas e amigos pessoais de Elis.
Referências
- ↑ Silva, Vinícius RB (2007) (PDF), O doce & o amargo do Secos & Molhados: poesia, estética e política na música popular brasileira, Niterói: Universidade Federal Fluminense, p. 63.
- ↑ Goés 2007, p. 187.
- ↑ Pugialli, 2006, p.170.
- ↑ Silva, 2002, p.193.
- ↑ Arashiro, 1995, p.39.
- ↑ O saxofonista Phil Woods declarou: "Elis Regina é a maior cantora do mundo, para mim". Visão, s.n., 1985.
- ↑ a b Silva, Vinícius R. B.. "O doce & o amargo do Secos & Molhados: poesia, estética e política na música popular brasileira". Dissertação (Mestrado em Letras) Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2007. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp103551.pdf p.62.
- ↑ Veloso, 1997, p.123.
- ↑ [1]
- ↑ Veja. "O amargo brilho do pó" (reportagem da época, 1982). Acesso:2 de março, 2011.
- ↑ Geneall.net - Elis Regina de Carvalho Costa
- ↑ Biografias: Elis Regina
- ↑ a b Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Elis Regina - Biografia. Página visitada em 11 de janeiro de 2012.
- ↑ Zero Hora - Um olhar pela Vila do IAPI - Foto 5
- ↑ a b "Descobridor" de Elis revê a sua história. Folha de São Paulo. UOL.
- ↑ a b c d John Dougan. Elis Regina (em inglês). All Media Guide. Allmusic. Página visitada em 19 de janeiro de 2013.
- ↑ Elis Regina no programa O Fino da Bossa, 1965. O Globo. Globo.
- ↑ Elis. Brasileirinho.
- ↑ Jornal do Brasil
- ↑ a b c d e f g http://veja.abril.com.br/idade/estacao/elis_regina/frases.html
Bibliografia
- KIECHALOSKI, Zeca (1984) Elis Regina. Col. Esses Gaúchos. Porto Alegre: Tchê! 101p.
- ECHEVERRIA, Regina (1985) Furacão Elis. Inclui cronologia e discografia por Maria Luiza Kfouri. Rio de Janeiro: Nórdica / Círculo do Livro. 363p. 2.ed. rev. ampl. 1994 (São Paulo: Ed. Globo); 3.ed. 2002 (São Paulo: Ed. Globo). 239p. ISBN 8525035149
- Elis Regina Por Ela Mesma. (1995) Org. Osny Arashiro. São Paulo: Martin Claret. 2.ed. rev. 2004. 229p. ISBN 8572320857.
- O Melhor de Elis Regina. (2003) Melodias cifradas com as letras de 28 músicas do repertório de Elis Regina. Ed. Irmãos Vitale. 112p. ISBN 8574070882.
- SARSANO, José Roberto. (2005) Boulevard des Capucines. Teatro Olympia, Paris 1968: Elis Regina e Bossa Jazz Trio em uma época de ouro da MPB. Ed. Árvore da Terra. 207p. ISBN 8585136294.
- GOÉS, Ludenbergue (2007), Mulher brasileira em primeiro lugar: o exemplo e as lições de vida de 130 brasileiras consagradas no exterior, Ediouro, ISBN 85-0001998-0.
- Ricardo Pugialli, Almanaque da Jovem guarda: nos embalos de uma década cheia de brasa, mora?. Ediouro Publicações, 2006. ISBN 8500020733
- Walter Silva, Vou te contar: histórias de música popular brasileira. Conex, 2002. ISBN 8588953056
- Osny Arashiro, Elis Regina por ela mesma. M. Claret, 1995.
FONTE:
WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE
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