Atriz belga
morreu aos 63 anos de um câncer de apêndice.
Ela estrelou filmes como 'Bonequinha de luxo' e 'A princesa e o plebeu'.
Da EFE
Bonequinha de luxo (Foto: Divulgação)
Custa acreditar que uma das mulheres mais adoradas
pelo público durante gerações tivesse tanto azar no amor. Audrey Hepburn,
heroína romântica na tela e cuja morte completa 20 anos hoje, teve uma vida
cheia de carências afetivas que só foi suprida como embaixadora do Unicef.
Cinco indicações ao Oscar... e cinco abortos.
Duas estatuetas... e dois casamentos fracassados. Audrey Hepburn, provavelmente
o ícone do cinema clássico mais lembrado junto com Marilyn Monroe, cativou na
audiência algo que ela sentiu saudades desde menina: o carinho e a adoração.
Musa da Givenchy na moda, de Stanley Donen, Billy
Wilder, George Cukor e Blake Edwards no cinema... mas rejeitada por Albert
Finney e Ben Gazzara na vida real. Sua beleza era mais etérea que sexy e sem a
aura do glamour de filmes como "A Princesa e o Plebeu" e
"Bonequinha de Luxo", Audrey se sentia menor.
"Acho que o sexo é supervalorizado. Não
tenho "sex appeal" e sei disso. De fato, prefiro ter um aspecto
curioso. Meus dentes são curiosos e não tenho os atributos que deveria ter uma
deusa do cinema", falava sobre si mesma.
Nos registros oficiais, dois casamentos: um com
Mel Ferrer, notavelmente maior que ela e de um físico pouco felizardo, e outro
com o aristocrata e neuropsiquiatra italiano Andrea Dotti. Com o primeiro
substituiu o verdadeiro amor pela admiração profissional. Com o segundo, pela
"dolce vita".
Usando um vestido de noiva considerado
um dos mais belos da história, Audrey Hepburn se uniu ao ator Mel Ferrer em
1954. Eles foram apresentados por Gregory Peck, que estrelou com ela no filme
'A princesa e o plebeu' (Foto: Ernst Haas/Getty Images)
Com eles teve seus dois filhos, Sean e Luca,
outra de suas obsessões, pois por esterilidade tinha descartado alguns de seus
amantes mais apaixonados, como William Holden e Robert Anderson.
Conheceu Ferrer em uma festa na casa de Gregory
Peck e ele lhe ofereceu um papel em "Ondine", uma peça na Broadway,
e, como dizem, uma coisa levou à outra.
Em 1954 já estavam se casando na Suíça em grande
estilo e Audrey tentou combinar sua emergente carreira e seu novo casamento,
até o ponto de rejeitar "Gigi" para rodar "Cinderela em
Paris" na capital francesa, onde Ferrer trabalhava com Jean Renoir em
"Elena et les Hommes".
Em pouco tempo, Ferrer foi tomado de ciúmes pelo
sucesso de sua esposa e o divórcio chegaria em 1968, pouco após seu último
êxito, "Um Clarão nas Trevas", produzido por Ferrer.
"Não posso explicar a desilusão que senti.
Sabia que era difícil estar casado com uma estrela mundial. Mel sofreu muito.
Mas, acredite, eu pus minha carreira em segundo lugar", disse a atriz na
época.
Porém, um ano mais tarde, já estava se casando
com Dotti, um dos solteiros mais cobiçados de sua época. Ela tinha 40 anos e
ele 31, invertendo os papéis de seu casamento anterior, e foi Audrey que
enlouqueceu de ciúmes ao ver os paparazzi fotografarem seu "latin
lover" com outras mulheres.
Além disso, vários abortos a levaram a um estado
de depressão, embora finalmente tenha conseguido dar à luz a seu segundo filho,
Luca. O divórcio aconteceu apenas em 1982.
Gregory Peck e Audrey Hepburn
em 'A princesa e o
plebeu' (Foto: Divulgação)
plebeu' (Foto: Divulgação)
Mas, nesse meio tempo, a atriz continuou buscando
o amor nos braços de seus companheiros de filmagem. "Chegou um momento em
que sua vida se transformou em algo triste e patético e alcançou um grau de
desespero no qual chegou a permitir que lhe tratassem mal", declarou
Donald Spoto, ao apresentar sua biografia da atriz em 2006, a respeito da
relação de Audrey com Ben Gazzara.
Gazzara lembrou assim seu romance em 1970.
"Ela era infeliz com seu casamento e eu também e nos consolamos, mas era
impossível. Ela tinha sua vida na Europa e eu em Los Angeles. A vida ficou
entre nós", declarou o ator, que também ressaltou a insegurança de Hepburn
como atriz.
Esse relacionamento seguiu o padrão de outro
ocorrido poucos anos antes, quando ainda era casada com Mel Ferrer, durante seu
romance extraconjugal mais famoso, com Albert Finney durante a filmagem de
"Um Caminho para Dois". Porém, o ator não pôde com tanta intensidade.
As carências afetivas tinham nascido já na
infância. "Nasci com uma enorme necessidade de receber afeto e uma
terrível necessidade de dá-lo", dizia a atriz.
Abandonada por seu pai e com uma mãe incapaz de
transmitir esse carinho, forjou uma insegurança que a tornou hidrofóbica e lhe
fez chorar quando viu que não tinham respeitado sua voz nas canções de "My
Fair Lady".
A delicadeza deslumbrante de Audrey Hepburn na
tela tinha um revés preocupante na vida real. E assim, marcada pela filmagem de
"Uma cruz à beira do abismo", acabou se entregando às causas
humanitárias.
"No final encontrou o sentido de sua vida em
seu trabalho com a Unicef. Mas foi praticamente por eliminação", resumiu
Donald Spoto.
Missões na Somália e El Salvador como Embaixadora
de Boa Vontade do Unicef, mas nas condições de uma voluntária a mais, lhe
garantiriam um Oscar honorífico. E assim, faleceu, sentimentalmente realizada,
finalmente, no dia 20 de janeiro de 1993 aos 63 anos.
"Tive momentos muito difíceis em minha vida.
Mas fossem quais fossem, os superei e sempre encontrei uma recompensa no
final", comentou a atriz.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário