No dia 24 de janeiro comemora-se o dia da Constituição brasileira, neste texto iremos analisar a evolução constitucional no Brasil desde a primeira Assembleia Constituinte, em 1824, até a última, no ano de 1988.
A Constituição brasileira de 1988 foi a única de caráter democrático entre as outras seis Constituições do Brasil
O Constitucionalismo tem suas origens no
pensamento europeu do século XVIII, a Revolução Francesa se constituiu como
movimento estratégico na transição dos poderes, em substituição à sociedade do Ancien
Régime (Antigo Regime), baseada na desigualdade jurídica para uma
sociedade democrática.
O Ancien Régime prevaleceu como prática
desde a Idade Média (até o século XIV) e percorreu o Absolutismo Monárquico
(XVIII). As principais características deste período se basearam nas
desigualdades sociais e econômicas, na escravidão, na ausência de leis; o Rei
mandava e desmandava, era o poder supremo e absoluto, o governo não tinha um
Estado racional.
Com o advento da Revolução Francesa no ano de
1789, iniciou uma nova etapa da história humana, uma etapa que valorizou o
pensamento iluminista e efetivou a Declaração Universal dos Direitos do Homem e
do cidadão contra o Estado de desigualdade jurídica fundado no Antigo Regime. O
principal objetivo dos revolucionários franceses era escrever uma Constituição
para a França, fato que ocorreu em 1791, e sacramentar o Antigo Regime.
No Brasil, a Constituição é comemorada no dia 24
de janeiro, a primeira Constituição brasileira surgiu no ano de 1824, após o
processo de Independência do Brasil, que ocorreu em 1822. Em 1823, o imperador
D. Pedro I nomeou os constituintes que iriam escrever nossa Carta Magna
(Constituição). A primeira Constituição brasileira de 1824 teve como principal
característica a efetivação e preponderância do poder do monarca acima dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. D. Pedro I realizou manobras
políticas para não perder espaço político e para não reduzir suas deliberações.
Ao contrário da Constituição Francesa, a Constituição brasileira delegou
maiores poderes ao Imperador e não à sociedade que carecia tanto de democracia.
Após a Proclamação da República no ano de 1889,
logo em seguida, em 1891, a segunda Constituição brasileira foi promulgada, o
principal avanço desta Constituição em relação a anterior foi que a
Constituição de 1891 acabou com qualquer possiblidade do Estado brasileiro
retornar ao Imperialismo, ou seja, ao governo imperial.
A terceira Constituição brasileira foi outorgada
no ano de 1934, pela chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Essa
Constituição teve breve duração, foi marcada por um ambiente político cercado
de crises, incertezas e ressentimentos. Logo, no ano de 1937, com a ascensão do
Estado Novo, o presidente Getúlio Vargas formulou uma nova Constituição
brasileira (1937) para legitimar a ditadura que havia implantado.
Ao final de 1945, no ano de 1946, outra
Constituição brasileira havia sido outorgada, grupos pertencentes ao Estado
Novo queriam a continuidade da ditadura, fato impossível para aquele contexto
histórico. Pois no ano de 1945 havia terminado a Segunda Guerra Mundial, o
mundo carecia de democracia para reconstruir as ruínas deixadas pela guerra,
pelas ditaduras dos Estados Totalitários.
A sexta versão da Constituição brasileira foi
escrita no ano de 1967, sob a égide da ditadura militar. Os militares
implantaram a ditadura no ano de 1964, que perdurou até 1985. A Constituição de
1967 foi reescrita sob a ótica da censura e da repressão, já em 1969 ela foi
modificada com o Ato Institucional nº 5 (asseveramento da censura e da
ditadura).
A última versão da Constituição brasileira foi
reescrita na Assembleia Constituinte de 1987.
Na década de 1980, partidos políticos, movimentos
sociais e instituições educacionais, juntamente com trabalhadores e estudantes
mobilizaram em prol da prevalência da democracia no Governo brasileiro e da
reabertura democrática; essa mobilização ficou conhecida como ‘Diretas já!’.
Após a abertura política no Brasil, em 1986 foram
escolhidos através de votação os constituintes que iriam redigir a nova
Constituição do Brasil na Assembleia Constituinte. Feito isto, no ano de 1988 a
nova Constituição brasileira já era uma realidade. A democracia brasileira
ganhava grandes avanços em termos políticos, pois a Constituição de 1988 se
tornou a primeira Constituição realizada por representantes da sociedade e não
como as anteriores, que o governo impunha as Emendas Constitucionais que lhes
convinham.
O principal avanço que a sétima Constituição
brasileira (1988) acrescentou para ampliação da democracia brasileira foi a
eleição direta para presidente, governador, prefeito, senador, deputado e
vereador, ou seja, perpetuou a escolha de nossos representantes políticos
através do voto universal. Dessa maneira, o texto marcou o processo de
redemocratização do Brasil.
Para finalizar, acreditamos que a principal
função de uma Constituição é reger o ordenamento jurídico do país através de um
conjunto de regras e normas governamentais.
Leandro Carvalho
Mestre em História.
Mestre em História.
Brasil Escola
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