terça-feira, 4 de novembro de 2014

Colégio do DF adota telefone celular para ensinar matemática

Cerca de 400 alunos usaram a câmera do celular para leitura de códigos.
Estudantes tiveram de resolver problemas de cálculo e raciocínio lógico.

Do G1 DF
Estudante usa telefone celular para ler "QR Code" (Foto: Gabriel Luiz/G1)Estudante usa telefone celular para ler "QR Code" afixado na parede do colégio (Foto: Gabriel Luiz/G1)
 
Um professor de um colégio do Riacho Fundo, no Distrito Federal, teve a ideia de ensinar matemática por meio do telefone celular. Ele resolveu utilizar o “QR Code”, um código lido pelas câmaras dos aparelhos, para aplicar problemas de cálculo e raciocínio lógico. O projeto foi testado durante a olimpíada de matemática da escola, no fim de outubro, e envolveu cerca de 400 estudantes.

Após voltar de um mestrado em educação na Argentina, o professor Cristiano Prates decidiu colocar em prática a experiência que teve com o QR Code. A direção do colégio Passionista aceitou a sugestão e decidiu aplicar a ideia numa espécie de “caça ao tesouro” pelo local.

“No primeiro momento, os alunos tiveram de elaborar um mapa do colégio. Depois espalhamos as pistas com os códigos por todo o colégio, de acordo com a série deles. Em grupos de três, eles tinham de procurar no mapa onde estariam as dez questões que precisavam resolver”, afirmou Prates, que ensina matemática há 19 anos.

Reações
A diretora do colégio, Irmã Maria de Lourdes Campanharo, deu aval para Prates e outro professor de matemática, Cleber Oliveira, baixarem um aplicativo que permite ler os códigos no celular dos estudantes. Para a responsável da escola, o evento “deixou a meninada entusiasmada”.

Alunos resolvem juntos problema de matemática (Foto: Gabriel Luiz/G1)Alunos resolvem juntos problema de matemática (Foto: Gabriel Luiz/G1)
 
“É a primeira vez que vejo isso no Brasil. Foi muito legal, vi todo mundo interessado. Houve outras olimpíadas de matemática aqui, mas nunca com tecnologia. Isso deu ânimo na escola. Ninguém entendia o tanto de aluno fotografando a parede”, disse a diretora.

A ideia surpreendeu os próprios alunos. “Eu já gostava de matemática e achei bem inovador. Todo mundo já usava o celular, mas agora foi durante a aula”, disse o estudante Pedro Souza, de 16 anos. A colega dele, Geovanna Gomes, também com 16 anos, afirmou ter saciado a curiosidade: “Sempre via aqueles codigozinhos, mas não sabia para que existiam. A gente aprendeu que tem como usar o celular de forma interativa e educacional”.

Até quem não se sente muito à vontade com a disciplina gostou da gincana. O aluno de 13 anos Pedro Silva relatou ter dificuldade com a matéria, mas disse que o evento foi “prazeroso”. “Perdi o medo de matemática. As questões que a gente teve de resolver eram sim possíveis de ser feitas.”

Muita gente reprova a tecnologia, mas se você souber usar a favor do aluno, isso muda tudo."
Irmã Maria de Lourdes Campanharo,
diretora do colégio
 
Para a estudante de 16 anos Ana Gabriela Reis, matemática é um “desafio para a maioria das pessoas”. “Quem não tem medo de matemática?”, questionou. A garota afirmou que o celular deixou o evento mais divertido. “Antes a olimpíada era uma prova muito chata. Dessa vez foi muito mais legal”, disse. “Minha mãe sempre briga quando trago o celular para a escola. Agora acho que ela vai me dar um desconto.”

Tecnologia
Segundo o professor Cristiano Prates, o Brasil está na quinta posição dentre os países com os índices mais baixos de rendimento em matemática. O objetivo dele era utilizar a tecnologia para “diminuir o ranço” pela matéria, em uma olimpíada que, ao final, só valia um ponto extra na média.

Estudantes tentam descobrir resultado de problema de raciocínio lógico (Foto: Cristiano Prates/Arquivo pessoal)Estudantes buscam resultado de problema lógico (Foto: Cristiano Prates/Arquivo pessoal)
 
Com três meses de trabalho no colégio, ele não precisou de muito para convencer a diretora em adotar o telefone celular como instrumento de ensino. Na instituição, todas as salas de aula têm projetor e cada dupla de alunos até o 6º ano, um “tablet”.

“Muita gente reprova a tecnologia, mas se você souber usar a favor do aluno, isso muda tudo. É bem melhor trazer o celular para a sala de aula do que obrigar a guardá-lo na gaveta. É preciso mais do que o lápis e caderno para motivar”, disse a diretora, Irmã Campanharo.

Para o outro professor de matemática do colégio Cleber Oliveira, a ideia de usar o celular permitiu atingir três objetivos. “Em uma única atividade, eles trabalharam o quesito de cooperação, noção espacial e raciocínio lógico-numerativo. Com isso, os alunos conseguiram lidar com as informações de várias formas apresentadas”, disse.

O G1 mostra a seguir um tipo de desafio que os estudantes tiveram de resolver. Para fazer a leitura do código, basta baixar um aplicativo que leia QR Code no celular e aproximar a câmera da tela do computador.
Tipo de desafio que os alunos tiveram de solucionar (Foto: Editoria de Arte/G1)

 
 
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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