Do Globo Rural
O Brasil pode se tornar o maior exportador
mundial de milho esse ano. Os produtores brasileiros estão colhendo uma safra
recorde e aproveitam a quebra da safra americana, mas todo esse esforço esbarra
na dificuldade do transporte.
O Brasil nunca produziu e exportou tanto milho.
Só ano passado, foram embarcadas no país quase 20 milhões de toneladas, mais do
que o dobro do exportado em 2011.
A expectativa é que, em 2013, a exportação continue com números muito bons. O Ministério da Agricultura dos Estados Unidos chegou a declarar, inclusive, que o Brasil deve tomar dos americanos o primeiro lugar no ranking dos países que mais exportam o grão, um feito inédito. O lugar era ocupado há décadas pelos Estados Unidos.
Os estoques norte-americanos ainda estão baixos por causa da forte estiagem que atingiu as principais regiões produtoras em 2012 e provocou perdas de cerca de 100 milhões de toneladas de milho. Essa queda na oferta mundial fez o preço internacional do grão disparar e abriu mercado para o milho brasileiro lá fora. Essa conquista tende a ser temporária, pois os Estados Unidos devem recuperar, já na próxima temporada, o topo nas exportações.
A expectativa é que, em 2013, a exportação continue com números muito bons. O Ministério da Agricultura dos Estados Unidos chegou a declarar, inclusive, que o Brasil deve tomar dos americanos o primeiro lugar no ranking dos países que mais exportam o grão, um feito inédito. O lugar era ocupado há décadas pelos Estados Unidos.
Os estoques norte-americanos ainda estão baixos por causa da forte estiagem que atingiu as principais regiões produtoras em 2012 e provocou perdas de cerca de 100 milhões de toneladas de milho. Essa queda na oferta mundial fez o preço internacional do grão disparar e abriu mercado para o milho brasileiro lá fora. Essa conquista tende a ser temporária, pois os Estados Unidos devem recuperar, já na próxima temporada, o topo nas exportações.
Para o analista de mercado Camilo Motter, os
produtores brasileiros aprenderam rapidamente as regras desse jogo e souberam
aproveitar o espaço deixado pelos americanos. “O Brasil pode se tornar um
grande exportador de milho também. Fica a lição de que podemos ser
competitivos, podemos exportar nossos excedentes de milho e não devemos
regredir. Tempos atrás, nossa produção de milho era basicamente colocada no
mercado interno porque não tínhamos competitividade em termos de custos, de
logística, que ainda precisamos melhorar muito, mas que hoje nós já estamos
conseguindo conquistar”, explica.
Na região de Cascavel, no oeste do Paraná, os
produtores andam investindo pesado no milho. Segundo o sindicato rural, a área
plantada na segunda safra, também chamada de safrinha, deverá ser oito vezes
maior que a da safra de verão.
O agricultor Paulo Orso, por exemplo, decidiu
investir no milho nas duas safras. O produtor tem 450 hectares e plantou 75
hectares com o milho de verão, que ele está terminando de colher, e outros 200
hectares com o chamado milho safrinha.
“Sem dúvida nenhuma, nós aproveitamos essa
oportunidade, tanto como a condição favorável de plantio neste ano. Com a
antecipação da colheita de verão, nós tivemos a felicidade de implantar essa
lavoura, em toda essa área, em tempo excelente dentro dos nossos zoneamentos e,
com isso, nos favoreceu. A grande vantagem é realmente a oportunidade de mercado
que fez a gente fazer a expansão”, diz Orso.
Os números estimados para a safrinha são mesmo de
impressionar. Segundo previsão da Conab divulgada esta semana, o Brasil deve
produzir, em 2013, 41 milhões de toneladas, quase 5% a mais do que na safra
passada, que já tinha sido considerada maior safrinha de milho da história,
tendo ultrapassado, inclusive, o volume produzido na safra de verão.
Vale lembrar que a segunda safra sempre oferece
riscos para o produtor, ainda mais nessa região, onde as geadas são sempre uma
ameaça. Gustavo Salton, agrônomo que administra outra propriedade no
município de Cascavel, diz que, além dos 80 hectares de milho de verão que
estão sendo colhidos agora, a fazenda também decidiu aumentar sua área de milho
de segunda safra de 50 para 135 hectares, apesar dos riscos.
“Eu tenho uma área um pouco pequena que está
plantando ainda. Nós estamos já em março, mas vamos tentar correr um pouco esse
risco para aproveitar esse bom momento do mercado”, afirma Salton. Se os
produtores andam tão otimistas, o mesmo não se pode dizer de quem comercializa
o grão.
As empresas que compram esse milho para exportar
aproveitam, claro, o bom momento do mercado, mas sem grandes investimentos e
com muita cautela. O temor não tem nada a ver com a produção. Uma empresa,
também de Cascavel, especializada em exportação de grãos, deve mandar para o
mercado externo este ano 25 mil toneladas de milho, cerca de 30% a mais do que
no ano anterior.
Para Jorge Barzotto, um dos sócios-diretores da
Cerealista, o que faz o exportador colocar o pé no freio são alguns dos já
velhos conhecidos problemas. “A nossa logística é uma das mais caras do mundo.
Transporte rodoviário, pedágio, a questão dos portos, são fatores extremamente
limitantes para o Brasil se consolidar como um grande player, um grande
exportador de milho no mercado mundial”, diz.
Essa preocupação se justifica. Os gastos com o
frete rodoviário e com os pedágios encarecem o custo para exportação, e ainda
há as taxas dos portos. “Temos mais ou menos em torno de R$ 24 por tonelada
para fazer a elevação do porto, em torno de R$ 11 por tonelada por pedágio e em
torno de R$ 90 por tonelada de transporte de Cascavel até Paranaguá. Diria
que dá em torno de R$ 8 a R$ 9 por saco, descontados do produtor, por custo de
logística no Brasil”, diz Barzotto.
As exportações de milho e soja mais que
triplicaram nos últimos anos. Em 2000, o Brasil exportou 18 mihões de toneladas
e, agora, em 2013, esse número deve chegar a 57 milhões.
Paulinho Dalmaz, diretor técnico do porto, explica que o volume de grãos embarcado em Paranaguá este ano deve ser 20% maior que o da safra passada, e que não há muito que fazer para evitar a lentidão no escoamento desta super safra.
“A curto prazo, é só planejamento, é dedicação, é
trabalho diário para que não se perca um minuto sequer de carregamento.
Logicamente, existe uma dissintonia entre o campo e os portos. Não dá para
dizer que é de Paranaguá, é de Santos, é de
Rio Grande. Eles ficaram muito tempo sem grandes investimentos, e os
investimentos portuários são investimentos demorados”, explica Dalmaz.
Essa semana, uma fila de dois mil caminhões se
formou na BR-364, em Alto Araguaia, Mato Grosso, onde
funciona o terminal ferroviário. Outros 1.500 caminhões já aguardavam dentro do
terminal para carregar os trens com destino ao porto de Santos, em São Paulo.
Em Santos, há mais filas. Com os terminais
operando acima da capacidade, os caminhoneiros pararam, até em fila dupla, em
plena estrada. O resultado foi congestionamento de 20 quilômetros nas
principais rodovias que dão acesso ao porto.
Para o agrônomo e especialista em agronegócio
Marcos Jank, os problemas de escoamento podem se agravar, e prevê um período de
dificuldades. “O cenário vai ser absolutamente caótico esse ano porque nós
vamos exportar quase 40% a mais por conta do grande crescimento da exportação
de milho”, diz.
“Existe realmente um grande crescimento,
principalmente na soja e no milho, que vai engargalar ainda mais a situação
desses portos, particularmente nos meses de abril a junho”, completa Jank. Em
Brasília, a Secretaria de Portos da Presidência da República acredita que não
há risco de colapso no escoamento da safra.
“Risco de desatendimento não há. O que existe é
que podemos chegar próximo ao limite de capacidade desses portos, e aí termos
um nível de serviço um pouco abaixo do que esperávamos. Pode haver formação de
filas e um custo um pouco maior, mas esta é uma situação totalmente inesperada.
A gente não esperava essa safra para esse momento. A nossa expectativa, pelo
Plano Nacional de Logística Portuária, é que chegássemos a uma safra de 15
milhões, uma exportação de 15 milhões de toneladas, em 2020 apenas”, explica
Luís Cláudio Montenegro, diretor da Secretaria dos Portos.
Nos portos, as empresas que têm terminal próprio
conseguem embarcar sem problemas, mas quem usa os corredores normais de
exportação está enfrentando fila para carregar. Os navios esperam até 20 dias
em Paranaguá e de 30 a 40 dias em Santos.
FONTE: G1 – O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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