segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Interior sofre com falta de atendimento oftalmológico

FINANÇAS. Contratação de profissionais se torna onerosa para municípios com poucos recursos

Por: SEVERINO CARVALHO - REPÓRTER
 
Maragogi – Dos 102 municípios alagoanos, só cinco contam com assistência regular em oftalmologia. Foi o que apontou o Censo Oftalmológico 2014, realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O estudo mostra que a quantidade de especialistas em saúde ocular em Alagoas é inferior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde . Os profissionais se condensam em Maceió, deixando as populações do interior do estado desassistidas.

A crise financeira que aflige os municípios agravou a situação. Em Maragogi, por exemplo, o atendimento, que acontecia duas vezes ao mês, foi suspenso desde outubro para conter gastos. Eram realizados, em média, 40 atendimentos diários. Os pacientes, agora, são direcionados ao setor de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, que faz o agendamento para consultas e procedimentos em Maceió. A espera pode durar meses.

“Antigamente a fila era no PAM Salgadinho, em Maceió. Aí, com o SIRSIS Reg – que é o sistema nacional – disseram que as filas acabaram, mas se você for juntar os pacientes de todos esses municípios que aguardam em casa por uma consulta especializada, a fila vai dobrar quarteirão”, observou a assessora de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Maragogi, Ione Maria dos Santos.

Ela conta que o oftalmologista se recusa a sair de Maceió para trabalhar no interior do estado para receber pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) que paga apenas R$ 10 por consulta. O profissional é obrigado, ainda, a levar os equipamentos utilizados para os procedimentos. “Ele vem para o município cobrando R$ 80 a consulta, quando o SUS só paga R$ 10. O município tem de cobrir o restante com recursos próprios. Era assim que vinha sendo feito em Maragogi. Trazer o profissional é muito oneroso para os municípios que recebem poucos recursos. Os médicos não estão errados, a tabela do SUS é que está desvalorizada. O Ministério da Saúde precisa rever os valores”, criticou Ione dos Santos. 




FONTE: JORNAL GAZETA DE ALAGOAS

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