Desembargadores alegaram que sertanejo guiava a mais de 130 km/h.
Pneu de BMW estourou em acidente que matou ex-parceiro de Daniel.
Na foto, a BMW que João Paulo (no detalhe) dirigia em 1997 (Foto: Reprodução / Arquivo TV Globo)
Advogado que representa a família de João Paulo (Foto: Kleber Tomaz/G1)
A Justiça de São Paulo responsabilizou nesta segunda-feira (24) a BMW e
o cantor sertanejo João Paulo, que fazia dupla com Daniel, pelo
acidente com o carro da montadora que provocou a morte dele em 1997 em
Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Por causa disso, a indenização
determinada em 1ª instância foi reduzida.
O advogado Edilberto Acácio da Silva, que defende os interesses da
viúva e da filha do artista, disse que o Tribunal de Justiça reduziu
para menos da metade o valor da indenização, que era R$ 300 mil, e da
pensão que a empresa terá de pagar à família do músico. O novo valor
ainda será calculado oficialmente. Silva irá recorrer da decisão. A
defesa da multinacional não foi localizada para comentar o assunto.
A decisão dos desembargadores Melo Bueno, Gilberto Leme e Moraes Pucci
ocorreu nesta manhã, segundo Edilberto, durante julgamento de um recurso
da BMW. A montadora não concordava com a condenação de outubro do ano
passado, quando foi obrigada a pagar indenização de R$ 300 mil e pensão à
família de João Paulo.
Em 2013, o juiz Rodrigo César Fernandes Marinho, da 4ª Vara Civel
Central, havia responsabilizado a empresa pela morte do músico,
condenando a montadora brasileira e a alemã (BMW do Brasil Ltda. e
Bayerische Motoren Werke Aktiengesellschaft (BMW AG)).
Laudo pericial havia apontado que um defeito no pneu dianteiro direito do carro dirigido pelo sertanejo, uma BMW 328 i/A, foi o causador do acidente. A decisão eximia João Paulo de culpa.
Mas, agora, segundo Edilberto, os magistrados do TJ entenderam que o
sertanejo também teve culpa no acidente, contribuindo para que ele
acontecesse. Laudo da Polícia Técnico-Científica indicou que o carro
estava a mais de 130 km/h. João Paulo morreu em 12 de setembro de 1997,
na Rodovia dos Bandeirantes, onde o limite é de 120 km/h.
“Vou entrar no STJ [Superior Tribunal de Justiça] e STF [Supremo
Tribunal Federal] com recursos especial e extraordinário para afastar a
culpa concorrente do motorista da BMW, no caso, o João Paulo”, disse o
advogado. Os desembargadores ainda discutiram a possibilidade de o
músico ter guiado o veículo sem o cinto de segurança. Os votos deles, no
entanto, só serão divulgados nesta tarde pela assessoria do TJ.
O processo contra a BMW foi movido pelo defensor de Roseni Barbosa dos
Santos Reis e Jéssica Renata dos Reis, mulher e filha do cantor morto.
As duas não foram localizadas para comentar o assunto. Elas moram em
Ribeirão Preto, interior do estado.
O caso
A morte de João Paulo ocorreu quando ele voltava para casa na madrugada do dia 12 de setembro de 1997, após um show na cidade de São Caetano, no ABC. O acidente aconteceu na altura do km 40 da Rodovia dos Bandeirantes, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O veículo capotou, invadiu o canteiro central da via e pegou fogo. O cantor morreu carbonizado.
A morte de João Paulo ocorreu quando ele voltava para casa na madrugada do dia 12 de setembro de 1997, após um show na cidade de São Caetano, no ABC. O acidente aconteceu na altura do km 40 da Rodovia dos Bandeirantes, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O veículo capotou, invadiu o canteiro central da via e pegou fogo. O cantor morreu carbonizado.
Laudos periciais apontaram que um defeito no pneu do carro causou o
acidente. Mas também indicavam que João Paulo trafegava acima do limite
permitido na rodovia, mas a “velocidade encontrava-se dentro dos limites
de dirigibilidade". A velocidade não pôde ser precisada pelo perito.
A defesa da esposa e filha alegou no processo que "o incêndio do
veículo foi causado pelo desprendimento da tampa do tanque de
combustível, ruptura deste ou contato do catalizador com a gasolina". O
defensor disse que isso ocorreu por defeito em um mecanismo.
Na ação, a BMW alegou "culpa exclusiva da vítima por imprudência e
imperícia, pois dirigia cansado, sem usar cinto de segurança e imprimia
velocidade incompatível com o local". A defesa da montadora alegou ainda
que "o pneu não estourou, não existindo defeito do produto, do projeto,
da montagem ou vício oculto".
Além da indenização por danos morais, a BMW do Brasil e sua matriz
alemã foram condenadas a pagar uma pensão mensal à filha e à esposa do
cantor de 2/3 da renda média de João Paulo em seus últimos seis meses de
vida.
Segundo o advogado Edilberto, João Paulo recebia mais de R$ 500 mil por
mês na época do acidente. Com isso, o valor total da indenização,
somados os juros, poderia chegar a R$ 400 milhões, de acordo com o
advogado. O número exato será calculado por meio das declarações
apresentadas à Receita Federal.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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