Ator morreu no sábado no Rio, aos 77 anos, por complicações no pulmão.
Corpo será cremado na segunda (6) em cerimônia fechada para a família.
Caixão de Hugo Carvana é velado com vários objetos significativos para o artista (Foto: Mariana Cardoso/G1)
O corpo Hugo Carvana, morto no
sábado (4), começou a ser velado às 9h deste domingo (5) no Parque Lage,
na Zona Sul do Rio. Familiares, amigos e fãs prestavam as últimas
homenagens. Martha Alencar, mulher do ator, se emocionou ao dizer que o marido era um homem que amava o Brasil.
"Ele era um carioca suburbano autêntico, que adorava uma discussão, um
cara que expressou a alma carioca de maneira humorística. Um companheiro
de vida e de luta.
Nesses 40 anos nossa relação foi muito mais que a relação de marido e mulher, nós éramos companheiros e amigos", completou Martha.
HUGO CARVANA
Ator morreu aos 77 anos
O caixão de Hugo Carvana foi coberto por uma bandeira do Fluminense,
uma de suas paixões, e rodeado por objetos que marcaram momentos da vida
do ator. Pedro, primogênito de Hugo, contou que o presente foi entregue
pela própria diretoria do clube e que os demais objetos que decoravam o
local, como cartazes e porta retratos, foram trazidos por ele e seus
irmãos.
"As homenagens prestadas ao meu pai foram feitas com amor e com pedaços
de momentos que ele deixou através das lentes, que ficaram refletidos
nos filmes dele", disse Pedro Carvana.
Rita Carvana, filhe de Hugo, estava vestida com a camisa do Fluminense,
uma das grandes paixões do seu pai. Segundo ela essa era mais uma forma
de homenageá-lo. "Essa camisa eu peguei no armário dele", contou. Sobre
a carreira profissional do pai, ela disse que ele era um apaixonado
pelo o que fazia.
"Meu pai sempre que lançava um filme ele já tinha outro em mente. Nós
sempre achamos que ele morreria fazendo o que amava, produzindo, atuando
ou escorrendo", disse Rita Carvana, filha de Hugo.
Segundo o ator Chico Diaz, Carvana era um grande poeta. "Ele era um
poeta exemplar e um legítimo representante do povo. Uma figura ímpar,
muito humano e que me ensinou muito do que eu sei hoje", disse o ator.
De acordo com o hospital em que Carvana estava internado desde o último
domingo (28), em Botafogo, ele teve complicações causadas por um câncer
no pulmão. O corpo será cremado na segunda-feira (6), em cerimônia
fechada para a família no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária.
Familiares, amigos e fãs prestam as últimas homenagens (Foto: Mariana Cardoso/G1)
Fãs presta homenagem a Hugo Carvana (Foto: Mariana Cardoso/G1)
O auxiliar de produção Carlos Henrique do Nascimento era fã de Carvana
há muitos anos. Ele acompanhava o velório com um cartaz em homenagem a
ator. "Cheguei aqui às 6h30, vim prestar minha homenagem a esse grande
ator. Ele vai deixar muita saudade", disse Carlos Henrique.
Ao longo da carreira, iniciada em 1955, Hugo Carvana ficou marcado por
retratar o típico "malandro carioca" em suas comédias de costumes. Foi
ator de mais de 50 filmes. Dentre as produções que dirigiu, estão "Vai
trabalhar, vagabundo" (1973), "Se segura, malandro" (1977), "Bar
Esperança, o último que fecha" (1982), "O homem nu" (1996), "Casa da mãe
Joana" (2007) e "Não se preocupe, nada vai dar certo" (2009).
"Ele não era somente um ator extraordinário, mas diretor, um
intelectual que pensava o Brasil. É uma coincidência triste: Carvana era
como José Wilker, um autor, pensava as coisas do Brasil, do cinema,
tinha interesse grande pelo estado do mundo”, disse o cineasta e grande
amigo Cacá Diegues, lembrando a morte do também ator e diretor José
Wilker, em 5 de abril passado (veja a repercussão da morte de Hugo
Carvana).
Família
Familiares de Hugo Carvana lembraram da luta do ator e cineasta desde o primeiro câncer no pulmão direito, em 1996. Na porta do hospital onde se tratava, filhos agradeceram o apoio dos amigos.
"Em nome da família a gente quer agradecer as manifestações dos amigos. O Carvana é um e diretor fundamental pra nossa cultura. O Carvana lutou o quanto pode e essa semana infelizmente ele partiu. A homenagem do Festival do Rio foi uma benção. Recuperaram o negativo do primeiro filme dele dirigido em 54. O filme vai passar amanhã [domngo] em Guadalupe. É uma bela homenagem a ele. Ele estava muito feliz com essa edição do festival", disse Júlio Carvana.
Familiares de Hugo Carvana lembraram da luta do ator e cineasta desde o primeiro câncer no pulmão direito, em 1996. Na porta do hospital onde se tratava, filhos agradeceram o apoio dos amigos.
"Em nome da família a gente quer agradecer as manifestações dos amigos. O Carvana é um e diretor fundamental pra nossa cultura. O Carvana lutou o quanto pode e essa semana infelizmente ele partiu. A homenagem do Festival do Rio foi uma benção. Recuperaram o negativo do primeiro filme dele dirigido em 54. O filme vai passar amanhã [domngo] em Guadalupe. É uma bela homenagem a ele. Ele estava muito feliz com essa edição do festival", disse Júlio Carvana.
Outra filha, Maria Clara disse que Carvana estava otimista com o
tratamento. "Ele estava lúcido, super feliz que o festival estava
fazendo essa homenagem a ele. Ele estava muito esperançoso de que ia
sobreviver. Ele lutou muito. Os últimos dias foram difíceis mas ele foi
forte e lutou muito pela vida", comentou.
Segundo ela, o primeiro câncer foi há 18 anos, no mesmo pulmão direito.
"Ele fazia exames regularmente. Ele já tinha parado de fumar cigarro.
Agora nesses últimos seis meses ele fumava charuto e a gente brigava",
disse Maria Clara. "Ele era a alegria. Meu pai levava a vida com muito
humor. Era alegre, boêmio, gostava de viver e prezava na vida os amigos,
a família", acrescentou.
Além de Júlio e Maria Clara, Hugo Carvana era pai de Cacala e Pedro e deixa viúva a jornalista Martha Alencar.
Filhos
de Carvana na sessão em homenagem ao pai no Festival do Rio, dia 27 (a
partir da esquerda): Júlio, Cacala, Rita e Pedro (Foto: Rogério Resende /
Divulgação / Festival do Rio)
Homenagem no Festival do Rio
No último sábado (27), o Festival do Rio realizou uma sessão especial de "Vai trabalhar, vagabundo", com cópia restaurada. Os quatro filhos de Hugo Carvana – todos com a jornalista e agora viúva Martha Alencar – estavam presentes: Júlio, Cacala, Rita e Pedro Carvana. Devido à saúde debilitada, o cineasta não pôde comparecer.
No último sábado (27), o Festival do Rio realizou uma sessão especial de "Vai trabalhar, vagabundo", com cópia restaurada. Os quatro filhos de Hugo Carvana – todos com a jornalista e agora viúva Martha Alencar – estavam presentes: Júlio, Cacala, Rita e Pedro Carvana. Devido à saúde debilitada, o cineasta não pôde comparecer.
"Em nome da família a gente quer agradecer às manifestações dos amigos.
O Carvana é um e diretor fundamental para nossa cultura. O Carvana
lutou o quanto pode e essa semana infelizmente ele partiu. A homenagem
do Festival do Rio foi uma benção. Recuperaram o negativo do primeiro
filme dele dirigido em 54. O filme vai passar amanhã [domingo] em
Guadalupe. É uma bela homenagem a ele. Ele estava muito feliz com essa
edição do festival", disse Julio Carvana, um dos filhos, no hospital.
Na TV Globo, atuou também em novelas como "Corpo a corpo" (1984), "Roda
de fogo" (1986), "O dono do mundo" (1991), "De corpo e alma" (1992),
"Fera ferida" (1993), "Celebridade" (2003) e "Paraíso tropical" (2007).
Um de seus papéis mais conhecidos foi o do repórter policial Valdomiro
Pena, do seriado "Plantão de polícia" (1979-1981).
Seu último trabalho como diretor foi "Casa da mãe Joana 2" (2013). Como ator, fez parte do elenco de "Giovanni Improtta" (2013), de José Wilker.
Seu último trabalho como diretor foi "Casa da mãe Joana 2" (2013). Como ator, fez parte do elenco de "Giovanni Improtta" (2013), de José Wilker.
Hugo Carvana nasceu no dia 4 de julho de 1937, filho da costureira
Alice Carvana de Castro e do comandante da Marinha Clóvis Heloy de
Hollanda. Era "um ilustre suburbano de Lins de Vasconcelos, que nunca
renegou sua origem simples", conforme destaca o perfil no site oficial. O
texto reforça que o ator e diretor ficou marcado em sua trajetória por
ter "um quê de malandragem".
Na juventude, para conseguir entrar no estádio e torcer pelo
Fluminense, costumava se disfarçar de vendedor de balas e ambulante.
"Figura obrigatória nas mesas dos bares da noite carioca, cultivou
amizade com grandes nomes da boemia e das artes – Roniquito, Ary
Barroso, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, foram alguns", diz o perfil.
"Através dessa vivência criou personagens que povoam o universo
carioca, como o malandro Dino em 'Vai trabalhar vagabundo'." A primeira
vez em que viveu esse tipo de personagem foi em "O capitão Bandeira
contra o dr. Moura Brasil" (1970), de Antônio Calmon.
Hugo
Carvana acena para foto durante o Festival de Cinema de Brasília, em 10
de julho de 1991. Diretor fez filmes como 'Vai trabalhar, vagabundo' e
'Bar Esperança' (Foto: Protásio Nene/Estadão Conteúdo)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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