Ele sofreu um AVC na noite de segunda-feira e passou por cirurgia.
Nascido na Paraíba, ele vivia no Recife desde 1942.
Em
março de 2010, Ariano Suassuna deu uma aula-espetáculo durante o
Festival de Teatro de Curitiba (Foto: Lenise Pinheiro / Folhapress)
Ariano Suassuna
Escritor morreu aos 87 anos
Morreu no Recife, nesta quarta-feira (23), o escritor, dramaturgo e
poeta paraibano Ariano Suassuna, aos 87 anos. Ele estava internado desde
a noite de segunda (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do
Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia na mesma noite
após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.
Segundo boletim médico, o escritor faleceu às 17h15. "O paciente teve
uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana".
O velório do corpo do escritor começa ainda esta noite, no Palácio do
Campo das Princesas, sede do governo estadual, que decretou luto oficial
de três dias. A partir das 23h, será aberto o acesso do público ao
local. O enterro está previsto para a tarde de quinta-feira (24), no
cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.
Internamentos
Em 2013, Ariano foi internado duas vezes. A primeira delas em 21 de agosto, quando sentiu-se mal após sofrer um infarto agudo do miocárdio de pequenas proporções, de acordo com os médicos, e ficou internado na unidade coronária, mas depois foi transferido para um apartamento no hospital. Recebeu alta após seis dias, com recomendação de repouso e nenhuma visita.
Em 2013, Ariano foi internado duas vezes. A primeira delas em 21 de agosto, quando sentiu-se mal após sofrer um infarto agudo do miocárdio de pequenas proporções, de acordo com os médicos, e ficou internado na unidade coronária, mas depois foi transferido para um apartamento no hospital. Recebeu alta após seis dias, com recomendação de repouso e nenhuma visita.
Dias depois, um aneurisma cerebral o levou de volta ao hospital. Uma
arteriografia foi feita para tratamento e ele saiu da UTI para um
apartamento do hospital, de onde recebeu alta seis dias depois da
internação, no dia 4 de setembro.
Na noite de segunda-feira (21), Ariano Suassuna deu entrada no hospital
e foi operado após o diagnóstico do AVC. A cirurgia foi para a
colocação de dois drenos, na tentativa de controlar a pressão
intracraniana. Na noite de terça, o quadro dele se agravou, devido a
"queda da pressão arterial e pressão intracraniana muito elevada",
conforme foi informado em boletim.
Na
aula-espetáculo que ministrou no Festival de Inverno de Garanhuns, na
semana passada, mais uma vez Ariano misturou causos, informações sobre
elementos da cultura popular nordestina; o grupo Arraial foi o convidado
para os números de música e dança (Foto: Costa Neto / Secretaria de
Cultura de Pernambuco)
Ativo até o fim
Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no Sertão paraibano. Mudou-se com a família para o Recife em 1942. Mesmo com os problemas na saúde, ele permanecia em plena atividade profissional. "No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra", disse ele, em dezembro de 2013, durante a retomada de suas aulas-espetáculo.
Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, e cresceu no Sertão paraibano. Mudou-se com a família para o Recife em 1942. Mesmo com os problemas na saúde, ele permanecia em plena atividade profissional. "No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra", disse ele, em dezembro de 2013, durante a retomada de suas aulas-espetáculo.
Em março deste ano, Ariano foi homenageado pelo maior bloco do mundo, o
Galo da Madrugada. Ele pediu que a decoração fosse feita nas cores do
Sport, vermelho e preto, e ficou muito contente com a homenagem. “Eu
acho o futebol uma manifestação cultural que tem muitas ligações com o
carnaval”, disse, na ocasião.
No mesmo mês, o escritor concedeu uma entrevista à TV Globo Nordeste
sobre a finalização de seu novo livro, “O jumento sedutor”. Os
manuscritos começaram a ser trabalhados há mais de trinta anos.
Na última sexta-feira, Suassuna apresentou uma aula espetáculo no
teatro Luiz Souto Dourado, em Garanhuns, durante o Festival de Inverno.
No carnaval do próximo ano, o autor paraibano deve ser homenageado pela
escola de samba Unidos de Padre Miguel, do Rio de Janeiro.
Com
montagem d'O Auto da Compadecida no Rio de Janeiro, Ariano conquistou a
crítica brasileira (Foto: Acervo pessoal / Ariano Suassuna)
Obra
A primeira peça do escritor, "Uma mulher vestida de sol", ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno em 1948. Ariano escreveu um de seus maiores clássicos, "O Auto da Compadecida", em 1955, cinco anos depois de se formar em direito. A peça foi apresentada pela primeira vez no Recife, em 1957, no Teatro de Santa Isabel, sem grande sucesso, explodindo nacionalmente apenas quando foi encenada – e ganhou o prêmio – no Festival de Estudantes do Rio de Janeiro, no Teatro Dulcina. A obra é considerada a mais famosa dele, devido às diversas adaptações. Guel Arraes levou o “Auto” à TV e ao cinema em 1999.
A primeira peça do escritor, "Uma mulher vestida de sol", ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno em 1948. Ariano escreveu um de seus maiores clássicos, "O Auto da Compadecida", em 1955, cinco anos depois de se formar em direito. A peça foi apresentada pela primeira vez no Recife, em 1957, no Teatro de Santa Isabel, sem grande sucesso, explodindo nacionalmente apenas quando foi encenada – e ganhou o prêmio – no Festival de Estudantes do Rio de Janeiro, no Teatro Dulcina. A obra é considerada a mais famosa dele, devido às diversas adaptações. Guel Arraes levou o “Auto” à TV e ao cinema em 1999.
O escritor considera que seu melhor livro é o “Romance d'A Pedra do
Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”. A obra começou a ser
produzida em 1958 e levou 12 anos para ficar pronta. Foi adaptada por
Luiz Fernando Carvalho e exibida pela Rede Globo em 2007, com o nome de
"A pedra do reino".
Na década de 70, Ariano começou a articular o Movimento Armorial, que
defendeu a criação de uma arte erudita nordestina a partir de suas
raízes populares. Ele também foi membro-fundador do Conselho Nacional de
Cultura.
Após 32 anos nas salas de aula, Suassuna se aposentou do cargo de
professor da Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. O período
também ficou marcado pelo reconhecimento nacional do escritor – Ariano
tomou posse na cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio
de Janeiro, em 1990.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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