Com um homem a menos desde o segundo
tempo, equipe centro-americana resiste à pressão grega e passa as
quartas pela primeira vez na história
A CRÔNICA
por
Lucas Fitipaldi
O maior mérito da Costa Rica foi exatamente a maior qualidade da
Grécia: saber resistir. Mesmo com um homem a menos durante toda a
prorrogação e boa parte do segundo tempo. O time de Bryan Ruiz, Joel
Campbell, Bolaños e do novo herói nacional, Navas, está na história da
Costa Rica. Independentemente do que aconteça contra a Holanda, já que
essa equipe superou a campanha de 1990, na Itália. A vitória dramática
sobre a Grécia, nos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo normal e na
prorrogação, garantiu a inédita classificação às quartas de final da
Copa do Mundo. Brilhou Navas, que defendeu a cobrança de Gekas, quarta
dos gregos, além de outras milagrosas com a bola rolando. O zagueiro
Umaña selou a vitória por 5 a 3 da marca da cal. Uma vitória que havia
escapado aos 45 minutos do segundo tempo, quando Sokratis achou o gol
grego já nos acréscimos; Ruiz abriu o placar.
A comemoração após a cobrança de Umaña foi digna de título. Mais uma.
Na mesma Arena Pernambuco, a Costa Rica voltou a surpreender o mundo ao
bater a Itália e se classificar por antecipação no grupo da morte. O
triunfo sobre o Uruguai na estreia, outro feito surpreendente, foi
também um momento com cara de conquista. Pode ser até injusto dizer. Mas
a Costa Rica já ganhou sua Copa do Mundo. No próximo sábado, na Arena
Fonte Nova, em Salvador, tentará o milagre diante dos holandeses.
Resta à Grécia também comemorar a sua melhor participação em Mundiais.
Pela primeira vez, a equipe helênica passou para as oitavas de final e,
não fosse o brilho de Navas, poderia ter ido ainda mais longe. Em 1994 e
2010, os gregos não passaram da primeira fase.
Navas é festejado pelos companheiros após vaga garantida nas quartas de final da Copa 2014 (Foto: AP)
Muralha grega leva vantagem, e placar fica zerado
O ritmo cadenciado do primeiro tempo favoreceu mais a Grécia. Apesar do
certo equilíbrio denunciado no placar de 0 a 0, o time europeu soube se
defender e, surpreendentemente, atacar melhor que a Costa Rica.
Aos 36
minutos, Salpingidis desperdiçou a única grande oportunidade da primeira
etapa. Navas desviou o chute cruzado do atacante dentro da área, após
cruzamento de Cholevas. Arrancou suspiros do público. Um momento raro em
toda a primeira etapa.
A Grécia cumpriu a cartilha. Bem postada na defesa, organizada no meio.
Na medida do possível, perigosa nos contra-ataques. Único homem à
frente da linha da bola, Samaras mostrou qualidade. O atacante do Celtic
soube bem o que fazer com a bola, mesmo quando não tinha chance de
finalizar.
Esperava-se mais da Costa Rica. Sobretudo do setor ofensivo, da dupla Bryan Ruiz e Joel Campbell. Um chute perigoso de Bolaños, fruto de uma boa trama no ataque, foi o único momento de inspiração. O ritmo do primeiro tempo acabou frustrando a torcida, que não economizou nas vaias na descida para o intervalo.
Esperava-se mais da Costa Rica. Sobretudo do setor ofensivo, da dupla Bryan Ruiz e Joel Campbell. Um chute perigoso de Bolaños, fruto de uma boa trama no ataque, foi o único momento de inspiração. O ritmo do primeiro tempo acabou frustrando a torcida, que não economizou nas vaias na descida para o intervalo.
Campbell não consegue levar vantagem sobre a defesa , de Maniatis, na primeira etapa (Foto: Reuters)
Costa Rica na frente, expulsão e, de novo, gol grego dramático
Talvez a reclamação do público tenha surtido efeito. Talvez tenha sido
só mais uma ironia do futebol. O ferrolho grego, a muralha, apenas
assistiu Bolaños rolar a bola para Bryan Ruiz na entrada da área.
Desmarcado, o atacante do PSV emendou o chute no cantinho do goleiro
Karneziz, imóvel. Pareceu um gol em câmera lenta. O segundo de Ruiz na
Copa. O segundo na Arena Pernambuco.
Óscar Duarte é expulso da partida (Foto: Reuters)
Desvantagem assimilida, o técnico Fernando Santos resolveu mexer na
Grécia. Saiu o volante Samaris para a entrada do atacante Mitroglou.
Àquela altura, buscar o ataque era a única alternativa. Ainda mais
depois que o zagueiro Duarte foi expulso. Ele já tinha amarelo e deu uma
entrada dura em Cholevas aos 20 minutos.
Com um homem a mais, a Grécia se lançou de vez à frente. Martelou até o
fim. Seguiu fiel ao princípio de nunca desistir. Acreditar sempre. Até o
último segundo. Como em um flashback, o time helênico repetiu a façanha
vista na última rodada da fase de grupos. O gol de empate saiu já nos
acréscimos. Assim como o gol da classificação no Grupo C, contra a Costa
do Marfim. Daquela vez, Samaras. Desta vez, Sokratis. Foi o zagueiro
que aproveitou o rebote do goleiro Navas, após a finalização de Gekas.
Mais um gol com espírito grego. Antes da prorrogação, Navas ainda
precisou fazer uma grande defesa numa cabeçada de Mitroglou. Quase
acontece a virada.
Sokratis desaba após o gol de empate da Grécia nos descontos do segundo tempo (Foto: Getty Images)
Grécia pressiona, e Navas segura empate na prorrogação
O primeiro tempo da prorrogação correu sem maiores emoções. A vantagem
numérica conduzia a Grécia de maneira mais incisiva ao ataque, mas as
chances não apareceram. Um ou outro lance exigiu dos goleiros. No lance
mais perigo, Navas evitou o gol contra de Umeña logo no primeiro minuto.
A segunda parte seguia o mesmo enredo. Cada vez mais tensa, obviamente.
Os costarriquenhos tentavam se multiplicar para amenizar a perda de
Duarte. Os gregos se sentiam na obrigação de aproveitar a vantagem,
antes dos pênaltis. Aos 7 minutos, um contra-ataque da equipe europeia
abriu a porta da vitória. Cinco contra dois. Era a chance. Torodisis
recebeu na área e chutou cruzado. Navas espalmou.
Um lance mais espetacular viria nos acréscimos. Mitroglou teve a
classificação nos pés, mas perdeu o gol dentro da área. Fez-se a vontade
da torcida brasileira - maioria absoluta no estádio - que comemorou o
apito final como um gol. Para ter o prazer de ver os pênaltis.
Navas é o principal responsável por garantir o empate costarriquenho na prorrogação (Foto: EFE)
Navas volta a ser decisivo nos pênaltis
As equipes mostraram competência nas cobranças de pênaltis. Pelo lado
costarriquenho, Celso Borges, Bryan Ruiz, Giancarlo González e Campbell
tratavam de sempre deixar o time centro-americano em vantagem. Nas três
primeiras cobranças gregas, Mitroglou, Christodoulopoulos e Cholevas
mantiveram a igualdade. No quarto pênalti para os europeus, Gekas bateu e
Navas voou para pegar. Bastou ao zagueiro Umaña, um dos destaques dos
Ticos no Mundial, confirmar a sua cobrança para iniciar a festa. Agora, a
surpresa da Copa 2014 tem a Holanda no caminho.
Na disputa Navas x Karnezis, melhor para costarriquenho, que pegou pênalti de Gekas (Foto: Reuters)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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