Do G1 Piracicaba e Região
Vendedora denunciou prática de bullying contra a filha (ao fundo) em escola (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
A mãe de uma garota de 12 anos que pesa 146 quilos e frequenta a Escola
Estadual Pedro de Mello, no distrito de Tupi, na zona rural de
Piracicaba (SP), reclama do tratamento dado à estudante em razão da
obesidade. Segundo a genitora, a direção sugeriu que a menina fosse
retirada do estabelecimento de ensino. "Eu me senti ofendida. Minha
filha é obesa e hipertensa, mas faz o controle com medicamentos. Isso
não justifica um pedido desses", disse a vendedora Cláudia de Almeida
Martins Rodrigues, de 42 anos. A Secretaria Estadual da Educação exigiu
um laudo médico sobre as condições de saúde da jovem, que também é
vítima de bullying praticado por alunos, de acordo com a mãe.
Laudo solicitado pela Secretaria da Educação para mãe da aluna (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Cláudia relatou que foi obrigada a assinar, no último dia 8, um termo
de responsabilidade de próprio punho para que a filha pudesse frequentar
as aulas de educação física. No dia 12, recebeu um comunicado da escola
para que providenciasse um documento médico com autorização para as
atividades esportivas, já que a menina apresentava "comportamento
ofegante, chamando a atenção por ser fora do normal".
Dias depois a mãe levou à escola um laudo assinado por um profissional
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde a garota é
acompanhada. No laudo, o médico escreveu que a "paciente não apresenta
contraindicação para atividades escolares, mas tem limitações
temporárias para atividades físicas até o controle da pressão arterial".
Foco no bem-estar
Em nota da assessoria de imprensa, a Secretaria da Educação informou
que as ações da direção tiveram como foco o bem-estar da estudante.
"Como a aluna apresentava dificuldades no desenvolvimento de atividades
físicas, a escola indicou que a mãe a encaminhasse para avaliação médica
a fim de verificar as suas condições de saúde. A escola acatou a
orientação médica, a adolescente não frequenta mais as aulas de educação
física e a equipe gestora continua a acompanhar a estudante e sua
família."
Mãe reclama que garota de 146 quilos é ofendida (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Em entrevista ao G1, a mãe da jovem obesa afirmou que a
garota é alvo constante de ofensas em razão do volume de gordura
corporal, fato que estaria prejudicando o tratamento. "Os outros alunos a
chamam de 'gorda', 'baleia' e dizem que ela não 'vai passar na porta do
ônibus', mas o que mais me incomoda é o fato de o próprio diretor da
instituição me orientar a retirá-la da escola. Sei que ela chama atenção
por ser grande, mas minha filha não é nenhum 'monstro'. É uma criança
como qualquer outra", relatou a mãe.
De acordo com a vendedora, o diretor da escola a orientou a retirar a
garota da escola quando ela foi levar o laudo médico. "Antes tinha me
reunido com o diretor e pedi para ele conversar com os alunos e fazer
uma campanha de conscientização na escola para falar que existem pessoas
magras, gordas, negras e brancas. No entanto, dias depois ela foi
novamente ofendida", disse Cláudia.
Laudo assinado pelo médico que acompanha a estudante obesa (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
A prática de bullying se agravou no início deste mês, de acordo com a
mãe. A irmã da adolescente obesa, que frequenta a mesma escola, chegou a
ser suspensa por um dia após estapear um garoto que acabara de chamá-la
de "gorda". "Foi a segunda vez que o menino ofendeu a minha irmã, por
isso não aguentei. Sei que não é o correto bater e nunca tinha feito
isso, mas também não é justo ofendê-la daquela maneira", relatou a irmã,
que tem 13 anos.
Sobre o bullying, a Secretaria da Educação informou que a escola
mantém, não apenas para este caso, ações de combate desenvolvidas com
todos os alunos e orientações sobre respeito mútuo entre colegas. A
pasta informou ainda que está prevista uma reunião com a mãe da
estudante.
Problema de saúde
Cláudia contou que a filha toma corticoides desde os 4 anos porque
sofre com bronquite. Ela relatou ainda que a menina sempre fez
acompanhamento médico por causa do peso e que a estudante está na fila
para fazer cirurgia bariátrica, porém o procedimento será autorizado
apenas quando ela completar 16 anos. "Sou de família humilde e não tenho
condições de pagar um tratamento caro para minha filha. Mensalmente
faço o acompanhamento na Unicamp, mas nos 10 meses ela engordou 23
quilos. Tento segurar a alimentação e fazer tudo direitinho, mas não tem resultado", afirmou.
De acordo com a vendedora, a garota fez inúmeros exames para descobrir
as causas da obesidade, mas até o momento não houve justificativa.
"Sempre corri atrás e pelos meus filhos faço tudo, mas não sei mais a
quem recorrer. O tratamento médico não está resolvendo e agora tem a
questão do bullying na escola para atrapalhar mais ainda", desabafou.
Bullying é praticado na Escola Estadual Pedro Mello, na zona rural de Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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