Cerimônia começou às 23h30 e vai se estender até as 13h desta sexta (14).
Enterro será no Cemitério da Consolação, também na capital paulista.
Corpo do ator Paulo Goulart é velado no Theatro
Municipal de São Paulo. (Foto: Elida Oliveira/G1)
Municipal de São Paulo. (Foto: Elida Oliveira/G1)
Emocionado, Paulo Goulart Filho falou sobre a lembrança do pai. "Fica a imagem do pai, homem, amigo e ator. Ele foi a minha referência de vida, um grande espelho", falou o ator e dançarino, que faz aniversário no dia em que o pai morreu. "Acho que ele ficou com uma pontinha de inveja, e agora vamos comemorar meu aniversário e a data do nascimento dele lá em cima", brincou.
Filha do ator, Beth Goulart destacou os valores que aprendeu com o pai. "Fica o legado da ética, da moral, ele era um gentleman, gentilíssimo com a minha mãe [Nicette Bruno], sempre teve um olhar para o próximo", falou. Ela também comentou o momento da morte de Paulo Goulart, em que a família estava toda reunida ao lado do ator. "Foi muito especial, queríamos envolvê-lo em puro amor, tínhamos uma energia muito grande de agradecimento por participar desta vida que ele nos deu", disse.
Beth Goulart e a irmã Bárbara Bruno.
(Foto: Elida Oliveira/G1)
(Foto: Elida Oliveira/G1)
Amigos
Atores e colegas de profissão compareceram ao local para se despedir de Goulart. Para o ator Juca de Oliveira, a morte de Paulo Goulart é um 'até logo'. "Ele se distinguia pela excepcionalidade. Quando chegava, a vida já ficava boa. Tínhamos períodos de distanciamento, mas a cada encontro era como se estivéssemos o tempo todo juntos. Foi um até logo. Nos encontraremos em breve", disse.
A atriz Lúcia Veríssimo chegou ao velório por volta da 1h. Ela disse que se emocionou com a declaração de Nicette Bruno, viúva de Goulart, que em entrevista ao SPTV contou que se despediu do marido de mãos dadas com ele e a família. "Vivemos um afastamento temporário e a noção disso faz com que não haja rompimentos", falou a atriz. "[Goulart] sempre foi muito simples, ele sempre disse que somos funcionários da arte, e não celebridades, sempre nos passou esta lição", contou.
Também estiveram presentes o ator Odilon Wagner, Marcos Caruso, Laura Cardoso, Ney Latorraca e o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Fãs formam fila em frente ao Theatro Municipal de São Paulo no velório do ator Paulo Goulart. (Foto: Elida Oliveira/G1)
Por volta das 22h uma fila começou a se formar no local do velório. Maria José da Silva, de 52 anos, foi a primeira a chegar. Ela foi ao local tarde da noite porque trabalha nesta sexta pela manhã e queria se despedir do ator de quem é fã. "Ele era meu vizinho, morávamos na mesma rua, sempre foi muito simpático e um ótimo ator", disse.
Já Rita Mendonça, 51, também na fila, disse que o ator é parte da cultura do país. "Paulo Goulart faz parte da nossa vida. Fez 23 novelas, 25 peças de teatro. Se despedir dele é dizer adeus a um pouco da nossa história", afirmou a mulher.
Paulo Goulart em 1994 (Foto: Marcos Mendes/
Agência Estado)
Agência Estado)
Carreira
Ao longo de sua carreira, iniciada quando ainda era adolescente, Goulart destacou-se por seus trabalhos em novelas como “Plumas e paetês” (1980), “Roda de fogo” (1986) e “O dono do mundo” (1991). Ele também participou de filmes como “Rio zona norte” (1957), “O grande momento” (1958), “Gabriela, cravo e canela” (1983) e “Para viver um grande amor” (1983). Ele nasceu em Ribeirão Preto (SP) em 9 de janeiro de 1933 – seu nome de batismo é Paulo Afonso Miessa; o Goulart ele tomou emprestado de um tio, o radialista Airton Goulart, como aponta o perfil do ator no site Memória Globo.
Seu primeiro emprego foi como DJ, operador e locutor em rádio fundada por seu pai, em Olímpia, no interior paulista. No entanto, antes de se iniciar na carreira artística, o futuro ator estudou química industrial. De acordo com ele, a ideia era ter uma alternativa de emprego. “Eu queria ter algum outro ofício, porque rádio, embora fosse uma grande coqueluche, não era encarado como uma profissão. Estavam fazendo teste para locutores na Rádio Tupi de São Paulo, e lá fui eu. Mas não passei, fiquei em segundo lugar”, disse.
Um ano depois, Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno e fez sua primeira peça. Eles se casaram em 26 de fevereiro de 1954 e tiveram três filhos, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que seguiram a carreira dos pais.
Paulo Goulart e Nicette Bruno em frente ao Teatro
Guaíra, em Curitiba, em 2008 (Foto: Valéria Gonçalvez/Agência Estado)
Guaíra, em Curitiba, em 2008 (Foto: Valéria Gonçalvez/Agência Estado)
No trabalho seguinte na emissora, esteve em história cujo tema ele considerava ousado. “Era uma temática bastante arrojada para a época: uma mulher casada que deixou o marido para viver com outro homem”, declarou. A novela era “Verão vermelho” (1970), de Dias Gomes, na qual interpretou uma das pontas de um triângulo amoroso formado ainda por Dina Staft e Jardel Filho. Ele também costumava destacar o pioneirismo da novela “Uma rosa com amor” (1972): “Foi, talvez, a primeira novela de comédia”.
Depois disso, Goulart fez novelas importantes na TV Tupi, caso de “Éramos seis” (1977), inspirada na obra homônima, escrita por Maria José Dupré (1898-1984), e “Gaivotas” (1979). No regresso à Globo, esteve em “Plumas e paetês” (1980): “Foi fantástico! Aquele guarda italianão [Gino], que falava com aquele sotaque, gostava de comida... Eu adoro! Foi um retorno maravilhoso”.
A família Goulart - Paulo Goulart Filho, Nicette Bruno, Bárbara Bruno e Beth Goulart- em 1987 (Foto: AE)
Nos anos 1990, Paulo Goulart ficou especialmente marcado por interpretar personagens de caráter duvidoso. Vieram, então, o bon vivant Altair de “O dono do mundo” (1991), em que viveu o pai do protagonista (papel de Antonio Fagundes), e o seu Donato da segunda versão de “Mulheres de areia” (1993). Goulart chegou a comentar sobre a composição deste último: “Donato era uma pessoa má por princípio, um assassino. Mas eu me agarrei numa só coisa: um grande amor, ou melhor, a paixão por uma adolescente. Então, em nome disso, ele cometia todas as atrocidades; e, quanto mais apaixonado, pior ficava. Mas isso me abastecia como intérprete”.
Outros dois vilões de Goulart foram o Farina de “Esperança” (2002) e o professor Heriberto de “Duas caras” (2007). Entre uma novela e outra, houve tempo para um tipo menos questionável: o fragilizado Mariano de “América” (2005), padrasto da protagonista (papel de Deborah Secco).
Nos anos 2000, o ator também se dedicou ao trabalho em minisséries, como “Aquarela do Brasil” (2000), “Um só coração” (2004), “JK” (2006) e “Amazônia: de Galvez a Chico Mendes” (2007). Antes, esteve em “Auto da compadecida” (1999). Suas últimas novelas foram “Ti-ti-ti” (2010) e “Morde & Assopra” (2011). Ao longo da carreira, Paulo Goulart atuou em trabalhos exibidos por outras emissoras, como “As pupilas do senhor reitor” (1995), do SBT, e “O campeão” (1996), da Bandeirantes.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário