Jan Lachner, de 25 anos, passa uma semana em cada país desde 2011.
Para completar o projeto, ele busca trabalho na área de moda na Itália.
Confeiteiro
em Liechtenstein, arqueólogo na Grécia, pescador em Malta; alguns dos
32 empregos de Jan Lachner pela Europa (Foto: Jan Lachner/Association
Euro Jobs Project)
Em um projeto iniciado logo após o fim da faculdade, o engenheiro de
aeronáutica franco-alemão Jan Lachner, de 25 anos, se lançou pela Europa
em busca de um desafio: conseguir 33 empregos diferentes de uma semana
em 33 países. Desde novembro de 2011, quando começou o Eurojobs Project
(Projeto Empregos na Europa), o jovem já conseguiu 32 trabalhos
temporários: trabalhou em um barco de pesca em Malta, em uma fazenda na
Romênia, em uma corretora de imóveis em Luxemburgo, em um aquário no
Reino Unido e em um spa na Hungria, entre outros empregos com duração de
uma semana. Ele agora tenta conseguir um emprego na Itália para
concluir a sua jornada.
Em entrevista ao G1, Jan conta que depois de um
estágio na sua área preferiu se dedicar a este projeto pessoal em vez de
se fixar na empresa que lhe deu a primeira oportunidade. "É uma
carreira muito em linha reta, às vezes até demais", diz Jan, citando
pessoas que conseguiam um emprego desses ainda jovens e, duas ou três
décadas depois, ainda estavam na mesma empresa. "Eu queria saber o que
mais estava lá fora, que outros trabalhos, com a visão de alguém de
dentro, com experiências em primeira mão, ampliar os horizontes e
conhecer sinergias diferentes."
Perto de concluir a empreitada, Jan afirma que a maior ironia até agora
é o fato de ele ter conseguido trabalho em mais de 30 países, mas ainda
não ter uma oferta de trabalho na sua área em Paris, onde mora.
Atualmente, ele vem tentando encontrar uma vaga na indústria de moda ou
de couro na Itália.
O engenheiro contou que aguarda há cerca de dois
meses por uma resposta, e ainda não decidiu se vai mudar de ideia e
buscar emprego em qualquer setor da economia italiana.
Enquanto seu último trabalho temporário não se define, Jan retornou à
sua cidade de origem, na França, onde tenta ingressar no mercado de
engenharia aeronáutica. O jovem afirma que um de seus sonhos é se tornar
piloto de avião, mas diz que ali não há vagas na profissão, e que os
cursos chegam a custar cerca de 100 mil euros (ou por volta de R$ 230
mil). Sua dúvida é escolher entre trocar de carreira e permanecer em
Paris, ou mudar de cidade, país ou continente atrás da profissão que
escolheu.
Ele não descarta nem o Brasil, onde gostaria de trabalhar em empresas
como a TAM e a Embraer, apesar de considerar difícil conseguir emprego
no país sem o domínio do português. "É sempre um comprometimento que
você tem que fazer."
'Identidade europeia'
Sem interesse em fazer fortuna com o projeto, Jan conta que foi motivado pela vontade de descobrir as características específicas de cada país europeu e os fatores que unem cada uma das nações do continente em torno da "identidade europeia".
Sem interesse em fazer fortuna com o projeto, Jan conta que foi motivado pela vontade de descobrir as características específicas de cada país europeu e os fatores que unem cada uma das nações do continente em torno da "identidade europeia".
Filho de pai e mãe que já trabalham na indústria aeronáutica, Jan disse
que sempre imaginou como seria sua vida se ele vivesse a algumas
centenas de quilômetros de casa, já que os países europeus são tão
próximos uns dos outros e, ao mesmo tempo, tão diversos.
Por questões logísticas, o projeto foi feito em partes. "É impossível,
por causa da carga de trabalho, fazer um país atrás do outro sem
qualquer intervalo. Preciso encontrar o emprego, achar acomodação, tem
muita logística, e eu fico hospedado com pessoas, não é como chegar e
sair de um hotel, é uma maneira também de descobrir um pouco mais sobre o
país", disse.
VEJA TODOS OS EMPREGOS QUE JAN LACHNER CONSEGUIU PELA EUROPA |
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Limpando um áquario de tubarões no Reino Unido
(Foto: Jan Lachner/Association Euro Jobs Project) |
1- Malta: pescador 2- Chipre: agente de turismo 3- Espanha: professor de flamenco 4- Irlanda: barman 5- Luxemburgo: corretor de imóveis 6- Suíça: luthier do chifre alpino, instrumento musical de madeira 7- Liechtenstein: padeiro 8- Eslovênia: colaborador de um festival 9- Grécia: arqueólogo 10- Bulgária: recrutador 11- Áustria: assistente de marketing |
Consertando um carro na Noruega
(Foto: Jan Lachner/Association Euro Jobs Project) |
12- República Tcheca: cervejeiro 13- Eslováquia: assistente de negócios 14- Hungria: funcionário de spa 15- Romênia: fazendeiro 16- Croácia: palestrante 17- Polônia: funcionário de hotel 18- França: assistente de um deputado europeu 19- Lituânia: joalheiro 20- Letônia: voluntário de ONG 21- Estônia: funcionário de zoológico 21- Finlândia: guarda de parque |
Preparando equipamento para fabricar cerveja na
República Tcheca (Foto: Jan Lachner/Association Euro Jobs Project) |
23- Suécia: decorador de interiores 24- Dinamarca: engenheiro de teste de turbinas eólicas 25- Holanda: funcionário de logística em floricultura 26- Islândia: assistente de fotógrafo 27- Alemanha: cuidador de idosos 28- Noruega: mecânico de automóveis 29- Mônaco: aprendiz de chef 30- Bélgica: comentarista de rádio 31- Reino Unido: funcionário de aquário 32- Portugal: funcionário da indústria de cortiça 33- Itália: a definir |
Fonte: Jan Lachner/Association Euro Jobs Project |
Salário em um terço dos empregos
Um em cada três empregadores compensou Jan financeiramente pelo trabalho. Nos demais casos, ele trabalhou de forma voluntária. "Dinheiro não era a coisa mais importante, era mais sobre a experiência do que qualquer coisa. Mesmo quando os pescadores de Malta me disseram que não tinham como pagar eu ainda queria estar naquele barco de pesca."
Um em cada três empregadores compensou Jan financeiramente pelo trabalho. Nos demais casos, ele trabalhou de forma voluntária. "Dinheiro não era a coisa mais importante, era mais sobre a experiência do que qualquer coisa. Mesmo quando os pescadores de Malta me disseram que não tinham como pagar eu ainda queria estar naquele barco de pesca."
A falta de experiência nos ramos em que trabalhou, segundo ele, foi compensada com muito esforço e entusiamo.
Além dos 27 países membros da União Europeia, ele incluiu a Islândia, a
Noruega e Liechtenstein, que não exigem visto de trabalho para cidadãos
europeus, e ainda trabalhou na Suíça, a Croácia e Mônaco.
Jan decidiu não fazer as contas de quanto gastou no projeto –além do
pouco que afirma ter na poupança no início das viagens, ele contou com a
hospedagem gratuita da comunidade virtual Couchsurfing e com doações
feitas por meio de seu site. As viagens eram feitas de avião ou ônibus e
trem, dependendo do preço, mas o jovem também se deslocou pelo
continente gratuitamente, pedindo carona nas estradas.
Empregabilidade na crise europeia
O engenheiro é rápido em explicar que seu êxito no projeto até agora não tem relação com qualquer fator da crise financeira que há anos assola boa parte do continente europeu e tem afetado os índices de desemprego em diversos países. No seu caso, ele conta que não buscava apenas vagas abertas, mas ia atrás de conseguir suas próprias vagas, de preferência seguindo algumas tradições pelas quais o país é conhecido.
O engenheiro é rápido em explicar que seu êxito no projeto até agora não tem relação com qualquer fator da crise financeira que há anos assola boa parte do continente europeu e tem afetado os índices de desemprego em diversos países. No seu caso, ele conta que não buscava apenas vagas abertas, mas ia atrás de conseguir suas próprias vagas, de preferência seguindo algumas tradições pelas quais o país é conhecido.
No caso da Grécia, Jan trabalhou como arqueólogo. Na República Tcheca,
seu emprego foi em uma cervejaria. Na Espanha, deu aulas de flamenco. Na
Dinamarca, ele cumpriu a função de engenheiro de testes de turbinas de
energia eólica.
Depois de dois anos e meio sem renda, ele agora busca a conclusão do
projeto e um cargo com o qual ele pode contribuir tanto com suas
habilidades técnicas adquiridas na faculdade quanto com seu lado
criativo e de interação social. "Mas não sei se esse emprego existe
ainda", afirmou.
A experiência, porém, não foi em vão. Jan agora negocia a possibilidade
de ser pago para escrever um livro sobre como é integrar o mercado de
trabalho de todos os países do continente europeu.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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