O rei Abdullah, da Arábia Saudita, em foto de 1988 (Rabih Moghrabi/VEJA)
O rei Abdullah, da Arábia Saudita, morreu nesta sexta-feira (pelo horário local), segundo um anúncio da Corte real lido na TV estatal. O meio-irmão de Abdullah, o príncipe Salman, nascido em 1935, passará a ocupar o trono. Ministro da Defesa desde 2012, ele governou a província de Riad nas cinco décadas anteriores. Outro meio-irmão, Muqrin, foi nomeado príncipe herdeiro.
A causa da morte não foi confirmada, mas o rei Abdullah bin Abdul Aziz al Saud, de 90 anos de idade, estava internado desde dezembro por causa de uma pneumonia. Ele governava a Arábia Saudita como rei desde 2005, mas ocupou o posto de facto durante os dez anos anteriores, depois que seu antecessor, rei Fahd, sofreu um derrame que o enfraqueceu.
Abdullah teve como foco nos últimos anos as ameaças de segurança internas e externas contra o gigante petrolífero e centro do poder político e econômico na região. Em um de seus últimos pronunciamentos, dirigido ao conselho da Shura no início deste mês, o rei enfatizou que a Arábia Saudita foi “abençoada com segurança e estabilidade” no coração de uma região volátil. A mensagem foi lida pelo herdeiro do trono, informou o Wall Street Journal.
O rei governou durante um período turbulento na região, como as revoltas de 2011, que foram abafadas internamente com um programa bilionário para garantir a estabilidade. Ele também ajudou o vizinho Bahrein e irritou-se com a inação dos Estados Unidos para evitar a queda do aliado egípcio, o ditador Hosni Mubarak. Dois anos depois, apoiou a chegada de Abdel Fatah Sisi ao poder, por meio de um golpe que derrubou Muhamad Mursi, membro da Irmandade Muçulmana.
Os desentendimentos com os Estados Unidos também envolveram a questão da Síria, uma vez que o saudita queria um apoio maior de Obama aos rebeldes que tentam derrubar o regime de Bashar Assad. E também uma posição mais enérgica em relação ao Irã, ameaça xiita à sua influência sunita no mundo árabe. Em 2008, o rei Abdullah pediu aos Estados Unidos que "cortassem a cabeça da serpente", referindo-se ao programa nuclear iraniano.
A aliança com o governo americano teve seu ponto alto no combate a Al Qaeda e ao saudita Osama bin Laden depois dos ataques de 11 de setembro. As forças de segurança sauditas enfrentaram o braço da rede terrorista em seu território e, segundo fontes sauditas e americanas, a Arábia Saudita ajudou a frustrar pelo menos dois planos de ataque contra empresas aéreas dos EUA desde 2010.
Em junho do ano passado, Abdullah uniu-se à coalizão internacional de combate ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria, embora a monarquia saudita também patrocine facções jihadistas na Síria.
FONTE: REVISTA VEJA
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