Produto esteve relacionado a problemas graves nos últimos meses.
Ele é regulamentado no Brasil, mas especialistas recomendam cautela.
Andressa Urach foi internada no fim de semana devido a problema relacionado à aplicação de hidrogel (Foto: Caio Kenji/G1)
O hidrogel, produto usado principalmente para preenchimento e aumento
de volume em regiões como o bumbum e as coxas, esteve relacionado a
problemas graves de saúde em pessoas que recorreram a esse procedimento
nos últimos meses.
Neste fim de semana, a modelo Andressa Urach foi internada
com uma infecção na coxa esquerda que teve origem em uma aplicação de
hidrogel. Ela está em estado grave, segundo o hospital. Em outubro, uma mulher morreu em Goiânia depois de passar pelo procedimento de aplicação de hidrogel no bumbum.
O G1 conversou com médicos que explicaram o que é o
hidrogel, para que serve, quais são os riscos de sua aplicação e quais
são os cuidados que os pacientes devem ter, caso queiram se submeter ao
procedimento. Veja, abaixo, perguntas e respostas sobre o produto:
O que é o hidrogel?
Trata-se de um gel que tem em sua composição 98% de água e 2% de poliamida utilizado no Brasil desde 2008, de acordo com a médica Valéria Campos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD).
Trata-se de um gel que tem em sua composição 98% de água e 2% de poliamida utilizado no Brasil desde 2008, de acordo com a médica Valéria Campos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD).
Maria José Brandão morreu após fazer aplicação de hidrogel no bumbum, em Goiânia (Foto: Aracylleny Santos/ Arquivo Pessoal)
Para que serve?
O hidrogel é usado para aumento de volume em regiões como o bumbum e as coxas. Também é usado para o preenchimento de linhas e rugas no rosto e no pescoço.
O hidrogel é usado para aumento de volume em regiões como o bumbum e as coxas. Também é usado para o preenchimento de linhas e rugas no rosto e no pescoço.
O produto é regulamentado?
A marca mais conhecida de hidrogel, chamada Aqualift, tem registro na Anvisa. Sua colocação é, portanto, um procedimento regulamentado pelas autoridades sanitárias do Brasil.
A marca mais conhecida de hidrogel, chamada Aqualift, tem registro na Anvisa. Sua colocação é, portanto, um procedimento regulamentado pelas autoridades sanitárias do Brasil.
A dermatologista Valéria Campos observa que o hidrogel não é aprovado
pelo órgão americano que regulamenta alimentos e medicamentos, o Food
and Drug Administration (FDA). “O FDA é um órgão bastante rigoroso,
portanto o fato de o hidrogel não ser aprovado por ele é um sinal de
alerta”, diz a dermatologista.
O médico Fernando de Almeida Prado, presidente da Regional São Paulo da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-SP), afirma que, embora
seja um procedimento regulamentado, não há estudos suficientes que
garantam a segurança da técnica em longo prazo, por isso é necessário
ter cautela.
Como é a colocação?
O hidrogel é injetado com uma microcânula sob a pele da área em que o paciente quer aumento de volume. Trata-se de um procedimento cirúrgico feito sob anestesia local e que deve, portanto, ser feito em um centro cirúrgico ou em um estabelecimento que tenha condições de atender possíveis emergências médicas.
O hidrogel é injetado com uma microcânula sob a pele da área em que o paciente quer aumento de volume. Trata-se de um procedimento cirúrgico feito sob anestesia local e que deve, portanto, ser feito em um centro cirúrgico ou em um estabelecimento que tenha condições de atender possíveis emergências médicas.
O profissional habilitado para fazer o procedimento é um médico, de
preferência um cirurgião plástico ou um dermatologista com treinamento
em técnicas de preenchimento do corpo.
É um procedimento permanente?
Segundo o cirurgião plástico Rogerio Ruiz, da SBCP, o hidrogel é um produto absorvível que fica no organismo por um período que vai de 1,5 a 2 anos, dependendo do local onde é injetado e das características do paciente. O previsto é que, depois desse tempo, o produto seja absorvido pelo próprio organismo e, caso o paciente queira que o volume aumentado continue, é necessário fazer uma nova aplicação.
Segundo o cirurgião plástico Rogerio Ruiz, da SBCP, o hidrogel é um produto absorvível que fica no organismo por um período que vai de 1,5 a 2 anos, dependendo do local onde é injetado e das características do paciente. O previsto é que, depois desse tempo, o produto seja absorvido pelo próprio organismo e, caso o paciente queira que o volume aumentado continue, é necessário fazer uma nova aplicação.
Quais são os riscos?
Segundo Ruiz, como o procedimento prevê o depósito de uma grande quantidade de material sob a pele, há risco de o produto ser injetado perto de um vaso e comprimi-lo. Isso pode levar a uma isquemia, ou seja, a uma interrupção do fluxo de sangue, que pode ocasionar uma necrose da pele. Também há risco de o produto comprimir um nervo importante, provocando dores fortes.
Segundo Ruiz, como o procedimento prevê o depósito de uma grande quantidade de material sob a pele, há risco de o produto ser injetado perto de um vaso e comprimi-lo. Isso pode levar a uma isquemia, ou seja, a uma interrupção do fluxo de sangue, que pode ocasionar uma necrose da pele. Também há risco de o produto comprimir um nervo importante, provocando dores fortes.
Outro risco é que o produto seja equivocadamente injetado dentro de um
vaso sanguíneo, o que pode levar a uma trombose e à necrose da pele no
local. Pode também provocar uma embolia pulmonar ou até cerebral, e
levar à morte. O paciente está sujeito ainda a ter hematomas, dores e
alergia ao produto.
Caso ocorra algum problema, o produto pode ser retirado com uma
cirurgia ou usando a técnica da lipoaspiração. Ruiz alerta, porém, que
se o produto utilizado não for o original, a retirada tende a ser muito
mais difícil porque outros produtos tendem a ser mais viscosos e
pesados.
Quais são os cuidados que o paciente deve ter?
O paciente deve procurar um profissional habilitado para fazer o procedimento. De preferência, um cirurgião plástico ou um dermatologista com experiência no uso do produto. O estabelecimento onde a aplicação será feita deve ser um centro cirúrgico ou um estabelecimento que tenha condições de atender possíveis intercorrências médicas.
O paciente deve procurar um profissional habilitado para fazer o procedimento. De preferência, um cirurgião plástico ou um dermatologista com experiência no uso do produto. O estabelecimento onde a aplicação será feita deve ser um centro cirúrgico ou um estabelecimento que tenha condições de atender possíveis intercorrências médicas.
Ruiz observa que os pacientes devem ficar atentos ao preço do
procedimento: valores muito baixos podem indicar que o material
utilizado não é original. Segundo ele, o hidrogel é um produto caro e,
para se fazer um aumento de volume razoável nos glúteos, por exemplo,
utiliza-se ao menos 300 ml de cada lado. “Isso tem um custo realmente
bastante alto. Algumas pacientes vão procurar um procedimento mais
barato e acabam tendo complicações.”
Valéria recomenda que o paciente peça para ver o frasco do produto e,
se possível, fotografe a embalagem e o código de barras para que, se
houver algum problema relacionado ao produto, ele possa recorrer ao
fabricante.
Que outros procedimentos têm o mesmo efeito?
Ruiz observa que, para pessoas que querem o efeito de aumento do volume, existem outras estratégias que podem ser consideradas e que são mais seguras do que a aplicação de hidrogel. Uma delas é o uso da gordura do próprio paciente para preenchimento. Outra é o implante de próteses de silicone.
Ruiz observa que, para pessoas que querem o efeito de aumento do volume, existem outras estratégias que podem ser consideradas e que são mais seguras do que a aplicação de hidrogel. Uma delas é o uso da gordura do próprio paciente para preenchimento. Outra é o implante de próteses de silicone.
“Cabe ao médico conversar com a paciente, tirar todas as dúvidas e,
junto com paciente, discutir qual o procedimento mais indicado. Além
disso, trabalhar com técnica precisa e com material que seja aprovado
pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa”, diz Ruiz.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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