terça-feira, 8 de abril de 2014

Locutores comentam voz de José Wilker: 'Bastava ouvi-lo para vê-lo'

'Usava a voz como ferramenta a serviço da emoção', diz Ronam Junqueira.
Ele começou na rádio aos 13 anos, mas logo abandonou para ser ator.

Letícia Mendes Do G1, em São Paulo
José Wilker morreu aos 66 anos, no Rio (Foto: Estevam Avellar / TV Globo) 
José Wilker morreu aos 66 anos, no Rio (Foto: Estevam Avellar/TV Globo)


José Wilker, que morreu no sábado aos 67 anos, atuou em quase 30 novelas e 70 filmes, mas quando criança queria era ser locutor de rádio. Fez um teste aos 13 anos, para uma emissora do Recife. Acabou conseguindo se tornar figurante de teleteatro. A locução fez parte da carreira de Wilker. Ele continuou sendo convidado para narrar produções e sua última narração é no especial sobre o Ayrton Senna, feito pelo "Esporte Espetacular".

A pedido do G1, locutores comentaram o trabalho de Wilker como locutor. Ele e Paulo Goulart (morto no mês passado) ficaram conhecidos por ir além de novelas, filmes e peças. Eles eram muito requisitados para dar voz (e credibilidade) a vídeos.

A atriz e locutora Martha Mellinger comentou o legado de Wilker como locutor. "A voz dele existe em si. Sua inteligência é registrada no tom irônico; sua risada seduz e encanta. Bastava ouvi-lo para vê-lo. Assim são os atores eternos", afirma Martha. Para ele, Wilker pode ser considerado um "mestre".

Ronam Junqueira, que foi do time de locutores da TV Globo de 1975 a 1986, recordou que Wilker foi reprovado em um teste de locução logo no início de sua carreira. "Soube disso agora, com sua morte. Mesmo que o fato tenha acontecido lá no começo, fico tentando entender os efeitos que isto deve ter desencadeado dentro dele".

Sempre apreciei o trabalho que ele desenvolvia com a voz. Dicção impecável. Entonações variadas. Emoção e isenção bem colocadas. Trabalhava a voz em diferentes timbres e ritmos. Sem dúvida, uma voz marcante. Usava a voz como ferramenta a serviço da emoção"
Ronam Junqueira, locutor
 
"Sempre apreciei o trabalho que desenvolvia com a voz. Dicção impecável. Entonações variadas. Emoção e isenção sempre bem colocadas. Trabalhava a voz em diferentes timbres e ritmos. Sem dúvida, uma voz marcante. Um profissional brilhante que usava a voz como uma eficiente ferramenta a serviço da emoção", afirma Junqueira.

Roberto D'Ugo, coordenador do curso de Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero, diz que a morte de Wilker "nos priva do contato quase cotidiano com uma das vozes mais marcantes da televisão brasileira". "Wilker tinha aquele timbre grave privilegiado, um registro de baixo-barítono que emprestava dignidade a personagens muito diversos, do heroico ao burlesco", diz. D'Ugo também afirma que Wilker sabia exagerar suas próprias qualidades naturais. "Não raro dava voz a um Don Juan ou a um adorável velhaco".










FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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