'Usava a voz como ferramenta a serviço da emoção', diz Ronam Junqueira.
Ele começou na rádio aos 13 anos, mas logo abandonou para ser ator.
José Wilker morreu aos 66 anos, no Rio (Foto: Estevam Avellar/TV Globo)
José Wilker, que morreu no sábado aos 67 anos,
atuou em quase 30 novelas e 70 filmes, mas quando criança queria era
ser locutor de rádio. Fez um teste aos 13 anos, para uma emissora do
Recife. Acabou conseguindo se tornar figurante de teleteatro. A locução
fez parte da carreira de Wilker. Ele continuou sendo convidado para
narrar produções e sua última narração é no especial sobre o Ayrton
Senna, feito pelo "Esporte Espetacular".
A pedido do G1, locutores comentaram o trabalho de
Wilker como locutor. Ele e Paulo Goulart (morto no mês passado) ficaram
conhecidos por ir além de novelas, filmes e peças. Eles eram muito
requisitados para dar voz (e credibilidade) a vídeos.
A atriz e locutora Martha Mellinger comentou o legado de Wilker como
locutor. "A voz dele existe em si. Sua inteligência é registrada no tom
irônico; sua risada seduz e encanta. Bastava ouvi-lo para vê-lo. Assim
são os atores eternos", afirma Martha. Para ele, Wilker pode ser
considerado um "mestre".
Ronam Junqueira, que foi do time de locutores da TV Globo de 1975 a
1986, recordou que Wilker foi reprovado em um teste de locução logo no
início de sua carreira. "Soube disso agora, com sua morte. Mesmo que o
fato tenha acontecido lá no começo, fico tentando entender os efeitos
que isto deve ter desencadeado dentro dele".
"Sempre apreciei o trabalho que desenvolvia com a voz. Dicção
impecável. Entonações variadas. Emoção e isenção sempre bem colocadas.
Trabalhava a voz em diferentes timbres e ritmos. Sem dúvida, uma voz
marcante. Um profissional brilhante que usava a voz como uma eficiente
ferramenta a serviço da emoção", afirma Junqueira.
Roberto D'Ugo, coordenador do curso de Rádio e TV da Faculdade Cásper
Líbero, diz que a morte de Wilker "nos priva do contato quase cotidiano
com uma das vozes mais marcantes da televisão brasileira". "Wilker tinha
aquele timbre grave privilegiado, um registro de baixo-barítono que
emprestava dignidade a personagens muito diversos, do heroico ao
burlesco", diz. D'Ugo também afirma que Wilker sabia exagerar suas
próprias qualidades naturais. "Não raro dava voz a um Don Juan ou a um
adorável velhaco".
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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