Ele enfrenta uma rotina pesada se preparando para o vestibular da UFG.
Aos 38 anos, Jonivon da Silva vai fazer o processo seletivo pela 1ª vez.
Mestre de obras, Jonivon da Silva quer mudar de
vida (Foto: Paula Resende/ G1)
vida (Foto: Paula Resende/ G1)
Natural de Riachão (MA), o mestre de obras trabalha com construção civil desde que chegou a Goiânia, há 15 anos. Ele até tentou mudar de área de atuação em busca de um emprego que “saísse mais limpinho”, mas viu que não era o queria. “Fiz curso técnico de enfermagem. Trabalhei por um tempo em laboratório, mas vi que não era minha área. Gosto é disso aqui”, reforça.
Jonivon começou como pedreiro e, em busca de crescimento, fez curso técnico de mestre de obras. “Quando terminei, o curso pensei: ‘Não vou parar por aqui’”.
Além de gostar da área, a expansão do mercado imobiliário também pesou no momento de escolher a futura profissão. “É a área do momento. A demanda é grande. Falta mão de obra. Trabalho em duas obras, mas uma está quase parada porque falta funcionário”, afirma.
Ao voltar para a sala de aula, Jonivon percebeu que ia ter de se esforçar muito para alcançar o nível da turma. “Estou muito desatualizado das coisas. Mudou muita coisa de lá para cá. A turma é jovem. No começo fiquei meio perdido no meio da garotada”, conta.
Jonivon não fica com dúvidas em sala de aula: “É a oportunidade que eu tenho de aprender. Então, se não entendo, eu pergunto. Às vezes, sei que atrapalho um pouco a aula, mas não posso ir pra casa com dúvida. Para não prejudicar tanto os outros, eu paro o professor no corredor ou então pergunto a um colega no final da aula. É um pessoal muito amigável, todos me ajudam”.
Jonivon faz cursinho durante a noite (Foto: Paula Resende/ G1)
Esforço
No cursinho das 19h às 22h, o mestre de obras chega em casa e vai estudar pelo menos até meia-noite. “Estudo muito em casa. Depois do cursinho reviso as matérias. Dedico mais ainda no final de semana, porque não trabalho”.
O esforço de Jonivon chama a atenção do professor de história e coordenador do cursinho popular, Alan de Medeiros. "Mesmo trabalhando o dia inteiro, ele é um dos alunos que menos faltou e sempre presta atenção na aula".
Para o professor, a postura do mestre de obras de perguntar para tirar dúvidas é um exempo. "Alunos mais velhos têm mais dificuldade em questionar. Eles têm vergonha. Mas os questionamentos geralmente são relevantes. Além disso, é importante para o aprendizado, pois não podem ignorar as dúvidas", afirma Alan.
A primeira fase do processo seletivo da UFG acontece no próximo domingo (10). “Estava mais ansioso. Fiquei mais tranquilo depois de fazer o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] porque nunca tinha feito nada parecido. Estou procurando controlar a ansiedade para a prova de domingo”.
Se não for aprovado neste ano, Jonivon afirma que não vai parar de estudar, pois sabe que o curso de engenharia civil é um dos mais concorridos nas universidades de todo o país. Na UFG, é a segunda graduação mais disputada. Por isso, ele estabeleceu um prazo de dois anos para estar na faculdade. “Não é fácil, mas estou trabalhando para isso e não vou desistir”.
Mesmo focado em cursar engenharia, o mestre de obras pondera que não pode atrapalhar o emprego e deixar de conviver com as três filhas. “Perco muito sono, mas não posso me prejudicar na obra. Não moro com minhas filhas, mas faço questão de ver sempre e elas ficam comigo no final de semana”, ressalta.
Jonivon concilia trabalho com estudos (Foto: Paula Resende/ G1)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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