sábado, 13 de agosto de 2016

Dois anos após morte de Campos, PSB busca alternativa para 2018

Acidente que vitimou ex-governador completa dois anos neste sábado (13).

Para integrantes da cúpula, partido precisa encontrar liderança nacional.


Em 2010, o então governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, fala à imprensa após encontro com a presidenta eleita, Dilma Rousseff, no CCBB (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil)
Desde a morte de Eduardo Campo, em 2014, o PSB não teve mais um líder nacional (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil)
Passados dois anos da morte traumática do ex-governador Eduardo Campos, o PSB ainda busca um sucessor político para seu ex-líder nacional, que era tido como esperança de o partido chegar à Presidência da República.
Sem um nome de consenso, integrantes da cúpula da legenda ouvidos pelo G1 divergem sobre a possibilidade de ter um candidato próprio na corrida pelo Palácio do Planalto em 2018.
Enquanto uma ala de dirigentes defende a candidatura própria, outra diz que ainda é "cedo" para pensar no assunto. Atualmente, o PSB – antigo e histórico aliado do PT – integra a base de apoio do governo Michel Temer, inclusive, comandando o Ministério de Minas e Energia, com o deputado licenciado Fernando Bezerra Coelho Filho (PE).
De 2003 a 2013, o PSB integrou a base aliada dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. No entanto, um ano antes da eleição de 2014, o então presidente do partido, Eduardo Campos, decidiu romper com o PT para se lançar na corrida presidencial.


Campos morreu em 13 de agosto de 2014, em meio à campanha presidencial daquele ano. Ele era um dos passageiros de um jato que caiu no litoral paulista após uma viagem do Rio de Janeiro para Santos (SP).

À época, a morte do jovem líder do PSB, que tinha apenas 49 anos, gerou comoção no país, deixando familiares, amigos e colegas de partido atônitos. Em meio ao trauma político, a ex-senadora Marina Silva – que era a candidata a vice de Eduardo Campos – assumiu a candidatura presidencial do PSB. Ela, entretanto, não conseguiu chegar ao segundo turno, tendo terminado a disputa eleitoral na terceira colocação, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).


Indagado pelo G1 sobre o cenário eleitoral de 2018, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE), vice-presidente de Relações Parlamentares do PSB, defendeu que o partido "tem que ter" uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em razão da "projeção nacional" que alcançou em 2014.

"O PSB chega em 2016 com o maior número de candidatos a prefeito de sua história, ou seja, tem todas as condições de defender um projeto próprio em 2018. A nossa candidatura em 2014 foi um momento especial do partido e fez com que o PSB conseguisse ampliar sua representação social e política no Congresso Nacional e, portanto, hoje a nossa principal aspiração é a candidatura própria em 2018", avaliou o senador ao G1.


Por outro lado, o atual presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, pondera que, na opinião dele, ainda é "cedo" para falar sobre a disputa presidencial de 2018 porque seria "questão de futurologia".



"O PSB falar agora sobre a eleição de 2018 é uma perda de tempo, porque não sabemos como será o cenário daqui para frente. Precisamos saber como vão ser, primeiro, as eleições [municipais] de outubro, até porque estamos assistindo ao desmoronamento do atual sistema político. Não podemos ficar falando sobre o que vai acontecer daqui a dois anos. Seria como a gente se comportar como um vidente", argumentou.

O PSB falar agora sobre a eleição de 2018 é uma perda de tempo"
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB
Na mesma linha de Carlos Siqueira, o secretário especial do PSB, deputado Júlio Delgado (MG), disse ao G1 que seria "prematuro" falar em candidatura própria à Presidência em 2018 porque, segundo ele, o "dinamismo da política" faz com que "muita coisa" mude ao longo do tempo.


"Eu acho prematuro analisar agora um cenário para 2018. Mesmo a eleição estando próxima, quem pensa em planejamento eleitoral sabe que o dinamismo político faz com que as coisas mudem muito em dois anos", enfatizou.



"E há, sim, na minha avaliação, o reconhecimento no PSB de que, com a morte do Eduardo, o partido perdeu a figura de uma liderança nacional. Hoje não temos um líder nacional e temos de reconhecer isso, não temos uma pessoa capaz de unir o partido em todo o país", completou.

Não há como não ter uma candidatura própria em 2018"
João Capiberibe, vice-presidente de Relações Interpartidárias do PSB
Mais próximo à ala que defende uma candidatura própria em 2018, o senador João Capiberibe (AP), vice-presidente de Relações Interpartidárias do PSB, avalia que, em razão do número de parlamentares que possui atualmente na Câmara e no Senado, "chegou a hora" de a legenda ter um nome na corrida pela Presidência.


"O PSB está no momento certo para ter seu candidato. Hoje, estamos com uma projeção nacional que nos permite ampliar a nossa participação no cenário político. Então, não há como não ter uma candidatura própria em 2018. Se não tivermos, vamos virar o PMDB, que só ganha a Presidência no tapetão. Nós, não. Queremos ganhar a Presidência da República com candidato próprio, disputando a eleição no voto", declarou Capiberibe ao G1.


João Campos tomou posse como novo chefe de Gabinete do estado (Foto: Malu Veiga / G1)João Campos tomou posse como novo chefe de Gabinete do estado (Foto: Malu Veiga / G1)
João Campos
No horizonte de alternativas do PSB para unificar o partido surge o nome de João Campos, filho homem mais velho de Eduardo Campos, que é considerado o herdeiro político do pai.

Com pouco mais de 20 anos, João passou a seguir neste ano a carreira política do pai e do bisavô Miguel Arraes, fundador do PSB que também foi governador de Pernambuco. João foi nomeado chefe de gabinete do governador pernambucano Paulo Câmara (PSB).


Parte dos integrantes da cúpula do PSB defendem que João Campos deve começar a disputar eleições a partir de 2018. Há dúvidas, entretanto, em torno do cargo que o herdeiro de Eduardo Campos deve concorrer nas urnas.

Questionado sobre se João tem condições de ser a nova liderança nacional do PSB, o presidente da sigla, Carlos Siqueira, é irônico: "Nunca se sabe essas coisas."


"A carreira política de uma pessoa depende do protagonismo que ela adota no dia a dia, não depende da vontade dos dirigentes do partido. A verdade é que temos um partido com muitas lideranças estaduais e ele [João], certamente, será uma dessas pessoas, mas, mesmo com um futuro provavelmente promissor, não se pode dizer hoje o [nível de] protagonismo nacional que ele terá", complementou o presidente do PSB.



Na avaliação de Julio Delgado, o filho de Eduardo Campos está "muito bem preparado" para a carreira política, mas não se pode dizer que ele "será o mesmo fenômeno que foi o pai".

"Primeiro, ele [João Campos] precisa se consolidar como uma liderança regional, como Eduardo fez, para, depois, pensar em como ele terá um desempenho em nível nacional no PSB", observou o parlamentar mineiro.


Pai do atual ministro de Minas e Energia, o senador Fernando Bezerra Coelho, por sua vez, diz que João Campos é "muito jeitoso" como político, mas "está começando agora" e, mesmo possível candidato em 2018 a algum cargo eletivo, "não se pode colocar agora sobre os ombros dele a responsabilidade de comandar o PSB em nível nacional".



"Eu acho o João Campos um jovem muito talentoso, mas falar sobre como será a carreira política dele é um exercício de futurologia, e sobre isso eu não posso falar. Ele é talentoso, jovem, tem um futuro enorme pela frente, mas ainda precisa percorrer caminhos naturais da vida política a atravessar barreiras que possam projetá-lo a um nível nacional no PSB", ponderou ao G1 o senador João Capiberibe.



FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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