quarta-feira, 20 de maio de 2015

Ex-radialista abre baú e revela entrevista com Vinicius de Moraes

INÉDITA. Vinicius recebeu Vanderlei Malta da Cunha com um copo de uisquinho na mão e não economizou palpite: falou sobre a meninice, a primeira namoradinha, os parceiros musicais
IPor: MARIANA FILGUEIRAS - AGÊNCIA O GLOBO
Porto Alegre, RS – Em abril de 1967, Vinicius de Moraes e Dorival Caymmi tomaram um ônibus no Rio com destino a Porto Alegre. Como os dois tinham medo de avião – “o problema do avião é que, se quebrar lá no alto, as oficinas estão todas aqui embaixo”, diria Vinicius –, a aventura era necessária para cumprir a agenda de shows. Levaram mais de um dia para chegar ao destino. 

Na ocasião, foram se apresentar no Encouraçado Butikin, famosa casa de shows da cidade. Caymmi ficou num hotel; Vinicius, na casa do amigo Rui Sommer, dono do Butikin. Foi nesse luxuoso apartamento que o radialista Vanderlei Malta da Cunha foi entrevistá-lo para o “Domingo & Arte”, da extinta Rádio Cultura AM – a íntegra do depoimento Vanderlei guardou inédita durante 48 anos no armário, só trazendo o conteúdo a público em uma série de reportagens do GLOBO.

Vinicius recebeu Vanderlei com um copo de uisquinho na mão. Não economizou palpite. Falou sobre a meninice, a primeira namoradinha, os primeiros parceiros musicais. Contou como tinha muitas ideias enquanto fazia a barba, como a versão em português que fez para Jesus, alegria dos homens, de Bach, que batizou de Rancho das flores. Também lembrou de Formosa, canção que surgiu de forma igualmente curiosa, quando tentava acertar a receita de um peru de Natal, em 1963, na cozinha do seu apartamento de Paris, quando lá vivia como diplomata. Vanderlei levantou a bola: “Era então um ‘Peru a Vinicius’?” E o poetinha matou no peito: “Não, era um peruzinho normal...”. 

No momento mais ácido, torceu o nariz para a música da época: “Geraldo Vandré, esses assim, gosto menos. Acho que ele ouve mais do que faz. Acho que ele trabalha um pouco em cima do trabalho dos outros. Não tem muita originalidade, não. Roberto Carlos faz coisas que não interessam, mas de vez em quando acerta. Gosto muito de Namoradinha de um amigo meu. É o melhor compositor de iê-iê-iê que temos”.

Radialista gaúcho Vanderlei Malta da Cunha encontrou no seu acervo entrevistas raras feitas nos bastidores do IV Festival da Música Brasileira da TV Record, em novembro de 1968. ACERVO PESSOAL





FONTE: JORNAL GAZETA DE ALAGOAS

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