Essa atitude é comparável àquela 
em que os pais, para evitar uma cena de birra, fazem todas as vontades 
da criança. Além de ser arriscado para a saúde, acaba formando 
adolescentes mimados e com dificuldade de lidar com a frustração.

De acordo com o IBGE, quase metade das crianças brasileiras (47,6%) entre 5 e 9 anos tem sobrepeso ou obesidade. Isso indica que o Brasil acompanha uma tendência mundial de aumento de peso das populações infantis.
Segundo a OMS, se a tendência se mantiver, o mundo terá 75 milhões de crianças acima do peso em 2025, o que sugere riscos para a saúde das populações atuais e futuras. Crianças obesas podem se tornar adultos com chance de desenvolver doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, câncer e outros. Como ajudar seu filho a manter uma alimentação balanceada?
Não falaremos aqui de temas que dizem respeito a especialistas de nutrição. Mas a formação de hábitos para uma alimentação saudável é diretamente ligada a aspectos educacionais que envolvem a família e a escola. Há coisas simples que podem ser incluídas no dia a dia e que podem ajudar a fazer a diferença.
Por exemplo, a mãe de uma criança me procurou com a seguinte questão: “Meu filho se recusa a comer verduras e legumes. Para que ele não fique desnutrido, acabo cedendo e liberando batata frita. Como mudar isso?”
VEJA DICAS PARA QUE SEU FILHO TENHA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
·         Defina um cardápio balanceado com antecedência, para evitar improvisos.
· Reforce os bons hábitos: em vez de doces, frutas; em vez de refrigerantes e bebidas artificiais, sucos naturais.
· Fique atento ao que seu filho come na escola.
· Inclua alimentos saudáveis na lancheira, com a orientação de um nutricionista.
· Evite que seu filho coma vendo TV ou jogando videogame.
· Não use comidas como prêmio ou punição.
·         Dê o exemplo, mantendo você também uma alimentação balanceada.
Não se deveriam trocar refeições por lanches, sobretudo pouco 
nutritivos. Vale a pena esperar a criança sentir um pouco mais de fome. 
Limites são importantes para a educação e isso inclui a hora das 
refeições. Essa postura exige dos pais muita constância e paciência, 
para não desistir na primeira dificuldade.
Lembre que os hábitos 
(como estudo, leitura, higiene, alimentação) se formam desde cedo. 
Assim, é necessário apresentar à criança a variedade de alimentos 
existentes sem ficar restrito apenas àqueles de que a criança gosta. Se 
ela recusar algum, vale esperar alguns dias e apresentá-lo de outras 
formas.
Outro exemplo: o pai de uma criança me perguntou: “Eu tento negociar: se você comer a salada, pode comer a sobremesa. Isso ajuda?”
Não sou muito favorável a esse tipo de negociação, pois 
passa a ideia de que a sobremesa é boa e, para chegar a ela, é preciso 
passar por algo ruim (a salada). Além disso, não se deve usar a comida 
como recompensa, pois a cada coisa boa que fizer, a criança pode querer 
comemorar com algo nem sempre saudável.
Pais que, por exemplo, levam seus filhos a um fast food como prêmio pelas boas notas na escola poderiam substituir essa recompensa por outras, como passeios, um programa cultural ou uma tarde de brincadeiras com amigos.
O 
papel da escola também é fundamental. Em primeiro lugar, ela precisa 
conscientizar sobre os benefícios da nutrição saudável, incluindo estes 
temas como conteúdos de sala de aula (Lei 11.947/09). Não deve oferecer 
na cantina alimentos pouco nutritivos ou nocivos à saúde. O cardápio da 
merenda deve ser elaborado por nutricionistas e compatível com a faixa 
etária da criança, respeitando a cultura e os hábitos alimentares de 
cada região.
A escola precisa, ainda, orientar os pais a esse 
respeito, para que aprendam a cuidar da rotina da alimentação dos 
filhos. Até porque a qualidade da alimentação interfere no rendimento 
escolar. Por exemplo, se a criança não tiver tomado um café da manhã 
adequado, pode ficar sonolenta, indisposta, desatenta, além de ter 
dificuldades para participar das atividades físicas.
Uma recente 
campanha de conscientização sobre a obesidade infantil tem um slogan 
perfeito: “Que tal trocar uma bola de sorvete por uma bola de futebol?” 
Evitar o sedentarismo é uma das chaves. Em vez de ficar contando 
calorias desde cedo, vale a pena trocar algumas horas de videogame por 
um esporte ou exercícios ao ar livre.
Por fim, um ponto 
importante: ao conversar com seu filho sobre tudo isso, fique atento com
 o modo como você se refere aos estereótipos de gordo / magro. Não passe
 a ideia de que ser gordo é feio, e nunca diga que é melhor emagrecer 
para evitar bullying na escola. Isso seria uma educação às avessas! 
Ensine seu filho a respeitar as pessoas do jeito que são, a ver a beleza
 em magros e gordos, a valorizar a diversidade, que é a grande riqueza 
da vida.
Reforce a ideia de adotar uma alimentação balanceada não
 em função de modas e preconceitos, mas sim pela qualidade de vida e 
pela saúde que pode representar. Dedique tempo a essa educação: hábitos 
alimentares adequados se refletem no desenvolvimento da criança e valem 
para toda a vida.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
 
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