Pole, alemão para nos boxes precocemente, mas escala pelotão e celebra quarto título com mais uma vitória. RBR também é campeã de Construtores
No dia 26 de setembro de 1993, Alain Prost terminava o GP de Portugal
em segundo e, aos 38 anos, conquistava seu quarto título mundial, algo
raro na Fórmula 1. Vinte anos depois, neste domingo 27 de outubro, um
“moleque” chamado Sebastian Vettel
reescreve a história da categoria e iguala o renomado “Professor” em
número de títulos. E tudo isso com apenas 26 anos. O alemão da RBR agora é o tetracampeão mais jovem da história, superando seu compatriota, o hepta Michael Schumacher, que levantou sua quarta taça aos 32, em 2001.
A conquista veio com três etapas de antecedência, no GP da Índia deste
domingo, válido pela 16ª etapa da temporada. E com mais uma vitória, a
terceira em três corridas no Circuito Internacional de Buddh, a décima
no ano, a sexta de forma consecutiva. Mas diferentemente das corridas
anteriores na pista indiana, quando venceu de ponta a ponta e liderou
todas as voltas, o triunfo desta vez foi de outra forma: na estratégia.
Sebastian Vettel comemora o tetracamepão da Fórmula 1 (Foto: Reuters)
A RBR apostou em chamar o alemão para os boxes logo na segunda volta,
para se livrar logo dos pneus macios, já que pelo regulamento é
obrigatório usar os dois tipos de compostos na corrida. Com pneus médios
pelo restante da prova, Vettel protagonizou uma meteórica escalada e
rapidamente voltou para as primeiras posições. E na metade da corrida, o
alemão voltou à liderança, onde ficou até a bandeirada. Nico Rosberg
(Mercedes) chegou em segundo e Romain Grosjean (Lotus), que largara em
17º, terminou em terceiro. O francês precisou segurar a pressão de um
inspirado Felipe Massa, que foi um dos destaques da prova, quase
beliscando um pódio.
E mesmo com a quebra de Mark Webber a poucas voltas do fim, quando era
segundo colocado, a RBR também assegurou o tetra do Mundial de
Construtores. Dia de festa nos boxes da equipe austríaca.
No pódio, Vettel beija a taça da vitória e celebra tetracampeonato (Foto: Reuters)
Depois de tanta concentração e de tensão com a iminência do título, era
a hora de Vettel respirar aliviado e comemorar. Faltaram palavras para o
novo tetracampeão após a bandeirada. Mas ele compensou com um
espetáculo. Primeiro, “zerinhos” na pista. Em seguida, ajoelhou-se em
frente ao carro, reverenciando a máquina que o complementa com tanta
perfeição. Depois, subiu no alambrado para sentir o calor da torcida que
acolheu com tanto carinho um piloto que reinou absoluto nas três vezes
que a categoria passou pelo país.
- Fiquei sem palavras. Cruzei e linha e estava “vazio”. Levei anos
pensando em algo para dizer, e é um daqueles momentos que você deseja
dizer tanta coisa, mas não consegue. Rocky, meu engenheiro, me chamou
para os procedimentos usuais e eu pensei: “Dessa vez não”. Havia muita
gente nas arquibancadas, tive que fazer aquilo. Eu não tinha programado
nada. Simplesmente aconteceu - disse o campeão.
Alemão comemorou fazendo 'zerinhos' na pista (Foto: AFP)
Comemorar o tetra com vitória certamente foi um sabor a mais. Porém,
Vettel poderia nem ter pontuado que, mesmo assim, levantaria a taça.
Isso graças a uma atuação irreconhecível de Fernando Alonso, único que
tinha chances de adiar o tetra do alemão. O espanhol da Ferrari quebrou o
bico logo na largada, precisou fazer uma parada a mais nos boxes e
figurou em posições intermediárias durante toda a corrida, terminando em
um 11º lugar.
Contrastando com a apagada atuação de Alonso, Felipe Massa chegou em
quarto e foi um dos grandes destaques da corrida. Largando em quinto, o
brasileiro fez uma primeira volta fantástica: engoliu Mark Webber nos
primeiros metros e depois fez uma ultrapassagem dupla sobre as Mercedes
de Rosberg e Lewis Hamilton para assumir a segunda posição. Massa ainda
sentiu o gostinho de ser líder por seis voltas após o pit stop de
Vettel. No fim, perdeu posições na estratégia de parada nos boxes, mas
quase beliscou um pódio.
A Fórmula 1 já volta no próximo fim de semana, para o GP de Abu Dhabi,
com transmissão ao vivo da TV Globo. A briga agora ficará por conta dos
vice-campeonatos. Com 322 pontos, Vettel não pode ser mais alcançado por
ninguém. Alonso segue na vice-liderança com 207, seguido por Raikkonen
(183) e Hamilton (169). No Mundial de Construtores, a RBR, com 470
pontos, também não pode mais ser ultrapassada. A disputa pelo bônus
financeiro para o segundo lugar promete ser acirrada com a Mercedes
(313) passando a frente da Ferrari (309) na classificação.
Massa faz mágica na primera volta
Vettel demorou a tracionar e precisou se defender da investida de
Hamilton, que tentava pular da terceira posição para a ponta. Webber
tocou em Raikkonen e quem levou a pior foi Alonso, que vinha atrás, e
encostou na RBR, quebrando o bico e caiu de oitavo para décimo. O grande
destaque da primeira volta foi Felipe Massa. Ultrapassou o australiano
da RBR e, em seguida, protagonizou uma espetacular ultrapassagem dupla,
sobre Hamilton e Rosberg, assumindo a segunda posição. Ainda na volta de
abertura, o alemão da Mercedes deixou o companheiro de time para trás e
subiu para terceiro.
Pit stop precoce
Na ponta, Vettel conseguiu abrir uma impressionante vantagem já na
primeira volta. Mas no giro seguinte, uma surpresa: a RBR chamou
urgentemente o alemão para fazer o pit stop tão precoce quanto sua
vitoriosa carreira. Nada grave. O piloto apenas trocou os pneus macios
pelos médios e retornou em 17º. Com isso, Massa assumiu a liderança da
corrida. Na mesma volta, Alonso também foi para os boxes, para trocar os
pneus e também consertar o bico, caindo para 20º.
Massa, Rosberg e Hamilton fizeram seus pit stops antes da décima volta,
e Webber assumiu a ponta, seguido por Pérez, Ricciardo, Grosejan e
Sutil. Nenhum deles havia visitado os boxe. Mais para trás, Vettel
estrelava uma recuperação impressionante após a parada precoce. Ganhando
posições com ultrapassagens e pit stops dos rivais, o alemão já
aparecia em quinto na décima volta. Após ultrapassar Grosjean e
Ricciardo, o prodígio da RBR subiu para a terceira colocação. Enquanto
isso, Alonso tinha dificuldades para escalar o pelotão e era apenas o
14º.
Gutiérrez queima largada
Nesse momento, Massa era o sétimo, mas herdou a sexta posição de
Esteban Gutiérrez (Sauber), que levou um drive-through por ter queimado a
largada. O mexicano retornou em 13º, logo à frente de Alonso, que fez a
ultrapassagem pouco depois e ganhou mais uma posição. Lá na frente,
Vettel também duelava com um mexicano, Pérez, e levava a melhor, subindo
para segundo, atrás apenas de Webber, que tinha uma vantagem de 12s na
liderança. Com volta mais rápida atrás de volta mais rápida, Vettel
reduzia aos poucos a diferença para Webber.
Rosberg tentou dar o bote para tomar o sexto lugar de Massa. Mas após
botar por dentro na curva 4, levou um “X” do brasileiro. Após tentar
pressionar o piloto da Ferrari, Nico desistiu e resolveu fazer seu
segundo pit stop. Webber finalmente foi para os boxes na 29ª passagem e,
com a vantagem que construiu em quase metade da corrida, retornou em
segundo. Com isso, Vettel voltou à liderança. Mas por pouco tempo. O
alemão fez sua segunda parada três giros depois, caindo novamente para
segundo. Massa e Alonso também fizeram suas paradas e retornaram,
respectivamente, em décimo e 15º. O brasileiro perdeu a posição para
Rosberg com a estratégia de paradas.
Via-crúcis de Mark Webber
Assim como Vettel fez no início da prova, Webber deu apenas duas voltas
com pneus macios e logo trocou para os médios. O australiano caiu para
terceiro, logo atrás de seu sucessor, Ricciardo, que ainda não havia
parado. O jovem da STR, enfim, foi para os boxes a 20 voltas do fim,
colocando o compatriota novamente em segundo. Mas a via-crúcis de Webber
ganhava mais um capítulo.
Novamente com problemas, dessa vez no
alternador, o australiano abandonou a corrida. Raikkonen herdou o
segundo lugar, seguido por Rosberg, Grosjean, Massa e Hamilton. Enquanto
isso, Alonso figurava em uma melancólica 14ª posição.
A quebra de Webber deixou a RBR preocupada. Com medo de o problema se
repetir com Vettel, a equipe pediu para que o alemão deligasse o KERS
(sistema de recuperação de energia cinética) e parasse até de se
hidratar, para evitar qualquer sobrecarga “desnecessária”. Apesar do
receio, Vettel seguia com imensa vantagem na ponta sobre o segundo
colocado, Rosberg: 25s.
Mais atrás, briga caseira da dupla da Lotus pela terceira posição.
Grosjean partiu para cima de Raikkonen para buscar um lugar no pódio.
Após levar o bote do francês, o “Homem de Gelo” fez jogo duro e os dois
chegaram a se tocar. Massa, o quinto, se aproveitou para colar nos dois e
ganhar a quarta posição do finlandês. Com pneus desgastados, Kimi não
conseguiu se segurar na pista e precisou fazer um pit stop extra.
Lá na frente, Vettel seguiu absoluto na ponta, levou o carro na ponta
dos dedos e comemorou o tetracampeonato. Quase trinta segundos depois,
Rosberg cruzou em segundo. Grosjean completou o pódio, seguido de perto
por Felipe Massa. Pérez, Hamilton, Raikkonen, Di Resta, Sutil e
Ricciardo completaram os dez primeiros. Alonso ainda conseguiu ganhar
algumas posições, mas terminou em 11º, fora da zona de pontuação. O
domingo era mesmo de Sebastian Vettel.
2) Nico Rosberg (ALE/Mercedes) + 29s823 (18)
3) Romain Grosjean (FRA/Lotus) + 39s892 (15)
4) Felipe Massa (BRA/Ferrari) + 41s692 (12)
5) Sergio Pérez (MEX/McLaren) + 43s829 (10)
6) Lewis Hamilton (ING/Mercedes) + 52s4 (8)
7) Kimi Raikkonen (FIN/Lotus) + 1m07s900 (6)
8) Paul Di Resta (ESC/Force India) + 1m12s800 (4)
9) Adrian Sutil (ALE/Force India) + 1m14s700 (2)
10) Daniel Ricciardo (AUS/STR) + 1m16s200 (1)
11) Fernando Alonso (ESP/Ferrari) + 1m18s200
12) Pastor Maldonado (VEN/Williams) + 1m18s900
13) Jean-Eric Vergne (FRA/STR) + 1 volta
14) Jenson Button (ING/McLaren) + 1 volta
15) Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber) + 1 volta
16) Valtteri Bottas (FIN/Williams) + 1 volta
17) Max Chilton (ING/Marussia) + 2 voltas
18) Jules Bianchi (FRA/Marussia) + 2 voltas
19) Nico Hulkenberg (ALE/Sauber) + 6 voltas
Abandonaram:
Mark Webber (AUS/RBR) - com 40 voltas
Charles Pic (FRA/Caterham) - com 36 voltas
Giedo van der Garde (HOL/Caterham) - com 2 voltas
Volta mais rápida: Kimi Raikkonen (FIN/Lotus), 1m27s679
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário