Aniversário do líder é comemorado com discrição na ilha.
Sua saúde é frágil, mas ele continua lúcido, afirmam interlocutores.
Cubano passa por cartaz com a imagem de Fidel Castro nesta segunda-feira (12) em Havana (Foto: AFP)
Nos últimos anos, o aniversário de Fidel é comemorado com discrição. Desta vez, o único evento oficial planejado era a apresentação de um coral junto ao monumento a José Martí, em Havana, na noite de segunda-feira.
Fidel, que em 2008 transferiu o poder a seu irmão caçula, Raúl, raramente é visto em público, e não se sabe ao certo que influência o governante aposentado ainda exerce. De vez em quando, ele reaparece para mostrar a seus seguidores - e também aos detratores - que continua presente.
"Ninguém mais acredita que Fidel tenha qualquer influência real sobre
as políticas do dia-a-dia", disse um diplomata estrangeiro. "Mas isso
não significa que ele nunca seja consultado sobre as grandes questões,
ou que quando ele se manifeste não seja importante."
O governo promoveu apenas três eventos midiáticos para Fidel neste ano: quando ele votou para deputado e conversou com jornalistas, em janeiro; quando foi à sessão inaugural do Parlamento, em fevereiro; e, mais recentemente, quando inaugurou uma escola perto da sua casa, nos arredores de Havana.
Além disso, a imprensa oficial eventualmente publica fotos dele conversando com dignitários visitantes, ou então artigos sobre temas contemporâneos.
O ex-guerrilheiro hoje é um ancião frágil, com dificuldades para caminhar, e sua famosa oratória se resume agora a um sussurro. Mas cubanos que tiveram contato com ele nas raras saídas de casa dizem que Fidel - oficialmente qualificado como "líder histórico da revolução" - continua lúcido e relativamente bem de saúde, depois de quase ter morrido por causa de uma doença gástrica em 2006.
"Ele estava velho, mas o mesmo Fidel de sempre, fazendo perguntas, citando estatísticas do ano passado e de antes, andando por aí, rindo e conversando com todos", disse um funcionário da Empresa Genética Pecuaria Los Naranjos, na província de Artemisa, cerca de 50 quilômetros a oeste da capital. "Sua cabeça ainda estava incrível."
O trabalhador, que pediu para não ter o nome citado, disse que em 26 de abril Fidel fez uma inesperada visita de duas horas à empresa, voltada para a melhoria da criação animal.
Em seus escritos, cada vez mais esporádicos, Fidel diz que se dedica principalmente a melhorar a produtividade agrícola do país.
"Fidel é Fidel, e ele continua experimentando com o interior", disse um agricultor na província de Camaguey, no centro do país, que também pediu para não ser identificado.
Raúl, de 82 anos, assumiu interinamente o cargo quando Fidel adoeceu, e foi efetivado meses depois. Ele atualmente promove um ambicioso plano para tornar a economia mais eficiente, substituindo o paternalismo de estilo soviético por um sistema mais aberto ao livre mercado, nos moldes da China e do Vietnã.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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